COLUNA DO JAECI

Hora de limpar o futebol: cadeia para os ladrões

Nosso futebol está na lama, com jogos de baixo nível e estádios quase sempre vazios. Surge agora grande chance de limpá-lo de vez, recomeçando do zero para tentar resgatar os bons tempos

postado em 28/05/2015 12:00


Quando o FBI entra em ação, ainda mais em país que tem tratado de extradição com os Estados Unidos, caso da Suíça, é para explodir a organização criminosa, prender os acusados, levá-los para a América e condená-los, com os rigores das leis norte-americanas. Por isso, o destino de José Maria Marin e demais acusados de fraudes, corrupção e lavagem de dinheiro é cadeia, e por longo tempo. Ao ex-presidente da CBF se junta Eugenio Figueredo, também de 83 anos, ex-presidente da Conmebol. O FBI chegou a pôr um agente infiltrado, que era vice-presidente da Concacaf, para gravar conversas, pegar documentos e entregá-los às autoridades. A Copa do Mundo’2014, no Brasil, está em xeque, como as da Rússia’2018 e do Catar’2022, por fartas distribuições de propinas.

Nossa esperança é que o futebol mundial seja passado a limpo. É a grande oportunidade de acabar com federações, tribunais e deixar a CBF cuidando só da Seleção Brasileira. Que os clubes fundem suas ligas e guiem os próprios destinos. STJD e TJDs só existem no Brasil. Por isso o futebol do país está no fundo do poço, sem um time que empolgue e com jogos ruins e sonolentos. Não temos craques, técnicos, esquema de jogo eficiente nem novidade tática, com raras exceções. Não temos dirigentes competentes. Alguns, corruptos, enriqueceram dividindo comissões com empresários em negociações de jogadores.

Por tudo o que houve ontem, não há condição de haver eleição para a presidência da Fifa amanhã. Algumas confederações prometem boicotá-la. Joseph Blatter não é santo. O melhor que poderia fazer seria abrir mão da candidatura. Embora não tenha sido preso nem acusado ainda, a situação dele pode se complicar, pois o FBI confiscou computadores da entidade. A Fifa não pode ser soberana e decidir os destinos de seus filiados. Volta e meia ela é envolvida em escândalos de corrupção, que já tiveramréus confessos, como João Havelange e Ricardo Teixeira. Na América do Sul, sabemos que a Conmebol, dirigida por Nicolás Leoz por quase 40 anos, é marcada por desmandos e denúncias. Com a polícia dos EUA no caso, não há conversa.

Quanto aos sete dirigentes presos, o FBI apresentou documentos que não deixam dúvida. O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, disse que a propina recebida é da gestão Ricardo Teixeira. J. Hawilla, dono da Traffic, que devolveu mais de R$ 450 milhões à Justiça dos EUA, fez delação premiada e vive em liberdade vigiada em Miami. Quantas negociações não fez com a CBF, como parceiro de Teixeira e de outros dirigentes? Ele é apenas a ponta do iceberg, que ainda vai pegar muito mais gente.

Venho dizendo, aqui e no Alterosa no ataque: nosso futebol está na lama, com jogos de baixo nível e estádios quase sempre vazios. Surge agora grande chance de limpá-lo de vez, recomeçando do zero para tentar resgatar os bons tempos. Não é preciso tribunais ou federações para decidirem isso. Que os culpados sejam presos, a Fifa tenha novo mandatário, o futebol brasileiro possa se reerguer e dar uma banana aos corruptos.


Vergonha
Vanderlei Luxemburgo deverá acertar com o Cruzeiro nas próximas horas. O motivo maior da possível contratação dele, foi o vexame e a vergonha que o técnico, Marcelo Oliveira fez a torcida do Cruzeiro passar, na noite de ontem, no Mineirão, quando foi goleado pelo River, por 3 a 0, placar pequeno em relação ao que o time argentino fez. O Cruzeiro tinha caixa para tomar de 6 ou 7. Eu avisei no nosso Alterosa no Ataque, e aqui neste espaço, que o time azul era um bando em campo, mal treinado, sem padrão de jogo e sem qualidade. Fui criticado por alguns apaixonados e cegos. O resultado está aí. Cruzeiro eliminado, de forma vergonhosa, dentro de casa.

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