CALDENSE

Léo Condé admite motivação com goleada, mas aponta Cruzeiro 'mais forte' que Caldense

Treinador, que se prepara para enfrentar a Raposa em partida do Campeonato Mineiro, relembra sua passagem pelas categorias de base de América e Atlético

postado em 07/02/2015 08:00 / atualizado em 06/02/2015 13:47

Divulgação/Caldense

Após um ano em que se exaltou o ‘bom momento’ do futebol mineiro, era de se esperar que Atlético e Cruzeiro estreassem com folga no Estadual. Não foi bem o que aconteceu. O Galo venceu o Tupi, no Independência, por 2 a 0. Já o Cruzeiro teve dificuldades fora de casa, mas derrotou o Democrata-GV por 2 a 1, de virada. Em uma primeira rodada marcada pelo equilíbrio, a única exceção aos placares modestos ocorreu no Estádio Ronaldão, em Poços de Caldas. A primeira goleada do torneio foi imposta pela Caldense, equipe comandada por Léo Condé, treinador de carreira relativamente curta, mas com história intimamente ligada ao futebol de Minas Gerais.

Natural de Piau, município da Zona da Mata mineira, Condé começou sua carreira como treinador nas categorias de base do América. Ficou no Coelho de 2001 a 2006. Em seguida foi para os juniores do Atlético, onde teve a oportunidade de trabalhar com Marcelo Oliveira, seu próximo adversário no Estadual. Após sua passagem pelo alvinegro, Léo Condé se lançou como treinador profissional. De 2009 para cá, teve a oportunidade de conhecer bem os clubes do interior de Minas Gerais. Emplacou quatro passagens pelo Tupi e comandou Ipatinga e Villa Nova. Agora, encara o desafio de treinar a Caldense pela segunda vez em sua carreira.

Em entrevista ao Superesportes, Léo Condé admite que a vitória por 6 a 1 diante do Mamoré motiva a Caldense para o confronto contra o Cruzeiro, no próximo domingo. Entretanto, o treinador fez questão de frisar a qualidade do elenco celeste, admitindo o favoritismo da Raposa. Além disso, refletiu sobre a importância dos estaduais para as equipes de menor expressão e analisou as categorias de base na formação de jovens atletas. Por fim, se mostrou orgulhoso da geração de técnicos mineiros, destacando os trabalhos de Marcelo Oliveira, Enderson Moreira, Ricardo Drubscky, Moacir Júnior e Ney Franco.

A Caldense estreou com uma vitória expressiva diante do Mamoré (6 a 1) no Campeonato Mineiro. Esse resultado dá uma motivação a mais para o confronto contra o Cruzeiro?

Estrear é sempre complicado. Querendo ou não, ficamos naquela expectativa de como o time vai se portar no jogo. Como fomos bem, ficamos confiantes. Sabemos das dificuldades que teremos jogando contra o Cruzeiro no Mineirão. Mas pretendemos realizar uma grande partida para, quem sabe, surpreender.

O Cruzeiro está em reformulação, muitos jogadores saíram e outros chegaram. Você acha que a Caldense pode explorar um provável desentrosamento entre os jogadores rivais?

Tem sim esse lado da mudança. Sabemos que leva um certo tempo para a equipe conseguir o nível de entrosamento que o Cruzeiro tinha. Mas são jogadores de extremo potencial e de muita qualidade técnica. Não é só a questão do entrosamento que faz o time do Cruzeiro ser mais forte que a Caldense. Há também a questão de investimento e da estrutura.

Qual é a importância do campeonato estadual para as equipes de menor expressão?

De suma importância. Gera empregos, pode projetar novos jogadores e profissionais, como foi o caso do Moacir Júnior, que dirigiu o América e tinha comandado também a Tombense.

Arquivo/Estado de Minas

Você treinou as categorias de base de Atlético e América. Dessa forma, se sente preparado para assumir uma das grandes equipes da capital ou um clube de maior expressão em outro estado?

É normal querer isso profissionalmente, por isso busco, a cada dia, me preparar mais, para quando chegar a oportunidade estar pronto. Trabalhei de 2001 até 2009 nas categorias de base, oito anos trabalhando em Atlético e América. Desde então, estou há seis anos dirigindo equipes profissionais do interior de Minas. A cada dia procuro melhorar, para quando tiver uma oportunidade em um time de maior expressão, estar preparado. Existem vários treinadores mineiros que começaram na base e se destacam no futebol nacional. É o caso dessa geração do Marcelo Oliveira, Enderson Moreira, Ricardo Drubscky, Moacir Júnior e Ney Franco.

O Brasil está caminhando bem a preparação dos jovens atletas?

A estrutura dos clubes melhorou muito. Um fator social que acaba atrapalhando um pouco no surgimento de novos jogadores é a extinção dos campos de várzea. Não se ensina o a jogar, você vai lapidar o atleta. Ele acaba aprendendo a jogar na rua mesmo. Há também a necessidade de lançar os jogadores muito cedo. Hoje, muitos meninos são lançados antes de estarem realmente preparados.

Você comandou a Caldense em 2013, e agora volta a ser treinador da equipe. O que mudou na estrutura do clube desde a sua passagem anterior?

A caldense é um clube que tem umas das melhores estruturas do interior. Aqui tem um bom centro de treinamento, que é do clube. O estádio é municipal, e deixa a desejar, mas o nosso CT é funcional. Ano passado quando saí, passei para a diretoria algumas coisas que poderiam melhorar na estrutura do clube. Uma delas era a academia. Compraram a idéia e neste ano a aparelhagem foi trocada.

Como você trabalha a motivação dos seus jogadores frente ao grande poderio de Atlético e Cruzeiro?

O Campeonato Mineiro é de tiro curto. As equipes do interior, de um modo geral, entram com três objetivos. Primeiro, buscam a permanência na Primeira Divisão. Segundo, quando há necessidade, lutam por uma das duas vagas na Série D do Brasileiro. Terceiro, buscam fazer uma semifinal. Agora, quando chegam na semifinal, são dois jogos. É difícil bater Cruzeiro e Atlético, mas tentamos mostrar para os jogadores que não é impossível. Mas os jogadores também têm seus objetivos pessoais, sabendo que se forem bem podem ser projetados.

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