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UM MOMENTO NA HISTÓRIA

Ninguém segurava o Violino

postado em 30/10/2014 11:00 / atualizado em 09/12/2015 16:28

Eugênio Moreira /Estado de Minas

Arquivo O Cruzeiro/EM

Apontado por muitos como o maior jóquei brasileiro de todos os tempos, Luiz Rigoni quase teve a carreira interrompida ainda no início, por causa de um acidente de carro. Em 14 de outubro de 1950, o Estado de Minas dava em manchete: “Às portas da morte o maior jóquei brasileiro. Poucas esperanças de se salvar Luiz Rigoni”. Na madrugada do dia 12, no Rio de Janeiro, o carro em que ele estava derrapou na pista e se chocou com um poste. Aos 24 anos, o ídolo estava internado no Hospital dos Acidentados em estado grave, com a base do crânio fraturada.

“Rigoni tinha diante de si um futuro promissor, não só pela pujança de sua mocidade estuante, como por suas qualidades singulares de manejador das rédeas”, afirmava o texto. No entanto, ele conseguiu se recuperar e prosseguiu com a brilhante carreira. Sempre se lembrava do médico Mário Jorge de Carvalho, responsável por seu retorno às pistas depois de quase dois anos de afastamento.

O jóquei começou a carreira em Curitiba, sua cidade natal, e aos 17 anos se mudou para o Rio. Rigoni foi três vezes campeão do GP Brasil: com o argentino El Aragonés, em 1954; com Viziane, em 1970; e com o argentino Terminal, em 1971. Nesse ano, havia perdido o cavalo Viziane para Dendico Garcia, sem maiores explicações do treinador. Então, recebeu a oferta de uma montaria do país vizinho não muito famosa, mas especialista em pista pesada. Sob chuva, Terminal passou fácil pelos concorrentes.

Pela elegância em montar e a forma curiosa de passar o chicote entre as orelhas dos cavalos que conduzia, ganhou do pianista e compositor Luís Reis, um apaixonado por turfe, o apelido de Homem do Violino. Campeão das estatísticas no Hipódromo da Gávea por sete anos consecutivos, de 1948 a 1954, ano em que alcançou o recorde de 182 vitórias, Rigoni parou de montar em 1972, aos 46 anos, com 1.367 vitórias somente na pista carioca. Ao todo, foram mais de 1,8 mil. O GP São Paulo foi conquistado duas vezes: em 1948, com Garbosa Bruleur, e no ano seguinte, no dorso do irlandês Saravan.

NAS TELAS O jóquei teve um curta-metragem feito em sua homenagem, Dá-lhe Rigoni, em 1980, dirigido por Paulo Sérgio de Almeida. Também participou de alguns filmes e da novela Roque Santeiro, na qual foi convidado por Sinhozinho Malta (personagem vivido por Lima Duarte) a montar um cavalo de sua propriedade, num desafio contra uma égua da Viúva Porcina (Regina Duarte). Ele morreu em 3 de agosto de 2006, aos 80 anos, vítima de pneumonia, em São Paulo, para onde se mudou ao encerrar a carreira. O corpo foi sepultado em Curitiba.

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