Rígido, árbitro de Cruzeiro x Atlético evita polêmica e quer passar despercebido

Para o jogador de futebol, um clássico pode significar o ápice da carreira ou o início de um calvário. Ao árbitro resta apenas a segunda possibilidade. Boa atuação significa invisibilidade, não glória. E é isso que buscará Igor Junio Benevenuto, o dono do apito em Cruzeiro x Atlético, neste sábado, pela 10ª rodada da primeira fase do Campeonato Mineiro.

“As pessoas têm que entender que estamos querendo acertar, afinal, nossa carreira e nossos familiares estão em jogo. A gente é humano. Espero que Deus possa abençoar a equipe, os atletas, todas as pessoas, e que a gente possa ficar despercebido”, disse o árbitro em entrevista ao Superesportes.

Esta será a segunda vez do árbitro em Atlético x Cruzeiro. Na primeira vez, em 2014, o jogo terminou empatado em 0 a 0, também pela primeira fase do Campeonato Mineiro.

Estilo rígido

As grandes preocupações de Benevenuto são ter o controle do jogo e acalmar os ânimos dos atletas. Mas qual o melhor caminho: conversa ou cartões?

O árbitro do clássico deste sábado adota com frequência a segunda estratégia. Benevenuto apitou oito jogos do Módulo I do Campeonato Mineiro até aqui. Foram cinco atletas amarelados “por desaprovar de forma desrespeitosa as decisões da arbitragem”. Dois membros de comissões técnicas foram expulsos por motivos semelhantes.

“Temos uma avaliação de jogo para jogo. [Nossa postura] depende do comportamento dos atletas. Não sou inacessível, posso dialogar, mas tudo tem limite. Se passar do limite, temos cartões amarelo e vermelho. A gente tenta conduzir de uma forma mais tranquila. Se o jogo está quente e entramos mais estressados é como colocar gasolina na fogueira. É preciso saber discernir”, disse.

No total, Benevenuto distribuiu 47 cartões amarelos e nenhum vermelho a jogadores nos oito jogos apitados por ele no Estadual até aqui. A média de punições por jogo é de 5,8.

Polêmica

Durante a semana que antecede o clássico, a diretoria do Atlético enviou à Federação Mineira de Futebol (FMF) uma solicitação de afastamento de Ricardo Marques Ribeiro do campeonato. O clube alvinegro alegou que o histórico do árbitro e o recente pênalti polêmico favorável ao Cruzeiro contra o Uberlândia justificariam punição.

A FMF negou o pedido, mas não incluiu Ricardo Marques, único do quadro Fifa da Federação, no sorteio para o clássico. Nesta rodada, o árbitro trabalhará Democrata x América-TO.

Questionado sobre a polêmica, Benevenuto preferiu não comentar.

“A questão do Ricardo Marques eu não procuro comentar, é administrativo, eles que têm que se entender lá. A gente tenta fazer com que não interfira no nosso trabalho, tenta se desligar desse tipo de situação. É preciso ter o controle emocional adequado para que não influencie”, disse.

Preparação


Benevenuto, entretanto, admite que a pressão cresce nas vésperas de jogos importantes. Aos 36 anos, o árbitro, que é aspirante ao quadro da Fifa, já trabalhou em jogos polêmicos na carreira.

No Campeonato Brasileiro de 2015, foi questionado pelo Flamengo pela não marcação de dois supostos pênaltis na derrota rubro-negra por 4 a 2 para o Palmeiras. No ano seguinte, foi criticado tanto pelo Palmeiras, quanto pelo Figueirense pela atuação na vitória alviverde por 2 a 1, também pelo Brasileirão.

Agora, a hora é de manter as boas atuações e evitar eventuais erros no clássico. Para isso, a preparação é especial.

“A nossa preparação é de longo prazo. Agora, é mais psicológica. Vamos estudar as equipes, fazer concentração amanhã no hotel, descansar fisicamente para conduzir a partida. Quando se apita um jogo de dois clubes desse tamanho, tem mais pressão de torcida, de dirigente, de todos os lados. Os jogadores entram mais exaltados. A gente entra mais atento. Mas é preciso ter o controle emocional adequado”, diz.

Benevetuno terá Felipe Alan Costa Oliveira e Ricardo Júnio de Souza como auxiliares. O jogo está marcado para as 16h deste sábado, no Mineirão.