DA ARQUIBANCADA

O Mineirão é de todos

postado em 02/09/2015 11:00 / atualizado em 02/09/2015 08:36

Jorge Gontijo/EM/D.A Press
Nos tempos do antigo Independência e dos estádios da Alameda, do Barro Preto e Antônio Carlos, cada jogo entre América e Atlético era chamado de Clássico das Multidões. Inaugurado em setembro de 1965, o Mineirão não trouxe sorte ao América, que viu o Cruzeiro, até então terceira força do futebol mineiro, vencer vários campeonatos e crescer muito nos primeiros anos do maior estádio de Minas Gerais.

Em 1971, para compensar, o Coelhão formou um timaço e foi campeão mineiro invicto. Conquista rara e difícil para qualquer clube em qualquer competição no Brasil e no mundo. Além de vencer o título estadual, o América teve o artilheiro do campeonato, Jair Bala, com 14 gols. Com a faixa de campeão no peito, a torcida vibrou e cantou feliz: “Galo no almoço, Raposa no jantar”.

Naquela época, dentro do Mineirão, “Brasil só é futebol”. Porém, do lado de fora, a ditadura civil-militar, implantada no país com o Golpe de 1º de abril de 1964, reprimia, oprimia, prendia, torturava, arrebentava e matava milhares de pessoas. Horror que não se esquece. Entre muitas outras coisas que comprometeram o futuro dos brasileiros, os que mandavam na época destruíram a educação pública, que era de grande qualidade até 1964. A ditadura mudou o Brasil para pior e ceifou os sonhos de milhões de jovens da minha geração.

De volta ao futebol. Adolescente, fui à inauguração do Mineirão e vibrei com o gol do Buglê: Seleção Mineira 1 x 0 River Plate. O Mineirão, que na Copa de 2014 foi palco do vergonhoso e massacrante 7 a 1 da Seleção Alemã sobre a Seleção Brasileira, escapou por pouco de registrar outro fato incômodo logo no início de sua história: o lateral Canindé, da Seleção Mineira, pôs a mão na bola e o árbitro apitou pênalti. O placar era de 0 a 0 e continuou assim, pois os argentinos não aproveitaram a chance. Ufa, ainda bem! Já pensou se o primeiro gol marcado no estádio fosse de um jogador argentino? Como diz o Bartleby, personagem criado pelo escritor Herman Melville: “Melhor, não”.

O Mineirão foi importante para o crescimento dos times mineiros nos cenários nacional e internacional. Nesses 50 anos, os três clubes de Belo Horizonte tiveram ali momentos de alegria e glória. Para o América e seus torcedores, os anos de 1971, 1993, 2000 (Copa Sul Minas), 2001 e 2005 (Taça Minas Gerais) são inesquecíveis e servem de referência para a continuidade da bonita trajetória do único clube decacampeão de Minas Gerais.

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