COLUNA DO JAECI

Casa cheia para um grande jogo

Em meio a jogos sofríveis, quando temos um Atlético x São Paulo ficamos empolgados. Estou certo de que será um jogão, de tirar o fôlego

postado em 29/07/2015 12:00 / atualizado em 29/07/2015 08:05

BRUNO CANTINI / ATLÉTICO
O Galo terá casa cheia esta noite, com possibilidade de quebra de recorde de público diante do São Paulo, no Mineirão. Bacana a iniciativa do presidente Daniel Nepomuceno de levar os grandes jogos para o Gigante da Pampulha, por privilegiar três vezes mais o número de torcedores em relação ao Independência. Mas ele sabe que não deve fazer isso sempre, pois o alçapão do Horto é fundamental para a caminhada rumo ao título. O Atlético tem o melhor time do Brasil, com opções de reposição à altura e esquema de jogo bem definido. Finalmente, Levir Culpi se rendeu aos pedidos, meus e da torcida, e escalou Leandro Donizete. Percebeu que com apenas um volante o time ficou vulnerável. Bastou o “cão de guarda” entrar para ajeitar as coisas. Quando ele ficou de fora, a equipe levou 11 gols em quatro jogos. Técnicos são teimosos, mas não burros. Na hora em que a coisa aperta para o lado deles, não há como não ouvir o torcedor. E por mais que seja rico – sabemos que os salários dos treinadores no Brasil são irreais –, o cara teme perder o emprego, e uma mamata dessas não se acha em qualquer lugar. Haja vista que na Europa não há espaço para técnico brasileiro. O cara engana aqui, na China ou no mundo árabe.

O São Paulo está no bolo dos times que querem a taça. Desde 2008, quando foi tricampeão, só ganhou uma Copa Sul-Americana. Mas sua torcida entende que um clube passa por momentos assim e o apoia incondicionalmente. O tricolor paulista, ciente de que não há grandes treinadores por aqui, buscou o colombiano Osorio, estrategista, que ainda se adapta ao futebol do país. Se tiverem paciência, ele dará um nó nos técnicos locais. Vivemos um filme de horror, com o Brasileirão em péssimo nível, e não se fala nada. Em meio a jogos sofríveis, quando temos um Atlético x São Paulo ficamos empolgados. Estou certo de que será um jogão, de tirar o fôlego. Que o saudoso mestre Telê Santana, que tanto amou os dois times, aponte lá de cima o Mineirão esta noite, para que tenhamos a melhor partida da competição até aqui.

Sei que muitos analisam com a camisa do time por baixo. O torcedor está no seu papel ao usar a emoção e não a razão, mas nós temos a obrigação de pôr o dedo na ferida. Nosso futebol agoniza e não temos equipe referência. Nem mesmo o Galo, que aponto como a melhor do Brasil, chega a encher os olhos. Digamos que dá para o gasto, sem ser excepcional. Nossos técnicos não estudam, não aprimoram a parte técnica dos atletas, que, por sua vez, também não se interessam em melhorar. O que há de jogador em time grande matando a bola na canela... Pena que um cara com a criatividade de Paulo Henrique Ganso tenha problema no joelho. Ele, sim, seria a grande diferença entre o craque e os medíocres. Em um toque decide uma partida. Não há ninguém como ele no mercado nacional. A realidade é dura e tem gente que precisa vender um produto que não existe.

Fazer futebol sem dinheiro é muito difícil, ainda mais com as categorias de base dos clubes deterioradas, sem o investimento necessário. Por isso, temos tantos peruanos, equatorianos, colombianos, chilenos, uruguaios etc. Se antes contratávamos os melhores zagueiros uruguaios e argentinos, hoje nossos dois melhores atacantes são o peruano Guerreiro (Flamengo) e o argentino Lucas Pratto (Atlético). Quando vemos um zagueiro como o cruzeirense Manoel ganhando R$ 485 mil mensais e o atacante palmeirense Dudu faturando R$ 800 mil, constatamos que está mesmo tudo errado por aqui. O que esses jogadores fizeram no futebol para receber tanto?

E por falar em Palmeiras, o clube chegou a 32 contratados na temporada, cobrindo propostas dos concorrentes, por vezes até dobrando salários. O presidente do clube, acionista de um grande banco – desses que faturam bilhões por trimestre à custa do suor do povo –, emprestou R$ 180 milhões ao alviverde. A conta será cobrada no futuro, quando a agremiação estiver endividada. Há torcedores que não estão nem aí. Outro dia, recebi e-mail de um deles dizendo que quer ver seu clube na bancarrota, mas campeão. Prefiro o meu Flamengo sem ganhar nada durante anos e, com a casa ajeitada e sem dívidas, ganhar tudo.

Felizmente, o Atlético, que joga hoje, tem a vida financeira arrumadinha, belo time e condições de buscar o caneco. Quase imbatível no Mineirão ou no Independência, é nisso que a Massa aposta para festejar em dezembro. Se chegar aos 42 pontos no turno, precisará de mais 30 em 19 jogos para ser campeão. Como fará nove em casa, são 27. Como aqui ele quase não perde, será questão de tempo.

A coluna dá uma pausa por uma semana e volta a ser publicada em 5/8

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