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RETROSPECTIVA

2016 não vai deixar saudade

Ano termina com mais capítulos deprimentes do que felizes para o esporte, especialmente o mineiro. Vitorioso no vôlei, Cruzeiro amarga decepções nos gramados, como Atlético e América

postado em 31/12/2016 08:36

Leandro Couri/EM/D. A Press

O esporte brasileiro termina 2016 com um misto de sentimentos. Na temporada em que sediou pela primeira vez (e com sucesso) os Jogos Olímpicos, o Brasil acrescentou à sua história um de seus mais tristes capítulos, com o desastre aéreo com a delegação da Chapecoense, no mês passado – que matou 71 pessoas, entre jogadores, dirigentes e jornalistas. Foram dias de comoção nacional e solidariedade mundial. Em Minas, o ano também termina com pouquíssimas boas lembranças. No futebol, Atlético e Cruzeiro amargaram decepções e não conquistaram sequer um título. O América foi rebaixado novamente para a Série B do Campeonato Brasileiro. Quem salva o cenário esportivo do estado, mais uma vez, é o vôlei do Cruzeiro, que continuou colecionando taças.

O acidente com a Chapecoense em Medellín foi o acontecimento esportivo mais triste e marcante de 2016, unindo atletas do mundo inteiro, personalidades da política, da arte e da música. Todo o planeta sentiu a dor das vítimas da tragédia. Muitos ofereceram ajuda para a reconstrução do clube, que perdeu não só a maioria dos atletas, como integrantes da comissão técnica e diretoria às vésperas de seu maior feito – a disputa da final da Copa Sul-Americana, contra o colombiano Atlético Nacional.

Foi também o ano da morte de três lendas do esporte. Em março, o melhor jogador holandês de todos os tempos, Johan Cruyff, integrante da Laranja Mecânica e precursor do estilo envolvente de jogo como treinador, perdeu a batalha contra um câncer de pulmão. Em junho, Muhammad Ali, maior nome do boxe mundial, que extrapolou os ringues e ganhou notoriedade por seu temperamento questionador, sofreu uma infecção generalizada – havia mais de 30 anos que ele lutava contra o Mal de Parkinson. Em outubro, um infarto tirou a vida de Carlos Alberto Torres, eternizado como o capitão do tri mundial da Seleção Brasileira, no México, em 1970.

Mas 2016 não foi só tristeza. Ainda que a delegação brasileira não tenha cumprido a expectativa de ficar entre as 10 melhores da Olimpíada do Rio, alguns resultados surpreenderam, como as três medalhas do canoísta Isaquías Queiroz e os ouros do boxeador Robson Conceição e da judoca Rafaela Silva.

Após muitos fracassos, o futebol finalmente subiu ao lugar mais alto do pódio olímpico, único título que faltava em sua galeria. Se no vôlei as meninas decepcionaram, o time masculino voltou a ganhar o ouro, repetindo Barcelona’1992 e Atenas’2004 e coroando o multicampeão Bernardinho, dono de seis medalhas.

O ano serviu também de recomeço para a Seleção Brasileira de Futebol, sob o comando de Tite. Com nova metodologia de trabalho, o treinador obteve seis vitórias consecutivas, tirou a equipe do sexto lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018 e a alçou à liderança isolada. Assim, resgatou a sintonia com o povo brasileiro e a credibilidade no cenário mundial.

HEULER ANDREY/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO


FRUSTRAÇÃO MINEIRA


Ramon Lisboa/EM/D. A Press
Dos três clubes de futebol de Minas, o único que comemorou um título foi o América, campeão mineiro. A campanha vitoriosa no Estadual, no entanto, acabou ofuscada pela vexaminosa participação no Brasileiro: na lanterna durante a maior parte do campeonato, decretou mais uma queda para a Segunda Divisão.

O Atlético contratou reforços badalados, como Robinho, Cazares e Fred, mas fracassou no planejamento e nas escolhas de comando técnico – dirigiram a equipe o uruguaio Diego Aguirre e Marcelo Oliveira. Bateu na trave na Copa do Brasil, terminando como vice-campeão. No Brasileiro, chegou a brigar pelo título, mas acabou na quarta colocação.

Já o Cruzeiro pecou pelas contratações erradas e, a exemplo de 2015, passou em branco. Pior, nem sequer chegou à disputa de títulos. O clube errou ao apostar em Deivid e no português Paulo Bento e só começou a se encontrar depois do retorno de Mano Menezes, quando a Raposa estava ameaçada, inclusive, pelo rebaixamento para a Série B.

Graças a trabalhos de destaque de seus treinadores, Cuca e Renato Gaúcho, que estão entre os melhores do país, Palmeiras e Grêmio se livraram de longos jejuns e terminaram 2016 em alta. Os paulistas venceram o Brasileiro depois de 22 anos e os gaúchos ganharam a Copa do Brasil, pondo fim a incômoda sequência de 15 anos sem títulos nacionais. No futebol internacional, destaque para o astro Cristiano Ronaldo, campeão mundial e continental com o Real Madrid e da Eurocopa com a Seleção Portuguesa.

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