Vôlei

Dia de esquecer a amizade

Ex-colegas de equipe, Henrique e Serginho vão estar em lados opostos da quadra na primeira partida do playoff semifinal entre Cruzeiro e Minas, no poliesportivo do Riacho

postado em 03/04/2012 07:00

Eles eram meninos quando começaram a jogar vôlei. Cada um teve um tipo de influência. Um foi motivado pela família, afinal de contas, integra a terceira geração de uma família de atletas desse esporte. O outro era goleiro de futsal e resolveu trocar de modalidade. Eles são, respectivamente, Henrique, meio de rede do Minas, e Serginho, líbero do Cruzeiro, personagens do primeiro jogo entre as duas equipes pelas semifinais da Superliga Nacional Masculina de Vôlei, a primeira da história da competição a reunir dois times mineiros, às 21h, no poliesportivo do Riacho, em Contagem. Os ingressos se esgotaram ontem. Uma hora depois do início da venda não havia mais entradas. Também hoje, às 18h45, em Araçatuba, o primeiro confronto entre Vôlei Futuro-SP e RJX.

O início da carreira de ambos foi no Minas. Eles tinham 11 anos, quando se tornaram amigos. Já passaram por muita coisa juntos, desde a base. Chegaram, inclusive, a conquistar dois títulos da Superliga juntos, pelo MTC, nas temporadas 2000/2001 e 2001/2002. “Eu tinha saído do Minas em 2000, quando o time deu início à série de conquistas que resultou no tricampeonato. O Henrique participou das três. Mas eu fui campeão em 2007, quando o Henrique estava fora.”

Os dois nunca decidiram um título nacional, nem sequer jogaram uma fase decisiva de lados opostos. Esta será a primeira vez. “É, mas eu levo vantagem porque ganhei as duas decisões do Campeonato Mineiro desde que cheguei ao Cruzeiro”, cutuca Serginho.

Henrique exalta o amigo, mas diz que hoje à noite a amizade ficará de lado. “Nessa hora não tem amigo não. Todos dois estarão querendo ganhar. Na quadra é cada um por si. Lá ele é inimigo. Depois do jogo volta tudo ao normal, mas lá dentro a gente esquece isso.”

Serginho diz que jogar contra um amigo ajuda a diminuir discussões dentro de quadra. “Você não vai na rede provocar, responder a provocações, pois elas não existirão. Essa é a vantagem de jogar contra um amigo. O certo é que na hora do jogo cada um vai tentar ajudar o seu time e lutar pela vitória. Depois do jogo a gente volta a se falar.”
Histórias diferentes

A trajetória dos dois na quadra é diferente uma da outra. Serginho tinha escolhido seguir o esporte do pai, Rui Nogueira, que foi goleiro de futsal do Atlético, mas acabou se interessando pelo vôlei e trocou de modalidade. Jogou nessa posição até o juvenil, até a chegada de Cebola para o comando da equipe adulta. “O Cebola me convidou para ser líbero. A regra estava mudando e essa posição acabara de ser criada. Eu já tinha decidido parar de jogar, por causa do tamanho e de não ter chance como levantador. Mas a mudança me beneficiou.”

Henrique nasceu numa família que respira vôlei, os Zech Coelho. A paixão pelo esporte começou com o avô, seu Paulo, que se mudou do interior, de Campos Altos, para Belo Horizonte e, ao tornar-se sócio do Minas, acabou se transformando num dos principais jogadores de sua geração. Com os filhos pequenos, costumava esticar um barbante no canteiro da Avenida Brasil, próximo à Praça da Liberdade, e promovia uma pelada de vôlei de meninos e meninas.

Dessa pequena escolinha saíram Sérgio Bruno, depois Luiz Eymard, Carlos Rogério e Helder, este último, o levantador do tricampeonato brasileiro de 1984/85/86. Jogar vôlei na família é natural, tanto que no time adulto ele tem a companhia de um primo, o levantador Luizinho, filho de Luiz Eymard.

Hoje, mais um capítulo da vida desses dois amigos estará sendo escrita. Dois campeões em lados opostos, que estarão lutando, como sempre fizeram, pela vitória de seu time.

Medalhas em quadra

Três jogadores do Cruzeiro e três do Minas conquistaram títulos internacionais com a Seleção Brasileira. No time celeste, o ponteiro Maurício foi campeão mundial juvenil, na Índia, em 2009, quando foi escolhido o melhor do mundo na categoria, além de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara’2011, com o oposto Wallace. Douglas Cordeiro integrou a Seleção Brasileira campeã dos Jogos Mundiais Militares Rio’2011.

 

No Minas, o levantador Marcelinho foi medalha de prata nos Jogos de Pequim’2008 e no Pan de Winnipeg’1999, ouro no Pan do Rio’2007. O meio de rede Henrique foi campeão da Copa do Mundo’2001, tetracampeão da Liga Mundial e campeão mundial em 2002. O ponteiro Anderson é hexacampeão da Liga Mundial, bicampeão mundial, medalha de ouro no Pan Rio’2007, ouro na Olimpíada de Atenas’2004 e prata em Pequim’2008.