COLUNA DO JAECI

Acabou a penúria: dívida fiscal acertada

O Atlético está pronto para se mover com suas próprias pernas e, cada vez mais, disputar os títulos com time forte

postado em 27/08/2014 14:00 / atualizado em 27/08/2014 09:33

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

Euler Junior / EM DA PRESS
Depois de décadas de sofrimento, o Atlético consegue finalmente dar um passo gigantesco para equilibrar suas finanças. O clube aderiu ao Refis, com parcelamento de um total de R$ 190 milhões em 15 anos. O pagamento mensal será da ordem de R$ 1 milhão, o que não afetará o orçamento do clube. Além disso, parte dos R$ 36 milhões, retidos da venda de Bernard servirão como entrada, e o Galo ainda tenta liberar 11 milhões, que serviriam para quitar questões pontuais.

Pronto, era só isso que faltava na administração Kalil para que ele ganhasse um 10, com louvor, como diria o professor Raimundo, na Escolinha do saudoso Chico Anísio. Livre de dívidas que o atormentavam havia décadas, o Atlético está pronto para se mover com suas próprias pernas e, cada vez mais, disputar os títulos com time forte e sem a dor de cabeça de ter credores batendo à sua porta. A casa está mais do que organizada. Também, com um presidente como Kalil, e um corpo jurídico do mais alto nível – Rodolfo Gropen, José Lasaro e Sérgio Sette Câmara não se poderia esperar outra coisa. Será que eles não poderiam trabalhar no meu Flamengo? Só mesmo uma equipe dessa grandeza para resolver o graves problemas do meu Mengão.

O que mais quer o torcedor alvinegro? Tem um dos melhores CTs do mundo, uma casa em ordem e um time competitivo, que atualmente disputa títulos, e não apenas figura nas competições. Claro que essa equipe precisa melhorar, mas com um orçamento na casa dos R$ 200 milhões, é bem provável que o próximo presidente, Daniel Nepomuceno, tenha caixa para montar um time campeão. Kalil fez isso, debaixo de uma saraivada de dívidas, e conseguiu dar o maior título da história do clube, a Libertadores.

Nepomuceno, com a dívida fiscal refinanciada e o dinheiro de TV e patrocínios que reforçarão os cofres do clube, poderá contratar sem medo de errar. Porém, dou a ele uma sugestão: invista na base, pois ela é a grande solução para os grandes clubes, como reveladora de talentos. Não há muita gente boa no mercado para ser contratada.Diferentemente do que diziam alguns, o Atlético tinha sim solução, e bastou entrar alguém com visão de mercado e determinação para resolver que a coisa foi resolvida. Kalil marcou alguns gols de placa em sua gestão. A conquista da Libertadores e esse refinanciamento da dívida fiscal, com certeza, foram dois gols de bicicleta. Sairá do clube com seu nome mais do que gravado na história. Cometeu alguns erros, é claro. Considero o maior deles ter trazido Guilherme, um jogador absolutamente normal, que custou os olhos da cara, fez o presidente passar frio na Rússia, para se tornar um engodo. Joga cinco partidas, fica 10 no banco e outras 10 de fora, por contusões. Jamais foi aquele jogador de começo de carreira, no Cruzeiro, que tinha pinta de craque. Ficou mesmo só na pinta.

Mas só erra quem tenta acertar. Pior é ter um presidente que não arrisca, que não tem visão. Aí a coisa desanda mesmo. Se Kalil pecou, foi por excesso, jamais por omissão, e o resultado está aí: um clube completamente organizado e equilibrado sob todos os pontos de vista. Falta, quem sabe, ganhar a Copa do Brasil e fechar seu ciclo com chave de diamante. Eu não duvidaria. Do jeito que esse Kalil é largo, pra dormir com a Copa do Brasil ainda este ano, pouco custa.

Pela quinta conquista
Falando em Copa do Brasil, é preciso lembrar que existe o maior campeão de todos, o Cruzeiro, que, ao lado do Grêmio, tem quatro títulos da competição e entra firme, a partir de hoje, para buscar a quinta taça. O adversário é o desconhecido Santa Rita, de Alagoas, que deverá ser ultrapassado sem maiores problemas. Sei que essa competição, assim como a Libertadores, é traiçoeira, mas não há como imaginar que esse porco magro possa sujar a água. O Cruzeiro vai atropelar aqui e lá. E, passando, enfrentará o vencedor de Vasco e ABC nas quartas de final, o que sugere a este otimista colunista que o time azul já está na fase semifinal da competição.

Só tenho uma dúvida: o técnico Marcelo Oliveira (foto), campeoníssimo em pontos corridos, tem sido um fracasso em mata-mata, e aí a coisa complica. Ele conseguiu perder duas Copas do Brasil, em casa, com o Coritiba, e foi eliminado pelo Flamengo dirigindo o Cruzeiro. Além disso, em outra competição nos mesmos moldes, sucumbiu, praticando futebol ruim, e foi eliminado.

Mas ele deve ter aprendido com os erros. Nosso editor de mídias convergentes, Benny Cohen, tem outra tese. Ele diz que, se Marcelo chegou a duas finais, é porque teve competência par tal. Ok, meu caro Benny, tá valendo também. E o Cruzeiro tem a chance de conseguir a Tríplice Coroa novamente. Para isso, bastará ganhar a Copa do Brasil, pois o Brasileirão, não tenho dúvidas, ninguém vai tirar. Jogará o returno por apenas nove ou 10 vitórias, tamanha a sua capacidade neste turno. Ele consegue superar até mesmo a si próprio, na temporada passada, o que prova que manutenção de técnico e de grupo resulta mesmo em títulos. De vendedor o Cruzeiro passou a comprador e as taças viram constantes na gestão de Gilvan de Pinho Tavares. É o futebol mineiro em alta, o que engrandece o estado e sua torcida.

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