Vôlei

SUPERLIGA MASCULINA

Amigos até o apito

Parceiros no título da Superliga de 2007, Samuel e Serginho agora estão em lados opostos da quadra. Nos playoffs das quartas entre Minas e Cruzeiro, é cada um por si

postado em 26/03/2015 08:26 / atualizado em 26/03/2015 08:29

Juarez Rodrigues / EM DA PRESS
Eles são amigos e conquistaram um título brasileiro juntos, pelo Minas, em 2007, o último do clube na Superliga Nacional Masculina de Vôlei. Mas, hoje, estão em lados opostos e vão se enfrentar novamente na próxima segunda-feira, no segundo jogo pelas quartas de final da competição na temporada 2014/2015. Agora, é cada um por si. Dentro de quadra, a amizade é deixada de lado. Eles são o ponteiro Samuel, do Minas, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim’2008, e o líbero Serginho, do Cruzeiro.

Os dois guardam ótimas lembranças de quando se sagraram campeões juntos. Samuel passava por um momento difícil, pois seu irmão havia falecido dias antes, num acidente de automóvel. Quis o destino que, no jogo final, contra o extinto Florianópolis, o ponto que deu o título ao Minas, fosse dele. O clube conquistava seu sétimo título nacional – até hoje é o maior campeão – com um 3 a 0.

Samuel foi escolhido o melhor jogador da decisão e em consequência disso, veio a convocação para a Seleção Brasileira, para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim’2008, voltando com a medalha de prata. Mas uma contusão no ombro quase provocou o fim prematuro de sua carreira. No retorno da Olimpíada, Samuel teve de parar. Fez uma cirurgia que não deu certo. Tentou voltar longe do Minas, na extinta Ulbra, quando esta se transferiu para São Paulo. Mas precisava de um tipo de recuperação que não foi feita. O resultado, nova contusão no mesmo lugar e outra interrupção na carreira.

O ponteiro ficou parado por quase dois anos. Voltou em 2011, no Cruzeiro. Participou do vice-campeonato de 2012, quando o time celeste perdeu para o Sesi, no Mineirinho. Nessa época, os dois voltaram a jogar juntos e um dos maiores apoios para a recuperação de Samuel vinha do amigo Serginho. “Ele sempre me deu apoio. Era meu parceiro naquela época, me incentivava muito.”

Mas Samuel saiu do Cruzeiro. Voltou ao Minas quando o técnico era Marcelo Fronckowiak. Mudou o trabalho de recuperação e adotou a acupuntura. Aprendeu uma nova maneira de bater na bola. Quando estava para engrenar, o MTC trocou de técnico. Saiu Fronckowiak e veio o argentino Horacio Dileo. Samuel não ficou no clube. Ele não desanimou. Seguiu treinando sozinho e quando Nery Tambeiro assumiu o comando do time, o chamou. Samuel é outro. Chegou e não se preocupou em ser reserva. Aos poucos, foi ganhando a condição de titular. Mereceu até o elogio de um ex-companheiro, ninguém menos que Nalbert: “Ele está jogando muito. Mudou a maneira de bater na bola, de atacar. Além do mais, defende e passa bem.”

O amigo A vida de Serginho também não foi fácil. Depois do título de campeão pelo Minas, teve seu nome cogitado para a Seleção Brasileira, mas nunca teve chance com Bernardinho. Nessa época, muito se questionava o treinador por não convocá-lo, já que era considerado, ao lado de Escadinha, um dos melhores do Brasil.

Foi quando surgiu o Cruzeiro em sua vida. Ele é, do time atual, o terceiro mais antigo jogador. Era o preferido de outro técnico argentino, Marcelo Méndez, para a posição. E foi no clube que deu a sua resposta ao mundo do esporte em títulos: campeão mundial, bicampeão sul-americano, bicampeão brasileiro e pentacampeão mineiro. Chegou a ser indicado por um site italiano ao prêmio de melhor do mundo em sua posição. “Quero fazer sempre o melhor para o time. Aqui somos um grupo de amigos e jogamos uns pelos outros.”

O líbero conta que Samuel é um amigo de longa data e que sempre que pode, se encontram. “Temos uma história juntos. Além do mais, aquele título pelo Minas foi superação pura para ele. No primeiro set do terceiro jogo, o João Paulo, do Florianópolis, cortou um bola e quebrou o dedo mindinho do Samuel. Ele saiu, colocou o dedo no lugar, enrolou com esparadrapo e voltou para o jogo e foi fundamental para a vitória e a conquista do título.”

Os dois se reencontrariam no time do Barro Preto, em 2011 e Serginho lembra que o amigo passava por um momento difícil. “Ele estava em recuperação do ombro. Era importante ajudar.” Mas quando falam no segundo de segunda-feira e na semifinal, a resposta, tanto de um quanto do outro, é igual: “O que eu quero é vencer. Dessa vez, não torço pra ele.”

Folga geral
O dia seguinte ao segundo jogo pelas quartas de final da Superliga Nacional Feminina de Vôlei – a série entre Minas e Praia está empatada em 1 a 1 – foi distante da quadra para as duas equipes. O Praia só retornou a Uberlândia ontem de manhã, pois não existem voos noturnos ligando Belo Horizonte ao Triângulo. “É melhor que elas descansem, pois isso ajuda na recuperação. Nesta quinta (hoje), treinaremos em dois períodos”, explica o técnico Ricardo Picinin. No MTC, Marcos Queiroga deu a manhã de folga e à tarde, analisou o vídeo da partida com as jogadoras. Hoje, ele dará um treino pela manhã, com a equipe viajando em seguida para Uberlândia, onde acontecerá outro treinamento, de reconhecimento, à noite. O jogo decisivo será amanhã, às 21h30, na Arena Praia.