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TAE KWON DO

Medalhista de bronze nos Jogos do Rio, Maicon Siqueira é recebido com festa em Justinópolis

Atleta mineiro é festejado por familiares, amigos e vizinhos e exibe medalha

postado em 28/08/2016 11:00 / atualizado em 28/08/2016 09:47

Edesio Ferreira/EM/D.A Press

O herói está em casa. Maicon Siqueira, de 23 anos, lutador de tae kwon do, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Rio’2016 na categoria acima de 80 quilos, chegou na manhça desse sábado a Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves, onde cresceu. Antes mesmo de entrar em casa – onde estavam à sua espera o pai, Sinval, de 67; a mãe, Vitória, de 66; e sete irmãos, além de cunhadas, cunhados e sobrinhos –, foi recepcionado pelos vizinhos, que prepararam uma grande festa: tiras coloridas de papel, nas cores da bandeira do Brasil foram penduradas em barbantes por todos os lados da rua. Caixas de som tocavam um rap feito em homenagem ao campeão e o Hino Nacional, que todos entoavam com orgulho.

“Para mim, é uma surpresa. Não esperava nada assim. Achei que seria alguma coisa em família e que apareceriam alguns amigos, mas veio a vizinhança inteira”, disse Maicon, que mora em São Caetano do Sul, onde treina e estuda. Logo ele foi cercado por amigos e até mesmo desconhecidos em busca de fotos e autógrafos.

Um deles, Felipe Araújo Costa, levou consigo os filhos, gêmeos, Bernardo e Gabriel, de oito meses apenas. Felipe fez questão que Maicon tirasse foto com os dois nos braços. “É um momento emocionante. Minha sogra mora aqui do lado, as famílias são amigas. Não poderia deixar de vir cumprimentá-lo. É um medalhista olímpico do Brasil. Tinha de registrar este momento.”

Maicon recordou o início da carreira e como conseguiu a vaga olímpica: “Há quatro anos, fui para São Caetano do Sul a convite dos dois treinadores, Cleiton e Reginaldo dos Santos. Eles me viram lutar num Brasileiro, em Bauru, em 2012. O começo foi difícil. Trabalhei quase um ano como servente de pedreiro, trabalhava e treinava. Hoje, sou apenas atleta. Os resultados vieram e pude me tornar somente lutador”.

Edesio Ferreira/EM/D.A Press
Ele chegou à seletiva olímpica, em Vitória, como azarão: “Tinha um grande rival, o capixaba Guilherme Félix, que lutava em casa, com a torcida a favor. Mas não me importei, pois havia colocado na cabeça que conseguiria a vaga. Na Olimpíada, o fato de ninguém me apontar como favorito a medalha não me incomodou. Tinha a certeza de que sairia vencedor, preparei-me para aquilo”.

A medalha mudou a vida dele, admite. “Agora, tenho de dar um monte de entrevistas. Teve festa em São Caetano, compromissos do tae kwon do também. E mais festa aqui. Quase não tive tempo”, contou, aos risos, e com a medalha pendurada no pescoço. A agenda nem permitirá muito tempo ao lado da família. Serão apenas dois dias em casa e ele segue nesta noite de domingo para o interior paulista, para começar a se preparar para o Grand Prix da modalidade. São cerca de oito horas de treinos diariamente: pela manhã, faz musculação e toda a parte física da preparação. À tarde, depois do almoço, dedica-se à parte técnica.

Choro

Maicon não era o único emocionado. Lágrimas escorriam pelo rosto de seu irmão Flávio. “Ele é nosso orgulho, pois nos proporcionou uma emoção indescritível. Olha o que está ocorrendo na nossa rua. Todo mundo veio saudá-lo. Paro e penso no que aconteceu com ele, como e quando começou a lutar. Não demorou para ser medalhista. Só de ter chegado à Olimpíada, para nós, já era um campeão.”

O pai, Sinval, não se cansava de recordar o dia da luta: “Os vizinhos colocaram um telão. Ficamos todos juntos, na frente de casa, assistindo. Quem estava aqui chorou”. A mãe, Vitória, foi a única a ir ao Rio: “Eu estava vendo a luta e quando ele ganhou, o vi vindo na minha direção, na arquibancada. Como sou pequenininha, fiquei com medo, pois de repente era um monte de gente avançando em cima dele. A torcida o engoliu. Só fui encontrá-lo mais tarde, muito depois da medalha”.

A torcida foi, para Maicon, um capítulo à parte: “Nunca tinha visto aquilo. Foi fantástico. Era todo mundo torcendo por mim. Deu ainda mais vontade de lutar”.

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