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Neto, ex-Atlético, conta sua retomada e luta depois da retirada de um tumor cerebral

Neto foi eleito o melhor do mundo, no título mundial da Seleção em 2012

postado em 26/03/2017 11:06 / atualizado em 26/03/2017 11:15

Ivan Drummond/EM/D.A PRESS
De novo, ele entrou em quadra depois de viver um drama: a retirada de um tumor cerebral. No recomeço, a vida é outra. O futuro no esporte ainda é incerto. Esste é o beque Neto, de 35 anos, da Seleção Brasileira de Futsal, campeão mundial de 2012, quando foi eleito o melhor do mundo, juntando-se a Jackson, Vander Iacovino, Manoel Tobias e Falcão. Ele é também ex-jogador do Atlético. Pelo clube, ganhou quatro títulos – três de campeão brasileiro, sendo um juvenil, e um mundial. Na última quinta-feira, em São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas), o atleta participou da festa do início das comemorações dos 20 anos da Liga Nacional pelo Atlético e despedida do ala esquerda Vinícius. Em quadra, durante 10 minutos, marcou um gol.

Era 17 de janeiro de 2017. Neto vivia a felicidade de a mulher, Juliana Azambuja, de 29, estar grávida. O primeiro filho do casal era um sonho, maior que o prazer de jogar, de ganhar e mesmo de ter feito o gol que deu ao Brasil o sexto título de campeão mundial, em 2012. Ele estava no Cazaquistão. Defendia o Kairat Almaty. Juliana já estava no Brasil para passar a gravidez. Veio o grande susto: uma convulsão, seguida de um desmaio. Neto é levado para exames que constataram um tumor no cérebro, na região da fala e do controle motor.

“Fiquei desesperado, mas não a ponto de perder o raciocínio. Não faria nada, nenhum procedimento lá. Decidi voltar para o Brasil. Não contei nada para minha mulher. Só falei que estava voltando. Queria um médico brasileiro, que falasse a minha língua. Vim embora para o Brasil”, conta Neto. Já em São Paulo, o atleta foi operado no Hospital das Clínicas pelo neurocirurgião Wellingson Paiva. “Fizemos a cirurgia com ele acordado, por ser na região da fala. Tudo deu certo. Extirpamos esse tumor 100%,” conta o médico.

Para Neto, momentos de dúvida. “Conversei com o médico e ele me disse que havia um outro tumor, menor, mas que, pela posição, não havia mexido e nem havia necessidade de fazer isso. O pior foi quando descobriram que havia um outro tumor, no pulmão, que era o principal. Dele, haviam desencadeado os outros dois, na cabeça. Novamente, um monte de exames. Mas, nesse caso, uma situação mais agradável, pois o tratamento será feito à base de remédio. Nada de quimioterapia ou radioterapia. Começo a fazer esse tratamento na segunda (amanhã).”

SEM DOCES

Quase dois meses depois da cirurgia em São Paulo – o procedimento foi em 5 de fevereiro –,  Neto conta que sua vida mudou. “Muita coisa agora é diferente, a começar pela alimentação. Não bebo mais refrigerante. Nunca fiz uso de bebida alcoólica. Também não estou comendo carnes de boi e de porco. Fico mais na salada e frango. Tudo muito leve. Larguei os doces. Essa foi a maior mudança.”

Na última quinta-feira, Neto surpreendeu. Na homenagem ao Atlético e a Vinícius, em São Sebastião do Paraíso, o atleta entrou em quadra pela primeira vez desde a cirurgia. Seu último jogo até então havia sido em 15 de janeiro, pelo Kairat Almaty.

“Esta guerra não perco. Estou lutando, de todas as maneiras, para vencer a doença. Estar aqui, em quadra, revendo os amigos, é como se estivesse realizando um sonho, ainda mais por jogar novamente. Minha cirurgia foi feita com aparelhos. Não abriram minha cabeça. Portanto, não há restrições quanto a jogar. Estou muito feliz por fazer isso novamente.”

Mas Neto não sabe como será o futuro. “Já estou com 35 anos. Quero muito voltar a jogar, mas ainda não sei. Uma coisa é certa: vou ficar no Brasil. Tudo vai depender do tratamento que farei e de uma conversa com os médicos e a Juliana.”  (ID)


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MEMÓRIA

O multicampeão

Neto chegou ao Atlético em 1997 para jogar pela equipe juvenil, junto com três outros jogadores que também se destacaram, os alas Tostão (direita) e Saad (esquerda), e o pivô Kelson. Juntos, levaram o Galo ao título de campeão brasileiro da Taça Brasil, com a final disputada em Divinópolis. O Atlético ganhou da extinta GM por 1 a 0, gol de Kelson. Juntos, os quatro subiram para a equipe adulta do Galo, integrando o time campeão da Liga Nacional. No ano seguinte, mais uma conquista, a mais importante de todas, o título mundial na Rússia. Em 1999, o bicampeonato da Liga. Neto alça voos mais altos. Chega à Seleção Brasileira e, ao lado do ala Vinícius, seu companheiro de Atlético, comanda o time na conquista do sexto título mundial, na Tailândia, em 2012 (foto). É dele o gol da vitória por 3 a 2, na prorrogação, contra a Espanha. E Neto leva também o troféu da Fifa de melhor jogador do mundo naquele ano.

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