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GINÁSTICA RíTMICA

Quarteto busca apoio para disputar competição de ginástica rítmica em Portugal

Treinadora é Maria Inês Salles, primeira brasileira de destaque na modalidade

postado em 26/03/2017 11:31 / atualizado em 26/03/2017 11:41

Ramon Lisboa/EM/D.A Press
Aos poucos, Minas Gerais vai ganhando espaço na Ginástica Rítmica Desportiva (GRD), esporte que usa fitas, bolas, maças, arcos e cordas. Depois de Vitória Guerra, campeã mirim em 2011, na Bulgária, e campeã sul-americana no ano passado, na Colômbia, surgem revelações, como o quarteto formado por Eduarda Braga de Carvalho, de 14 anos; Maria Clara Figueiredo de Souza, de 13; Rafaela Luíza de Freitas, de 12; e Gabriela Andrade de Rezende, de 12, já classificado para a AGM Cup, a partir de 26 de abril, em Portugal.

No entanto, para participar elas precisam de recursos financeiros. Curiosamente, todas são formadas no mesmo espaço, a GRM, no Bairro Castelo, em Belo Horizonte, da técnica Maria Inês Salles, primeira ginasta brasileira a competir, com destaque, internacionalmente. De lá também saiu Daniela Leite, filha de João Leite, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos Rio’2007.

Mais uma vez, os pais saem a campo para buscar ajuda para as filhas. É o caso de Sandra Rezende, Adriana Souza e até um ex-atleta, cujo esporte não precisa de ajuda, pelo contrário: o futebol. Trata-se do ex-atacante de América e Atlético Euller, pai de Eduarda, a Duda. Ele não mede esforços para realizar os sonhos da filha. Sai de casa todos os dias, à tarde, para levar a filha ao treino, “do outro lado da cidade”, como ele diz.

“Custa caro”, conta Euller, que, orgulhoso, relembra a trajetória da filha: “Ela fazia contorcionismo em casa quando era pequena, tinha mania disso, eu e a mãe dela até ficávamos preocupados. A Duda gostava de acompanhar a Daniela, filha do João Leite. Vimos que ela queria fazer GRD e passamos a gostar também. Precisávamos arrumar um lugar para ela treinar e conseguimos com a ajuda da Daniela. De lá pra cá, só temos tido alegria e motivos para comemorar, pois ela já foi campeã brasileira infantil e juvenil. Também já competiu em Portugal, Chile, Turquia, Bulgária, Rússia e Colômbia, e ganhou muitas medalhas”.

Segundo a técnica Maria Inês, foi Euller quem ensinou à filha um movimento com a bola – em que ela dá uma pedalada para levantar a bola. “Foi fácil pra ela, mais do que pra mim”, brincou o ex-jogador. Duda surpreende e repete o movimento seguidamente, sem errar.

A história do restante da equipe não é diferente. Adriana diz que a filha, Maria Clara, via os Jogos Olímpicos e outras competições de ginástica pela TV e ficava copiando os movimentos das atletas em casa. “Eu e o pai dela preocupávamos, com medo de que se machucasse. Por isso resolvemos trazê-la para a escola”, afirma.

Já o caso de Gabriela foi diferente, segundo sua mãe, Sandra: “Ela ia fazer balé. Era o que a gente havia planejado em casa. Mas não conseguimos vaga em nenhuma escola. Então, ficamos sabendo da ginástica, com a Maria Inês, e a trouxemos”. “Eu queria mesmo era fazer ginástica”, completa Gabriela.

CUIDADO


Hoje, os pais e mães das meninas e a treinadora buscam patrocínio para as viagens. “Além de mandar a atleta, a gente tem de bancar a treinadora, pois sem ela a equipe não pode competir. E é ela quem cuida, e bem, das meninas”, diz Euller.

Maria Inês aposta na equipe: “São todas atletas de alto rendimento. As chances de pódio são reais. Temos de apostar nas meninas. Uma pena que não exista uma ajuda para elas vinda do governo federal, estadual ou municipal. Seria muito bom se isso ocorresse. Além do mais, elas são espelho para futuras gerações”.


A competição


A AGM Cup, que será disputada a partir de 26 de abril, em Portugal, é uma das competições mais importantes promovidas pela Federação Internacional de Ginástica. Tem como intuito aprimorar as jovens ginastas, ou seja, a formação das atletas na GRD. O torneio tem o mesmo peso de uma Copa do Mundo na categoria adulto.

SAIBA MAIS


O que é a GRD

A Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) é uma variação da ginástica artística, combinando movimentos corporais com balé e dança teatral. Alia alguns elementos chamados de aparelhos, como a corda, arco, fita, maça e bolas. É um esporte genuinamente feminino. A iniciação começa, a exemplo da ginástica artística, por volta dos 6 anos. As competições são individuais e em conjunto (equipes de seis atletas). Os exercícios são executados num tablado e cada apresentação dura cerca de 75 segundos nas provas individuais e 2min30 no conjunto.

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