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Entrevista: mineiro Matheus Nicolau analisa seu futuro após a primeira vitória no UFC

Lutador conversou com a reportagem e contou os bastidores de sua vida no Rio

postado em 30/11/2015 08:30 / atualizado em 30/11/2015 17:15

Euler Junior/EM/D.A Press

O nervosismo da estreia já se foi. O mineiro Matheus Nicolau estreou no UFC no início deste mês, em São Paulo, com uma vitória por finalização sobre Bruno Korea. Agora, é hora de pensar no futuro dentro da organização.

O lutador de Belo Horizonte recebeu a reportagem do Superesportes na BH Fight, academia na qual deu seus primeiros passos, aos nove anos, para uma entrevista exclusiva. Nela, Nicolau diz ainda que não decidiu se lutará na divisão dos moscas ou dos galos e analisou as duas categorias no UFC.

Confira abaixo o bate-papo com o lutador do UFC.

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Como é para você a sequência após o nervosismo da estreia?
A situação não mudou muito. Foco muito no meu próximo passo, evito pensar muito à frente. O medo da derrota é natural, que vai acontecer em todas as lutas. Costumo dizer que a gente vai para um mundo desconhecido a cada luta. Por mais que a gente treine, se prepare para todas as situações, pode acontecer alguma coisa que a gente não espera. Sempre vai haver o medo da derrota, do fracasso, mas a coragem do sucesso é sempre maior. O meu foco agora é pensar no próximo passo. Mas não sei ainda com quem lutar, data. Só quando estiver tudo definido começarei a pensar em estratégias e treinos específicos. É um passo de cada vez, viver dia por dia e fazer do céu o limite.

Em qual categoria lutar?
Não sei em qual categoria vou lutar e, por isso, não tenho ideia de quem será meu próximo adversário. Vou sentar com o Dedé Pederneiras, o Roberto Corvo e meus outros treinadores para decidir em qual categoria vou firmar. Me sinto confortável em qualquer categoria. As duas, assim como tudo na vida, tem seus pós e contras. Tenho que decidir para pensar nos possíveis adversários.

Luto bem nas duas divisões. Estou na dúvida em qual lutar. No peso-galo eu perco menos peso e talvez seja interessante pela nova política, que não pode mais usar o soro intravenoso (usado para a reidratação e recuperação de peso). Porém consigo manter um peso baixo para lutar nos moscas, apesar de sofrer um pouco no processo de perda de peso, mas recupero bem. Tenho uma estatura maior que os rivais dos moscas. Vou estudar com calma para tomar a atitude certa para meu futuro.

Como foi a adrenalina de estrear no UFC?
Tento manter o foco na luta, no que vai acontecer dentro do octógono e esquecer as coisas do lado de fora. O nervosismo foi até menor do que em outras lutas, porque já tinha mais experiência. É inevitável falar que a estreia no UFC não tem nervosismo, mas estava tranquilo. Tudo pode acontecer em uma luta de MMA, como foi na minha estreia, que estava dominando e acabei levando um chute no queixo e fui a knockdown. Estava me sentindo vitorioso durante a semana do evento, porque fiz tudo o que tinha que ser feito com excelência. Não foram dois meses de treinamento, mas sim quatro, porque a luta aconteceria antes. Tinha um nervosismo por causa do medo do fracasso, mas estava muito motivado para mostrar o meu trabalho e dar o meu melhor.

Como você analisa as duas categorias em que você pode lutar?
O Demetrious Johnson é um campeão dominante na categoria dos moscas e sua história no UFC mostra isso. Já o TJ Dillashaw chegou agora, dominou as lutas contra o Renan Barão, porém tem pouco tempo como campeão. Mas tem muitos nomes bons vindo nas duas categorias. O UFC tem renovado bem seu plantel com novos nomes. Nos moscas, tem o Henry Cejudo, Jussier Formiga. Nos galos tem o Thominhas Almeida, o Johnny Eduardo. As duas divisões são de caras bem habilidosos e híbridos. Acho as duas mais difíceis do UFC, por ter atletas rápidos. Qualquer uma será bem complicada, mas estarei pronto para fazer grandes lutas.

O que você tira de lição com a derrota de Ronda Rousey?
Ninguém é invencível em qualquer esporte. No MMA a gente viu isso com o Anderson Silva e agora com a Ronda Rousey. A Holly Holm é uma grande atleta, já havia sido campeã mundial de boxe. Ela conseguiu encaixar o jogo, a Ronda não encontrou a Holm, que fez uma estratégia perfeita, passou por cima da campeã sem sofrer na luta. Não existe invencível, basta estar no topo que você se torna um alvo.

Como é treinar na Nova União com grandes nomes do MMA?
É uma honra muito grande, uma oportunidade única de aprendizado. Poucas pessoas têm essa oportunidade. Tento tirar o melhor proveito disse. Tento aprender com todos, com a experiência de cada um. Não aprendo apenas se acontecer comigo. Tento tirar aprendizado com tudo. Sou muito grato por estar lá na Nova União, treinando e desenvolvendo. É mais que uma equipe, é uma família. Me sinto muito à vontade, é a minha casa. Desde o início foi assim. Optei pela Nova União por esse estilo família, não foi porque tinham pessoas famosas lá. Achei que era o lugar ideal para me desenvolver nas artes marciais.

Como é sua relação com Roberto Corvo?
A gente começou nosso contato de forma natural. Eu já tinha dois meses de Nova União quando ele saiu da Team Nogueira e foi para lá. Eu estava fazendo um treino de preparação para minha luta e ele começou a gritar comigo. Depois disso eu agradeci e nossas ideias bateram. Ele foi essencial para minha evolução, me apresentou um lado estratégico que não conhecia, me fez apaixonar pelo boxe. Estou caminhando com ele, a gente aprende muito um com o outro, a gente se ajuda bastante. A gente mora junto, ele me conhece inteiro. A gente se comunica fácil, escuto muito ele. Evolui absurdamente graças a ele. Muito do que aconteceu na minha carreira foi por causa dele.

Como é estar no local onde você começou depois de lutar no UFC?
Não me vejo como um astro aqui. Eles sempre me trataram muito bem, porque sempre trato todo mundo bem. Sempre tive o respeito dos donos, que me viram aqui desde os nove anos no jiu-jítsu. Eles sempre me acompanham, desde o início da minha trajetória. Sou grato demais de dar um pouco de orgulho para eles. Sempre luto pelos meus amigos, pelas pessoas que torcem por mim. É muito gratificante ver todos que torceram por você vibrando após mais um objetivo conquistado.

Qual o seu maior medo no MMA?
Difícil falar. Talvez seja o medo da derrota. Mas eu já conheci a derrota, odeio o gosto da derrota e sei que ele existe. Faço o possível, dia após dia, para não sentir de novo. Meu maior medo é não viver mais do MMA, ter alguma doença ou acidente que me impossibilite de viver o caminho do guerreiro. Fora isso, as coisas que acontecem no caminho, estou disposto a aceitar qualquer consequência para continuar realizando meus sonhos.

E quais são esses sonhos?
Meu maior sonho é viver dia após dia nessa profissão. Não gosto de colocar metas. Claro que quero o cinturão, quero isso desde que comecei a treinar. Mas meu maior sonho é treinar dia após dia, matar vários leões nos treinos para chegar bem na luta. Se eu conseguir concentrar e dar um passo de cada vez eu não tenho dúvidas que vou chegar no topo e por lá permanecer.

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