De um lado, membros do conselho tentam viabilizar o desejo de Gilvan de Pinho Tavares pela flexibilização do documento para permitir a candidatura de nomes com menos tempo de casa. A justificativa para a proposta, segundo alguns dos consultados, é a “necessidade de modernização do documento” e "dar espaço a novas lideranças". Em outro campo político, a corrente liderada pelo ex-presidente e pré-candidato à presidência Zezé Perrella luta pela manutenção do texto atual e sinaliza que há “casuísmo” em realizar substituições no documento em pleno ano eleitoral.
Para ilustrar o cenário de disputa equilibrada que se vê nos bastidores do clube, a reportagem ouviu 12 conselheiros beneméritos do Cruzeiro, cujos votos terão peso maior na assembleia (benemérito peso 6; nato peso 5; conselheiro 4; suplente 2 e associado 1, conforme o atual estatuto). Eles representam 72 votos no pleito. Todos eles já foram presidentes do clube ou de seu conselho deliberativo e têm prestígio no Barro Preto, com poder de influenciar afilhados políticos e indicar como votariam suas correntes.
Dois dos 14 conselheiros beneméritos não foram encontrados pela reportagem: Marcos Aurélio dos Reis e Djalma José Fernandes, ambos ex-presidentes do conselho deliberativo.
A opinião dos beneméritos é representativa, mas não define uma eleição no Cruzeiro. O colégio eleitoral da assembleia, que altera o estatuto, é ainda formado por 280 conselheiros natos, 220 conselheiros associados, 110 conselheiros suplentes e todos os associados dos clubes sociais (4.500, que historicamente têm comparecimento discreto).
Veja as opiniões de 12 dos 14 conselheiros beneméritos, em ordem alfabética:
ALVIMAR DE OLIVEIRA COSTA (presidente entre 2003 e 2008): em entrevista ao Superesportes, realizada em 29 de março, mostrou-se contrário à mudança do estatuto em 2017.
CÉSAR MASCI (presidente entre 1991 e 1994): em entrevista ao Superesportes, realizada em 4 de janeiro, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
DJALMA JOSE FERNANDES (ex-presidente do conselho deliberativo): de acordo com colegas de conselho deliberativo, está com saúde muito debilitada. O Superesportes não conseguiu contato.
GILVAN DE PINHO TAVARES (presidente desde 2012): em entrevista ao Superesportes, realizada em 14 de fevereiro, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
HERMÍNIO FRANCISCO LEMOS (ex-presidente do conselho deliberativo): em entrevista ao Superesportes, realizada em 14 de fevereiro, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
JOÃO CARLOS GONTIJO DE AMORIM (presidente do conselho deliberativo): em manifesto elaborado por conselheiros, declarou-se contrário à mudança do estatuto. Em contato com o Superesportes, reforçou a posição.
JOSÉ CESÁRIO ALMADA (ex-presidente do conselho deliberativo): em entrevista ao Superesportes, realizada em 24 de março, mostrou-se contrário à mudança do estatuto.
JOSÉ FRANCISCO LEMOS FILHO (presidente em 1954): em entrevista ao Superesportes, realizada em 20 de março, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
JOSÉ PERRELLA DE OLIVEIRA COSTA (presidente entre 1995 e 2002 e 2009 e 2011): em entrevista à Rádio Itatiaia, realizada em 21 de fevereiro, mostrou-se contrário a mudança do estatuto. O Superesportes buscou contato em 22 de março, mas Perrella informou que não gostaria de conceder entrevista neste momento.
JOSÉ RAMOS DE ARAÚJO (ex-presidente do conselho deliberativo): em entrevista ao Superesportes, realizada em 20 de março, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
MARCOS AURELIO DOS REIS (ex-presidente do conselho deliberativo): de acordo com colegas de Conselho Deliberativo, está com saúde muito debilitada. O Superesportes não conseguiu contato.
OBREGON GONÇALVES (ex-presidente do conselho deliberativo): em entrevista ao Superesportes, realizada em 24 de março, mostrou-se a favor da mudança do estatuto.
OSMANDO ALMEIDA (ex-presidente do conselho deliberativo): em manifesto elaborado por conselheiros, declarou-se contrário à mudança do estatuto.
WILMER SANTA LUZIA MENDES (ex-presidente do conselho deliberativo): em entrevista ao Superesportes, realizada em 20 de março, mostrou-se contrário à mudança do estatuto em 2017.