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Bem fora, mal em casa: veja motivos que ajudam a explicar a oscilação do Cruzeiro no Brasileirão

Como mandante, equipe dirigida por Paulo Bento possui o pior aproveitamento da Série A; longe do Mineirão, desempenho é o quinto melhor da competição até aqui

postado em 25/06/2016 09:30 / atualizado em 25/06/2016 10:37

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Fora de casa, números que garantiriam um lugar na parte de cima da tabela. No Mineirão, aproveitamento de rebaixado. Com campanha irregular no Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro tenta melhorar o rendimento em partidas disputadas em seu estádio. A próxima chance será neste sábado, às 19h, contra o líder Palmeiras.

Como visitante, a equipe disputou seis jogos, com três vitórias e três derrotas - aproveitamento de 50%, o quinto melhor da competição. Em casa, no entanto, a história é bem diferente. Foram duas derrotas, dois empates e nenhuma vitória até aqui - a pior campanha entre os times da Série A (16,66% de aproveitamento).

Mas como explicar a irregularidade do Cruzeiro? Com base em dados do Footstats, o Superesportes listou motivos que ajudam a entender as variações no desempenho do time no Brasileirão.

Postura da equipe

Durante as entrevistas coletivas, o técnico Paulo Bento repete com frequência que não escolhe a forma de jogar do Cruzeiro em função do mando de campo. Nas partidas fora de casa contra Santa Cruz (derrota por 4 a 1) e Atlético (vitória por 3 a 2), por exemplo, as posturas adotadas pela equipe foram bem diferentes.

Em Pernambuco, o Cruzeiro ficou com a bola a maior parte do tempo e marcou com linhas adiantadas. No Independência, Bento optou por um time mais recuado e com menos posse - e saiu vitorioso. Dessa forma, as explicações para as oscilações vão além do simples fato de jogar ou não no Mineirão.

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Apesar disso, tem sido comum o Cruzeiro adotar posturas mais ofensivas em jogos no seu estádio. A equipe teve maior posse de bola nas quatro partidas em que foi mandante. Nos empates contra Figueirense e América, o índice foi maior que 60%. Na sexta rodada, tentou encurralar o São Paulo no campo do adversário (veja o mapa de calor acima). A estratégia, no entanto, não funcionou, e a equipe saiu derrotada por 1 a 0, num jogo amplamente dominado pela equipe paulista.

Longe de seus domínios, tem alternado a forma de jogar com mais frequência. Teve mais posse contra Coritiba, Santa Cruz e Botafogo. As melhores atuações fora de casa, no entanto, ficaram marcadas por um time que "entregou" a bola para o adversário. Na vitória sobre o Atlético, teve 36,5% de posse. Na goleada por 4 a 0 sobre a Ponte Preta, teve 39%, e recuou a equipe para o seu próprio campo (veja no mapa de calor abaixo).

Reprodução/Footstats

A postura mais defensiva tem revelado uma das principais qualidades da equipe: a capacidade de desarmar. O Cruzeiro é o segundo melhor time neste fundamento, atrás apenas do Internacional.

“Tiki-taka” celeste?

Em casa, a ordem é ficar com a bola e progredir até o campo do adversário com muita movimentação. Por isso, além do alto índice de posse, o Cruzeiro é uma das equipes que mais trocam passes no Campeonato Brasileiro.

No Mineirão, o time troca, em média, 500,5 passes por jogo - uma das melhores marcas da competição. O índice de acerto nesse fundamento é de 91,5%. Por outro lado, o número de dribles é baixo. O Cruzeiro é a sexta equipe que menos arrisca esse tipo de lance na Série A.

Ficar mais tempo com a bola e tentar envolver o adversário dessa forma, no entanto, nem sempre têm dado certo. Nas melhores apresentações, a equipe teve menos posse que o adversário.

Fora de casa, a média de passes trocados cai para 345 por partida. Nos triunfos contra Botafogo, Atlético e Ponte Preta, o número é ainda menor: 260 por jogo.

Finalizações

O Cruzeiro é o quinto time que mais finaliza no campeonato, com 134 chutes a gol em dez partidas.

Em casa, empurrado pela torcida e com postura mais ofensiva, a equipe registrou 72 arremates em quatro jogos (média de 18 por partida, que é superior ao índice geral de todas as equipes do Campeonato Brasileiro). O Cruzeiro, no entanto, marcou apenas três gols no Mineirão.

Fora de seus domínios, o aproveitamento ofensivo é bem superior. Em seis partidas, foram 62 chutes - dez a menos que em casa - e nove gols marcados. Curiosamente, os jogos em que o Cruzeiro mais marcou gols (contra Atlético e Ponte Preta) são os mesmos em que ele menos finalizou.

Para resolver os problemas do ataque, a diretoria anunciou nos últimos dias dois reforços para o setor: Ramón Ábila e Rafael Sóbis.

Pressão da torcida

Além da postura da equipe, das dificuldades na finalização e das escolhas táticas de Paulo Bento, outro fator ajuda a explicar a oscilação da equipe no Campeonato Brasileiro: o emocional.

Apesar do apoio da torcida, o fato de ter saído perdendo todos os jogos disputados no Mineirão até aqui tem atrapalhado a performance do Cruzeiro no estádio. Atrás no placar, o treinador precisa fazer alterações que mexem na estrutura do time e que, por vezes, deixa-o mais vulnerável a contra-ataques.

Quando o gol de empate demora a sair, a pressão aumenta. Vaias têm sido recorrentes e chegaram até mesmo ao atacante Willian, xodó da torcida, que admitiu ter se sentido incomodado com a situação, que ocorreu durante a partida contra o São Paulo.



*Todos os dados foram coletados pelo Footstats

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