COLUNA DO JAECI

Ele voltou fazendo mea-culpa

Não creio que Dunga chegue a 2018. Treinador que inicia um trabalho não costuma durar até o Mundial

postado em 23/07/2014 08:22 / atualizado em 23/07/2014 08:26

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

AFP


Dunga, novamente técnico da Seleção Brasileira e apresentado ontem pelo presidente da CBF, José Maria Marin, e pelo novo coordenador, Gilmar Rinaldi, voltou prometendo se relacionar melhor com a imprensa. Disse que nos últimos quatro anos fez um mea-culpa. Acho justo. Não sou revanchista como o ex-volante, que ao receber a taça como capitão do tetra, em 1994 (foto), xingou fotógrafos e repórteres. Particularmente, não nos relacionamos, mas, como profissionais, teremos de nos aturar. Todo ser humano que repensa a vida e pede chance de se redimir merece tê-la. Mas ele mesmo frisou que não vai mudar sua personalidade, no que tem razão. Ninguém muda aos 51 anos de idade.

A questão pessoal, digamos, está resolvida. Mais importante, porém, como Dunga mesmo afirmou, é a Seleção. Aí pergunto: que belo trabalho o levou a voltar? Para ele, o aproveitamento de 76% pesou. Mas qualquer técnico da Seleção chega a números próximos, contra seleções de segunda e terceira linhas. Ganhou a Copa América’2007 e a das Confederações’2009 aos trancos e barrancos. No Mundial da África, venceu times fracos, como a inexpressiva Coreia do Norte. E nas quartas de final levou 2 a 1 da Holanda de virada, não fez a terceira substituição e, ao peitar um repórter da Globo e a própria emissora, ela soltou forte editorial e ajudou a derrubar o técnico.

O técnico comandou em 2013 o Internacional e, questionado, foi demitido 10 meses depois. Ele tem uma história como jogador da Seleção, marcada pela Era Dunga, em que foi execrado depois da eliminação nas oitavas de final da Itália’1990, mas teve a chance de dar a volta por cima, levantar o caneco do tetra nos EUA’1994 e proclamar seu revanchismo xingando a imprensa.

Não creio que ele chegue a 2018. Treinador que inicia um trabalho não costuma durar até o Mundial. Não o reconheço como bom técnico. Acho que caiu de pára-quedas de novo. Será disciplinador, metódico, mas seus conceitos sobre futebol não me impressionam nem um pouco. Como jogador, para mim foi melhor. Bom volante, passava bem e chutava a gol. Que tenha sorte e desminta os 85% de torcedores brasileiros contrários à sua volta. Se resgatar o nosso futebol e conquistar a Copa da Rússia, teremos de aplaudi-lo.

Sobre Gilmar Rinaldi, tão questionado por ter, segundo ele, sido empresário até o dia em que foi convidado, não vejo méritos para ocupar a coordenação. Mas merece a chance de se provar competente. Faltou uma pergunta simples: como ele se sentirá se um jogador por ele um dia representado for convocado por Dunga? Se fizer bom trabalho na nova função, daremos a mão à palmatória.

Não vou aqui secar ou fazer previsões. Vou torcer, como brasileiro e amante do futebol, para que tudo dê certo e a trinca Gilmar, Gallo e Dunga resgate o nosso estilo e nos conduza ao título em 2018. As Eliminatórias serão duras. Uruguai, Argentina, Chile e Colômbia estão na frente em organização e talento. Resta saber se, pela primeira vez na história vamos precisar de uma repescagem. São tantas decepções ultimamente, que só falta essa para sujar de vez nosso rico currículo.


Recopa
O Galo entra no Mineirão esta noite com a mão na taça. Se não levar gol, garante o título. Levir Culpi ajeitou um pouco a casa, embora o time ainda esteja longe do que o torcedor deseja: o título brasileiro, que o Galo não ganha desde 1971. O grupo precisa de jogadores de qualidade. E é bom lembrar que a principal estrela, Ronaldinho Gaúcho, não entrou em campo nesta temporada. Vestiu a camisa, pisou no gramado, mas foi nulo. Tanto que saiu no intervalo contra o Lanús, Guilherme mudou o jogo e ajudou na vitória. Mas R10 é craque e, em noite inspirada, pode levar a equipe a uma conquista. Vai embora em dezembro, mas bem que poderia atuar bem e justificar o belo salário. A torcida vai lotar o Gigante da Pampulha. Que o clube não jogue a possível conquista no lixo, como as duas Copas Conmebol. Título internacional tem de ser valorizado, com o troféu lustrado na galeria de Lourdes.

Tags: americamg atleticomg cruzeiroec