COLUNA DO JAECI

Veterana a um empate da taça

O Galo atuou mal, não criou, não teve qualidade nem competência para vencer. E não se pode tirar o mérito da Caldense, muito bem treinada, que sabe o que quer e se defendeu, mas sem deixar de atacar

postado em 27/04/2015 12:00

O “Eu acredito” foi trocado por uma sonora vaia no fim do jogo de ontem no Mineirão, depois do 0 a 0 do Atlético com a Caldense na primeira partida decisiva do Campeonato Mineiro. Se o técnico Levir Culpi queria inverter a vantagem da Veterana, não conseguiu. Nem o faria com a incompetência de Carlos, a fragilidade de Patric e a péssima atuação de Dátolo. Para piorar, o que todos temiam: Guilherme saiu sentindo dor na coxa e não voltou para a etapa final. Parece que a sina do armador é esta: faz duas partidas brilhantes e não consegue dar sequência justamente pelos problemas físicos. É um jogador importante tecnicamente, mas as sucessivas contusões o impedem de ir além. Desta vez, Lucas Pratto passou em branco, pois a bola não lhe chegou como deveria. Nem mesmo Thiago Ribeiro, que atua pelas extremas, conseguiu algo. O resultado deixa a Caldense a um empate do título. Se não sofrer gols domingo em Varginha, levanta o troféu.

Os grandes times brasileiros carecem de qualidade, equilíbrio e regularidade. Mas não é o que temos visto. O Atlético, por exemplo, tem incrível instabilidade. Joga bem contra o Colo Colo e faz uma partida pífia como a de ontem, em que não deu o menor trabalho ao goleiro. Segundo Levir, o adversário fez duas linhas compactas e dificultou para os atacantes atleticanos. Ora, senhoras e senhores, será que ele imaginava que o time de Poços de Caldas chegaria ao Mineirão para atuar aberto?

É impressionante como as entrevistas coletivas dos treinadores são óbvias. Eles ganham fortunas para treinar as equipes e, quando não vencem, dão desculpas esfarrapadas. Mas, segundo o próprio Levir, o Galo tinha 180 minutos para vencer e poderá fazê-lo nos próximos 90. Vale, porém, lembrar que do outro lado terá uma rival forte, encorpado, a melhor equipe da competição. Digo até que se ela perder será uma grande injustiça para quem está invicto até aqui.

O Atlético se acostumou a ganhar jogos decisivos no Independência, onde a torcida tem papel fundamental. Mas ontem o presidente Daniel Nepomuceno optou por privilegiar a torcida e faturar mais, pois imaginava que, pela camisa e pela força alvinegra, o time não encontraria dificuldades em vencer. Não foi assim, contudo. O Galo atuou mal, não criou, não teve qualidade nem competência para vencer. E não se pode tirar o mérito da Caldense, muito bem treinada, que sabe o que quer e se defendeu, mas sem deixar de atacar. Criou algumas boas chances, que poderiam resultar em gol. Mas, para ela, o resultado ficou de bom tamanho. Não aumentou a vantagem, mas não a perdeu.

Já disse no nosso Alterosa no ataque e escrevi várias vezes aqui que o título mineiro nada acrescentará nada na vida do Atlético, maior vencedor do torneio. Mas avançar na Libertadores, sim, fará grande diferença. E a partir da semana que vem, o torcedor estará voltado para essa competição, e os próprios jogadores, que entrarão em campo domingo em Varginha, estarão com a cabeça no Inter, na partida da quarta-feira seguinte. Claro que os jogadores querem ganhar sempre, mas acho que a vantagem da Caldense é grande, justamente por entender que o alvinegro oscila e não causa boa impressão. Com esta instabilidade, não ganhará nem se o ET de Varginha descer no gramado. O Galo ainda é o favorito, pois o Melão é campo neutro, mas, para tirar a taça da Veterana, terá de jogar o que ainda não jogou neste ano. E acho difícil que isso vá acontecer no domingo.

O que há de errado?

É preciso que o departamento médico e o de fisiologia do Atlético expliquem os motivos de Guilherme se machucar tanto. Quando ele surge com belos passes e jogos espetaculares, como fez contra o Cruzeiro, cria grande esperança na torcida. Dois jogos depois, porém, sente a musculatura da coxa e é substituído. Conversei com um fisioterapeuta que cuidou do armador na base do Cruzeiro, e ele me disse que o problema é crônico. Acredito que o fato de ter jogado 15 partidas em dois anos no Leste Europeu tenha contribuído para as sucessivas contusões. É um jogador altamente técnico, que tem um débito muito grande com a torcida e prometeu quitá-lo nesta temporada. Tomara que se recupere a tempo, pois a equipe precisa dele inteiro. O jogador garante que a contusão foi menos grave do que as anteriores e acredita que estará em campo no domingo. Menos mal.

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