COLUNA DO JAECI

Promiscuidade financeira

É inadmissível, num país miserável como o nosso, um jogador de futebol ganhar R$ 800 mil mensais

postado em 24/05/2017 12:00

AFP

Os jogadores argentinos Di María e Pastore, do PSG, estão sendo investigados pela Justiça francesa, até com busca em suas casas, suspeitos de fraudes fiscais. O português Cristiano Ronaldo e o francês Paul Pogba também são suspeitos de evasão ou otimização fiscal. O ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, foi preso por suspeitas em fraudes no esquema da Seleção Brasileira, principalmente num jogo amistoso contra Portugal, em Brasília. Curiosamente, dois ex-governadores da capital federal foram presos ontem por suspeita de superfaturamento nas obras no Estádio Mané Garrincha. José Roberto Arruda é velho conhecido pelas falcatruas e sujeiradas que já cometeu. Conhece a cadeia e as grades da Papuda. Agnelo estava prestes a cair, e caiu, pois o que aconteceu no Mané Garrincha durante sua reconstrução foi vergonhoso. Um estádio orçado em R$ 671 milhões, que custou R$ 1,4 bilhão. No Brasil de hoje só se fala em milhões e bilhões, quantias inimagináveis em outrora, como se fosse R$ 1. São os tempos modernos e de escândalos.

É lamentável que um jogador ganhe uma fortuna na Europa, receba todo o tipo de infraestrutura e se negue a pagar imposto. Difícil é aqui no Brasil, que tem impostos da Suíça com benesses da África. Lá fora, o cara tem educação, saúde e segurança, o que significa dizer que o imposto pago por ele é revertido em prol da sociedade e dele próprio. Porém, os jogadores se sentem acima do bem e do mal. Ganham quantias volumosas e acham que não devem pagar imposto por isso.

A suspeita da polícia é de que Cristiano Ronaldo pôs 180 milhões de euros em paraísos fiscais, fugindo assim do fisco inglês, quando jogava em Manchester, e do fisco espanhol, agora no Real Madrid. O brasileiro Neymar e seus companheiros Messi e Mascherano também foram envolvidos em tais escândalos. Messi e Mascherano, condenados, fizeram acordo e pagaram multas. Já a situação de Neymar não sei como anda. Sei sim que Sandro Rosell foi para a cadeia. Ele renunciou ao cargo de presidente do Barça em 2014, justamente pela nebulosa contratação de Neymar. Há um processo correndo na Espanha que deverá resultar em multa astronômica e cadeia.

Quiséramos nós, simples mortais, poder usufruir do imposto que pagamos. Aqui, paga-se uma fortuna, não temos educação, saúde e segurança. O país está entregue aos ratos, cada um comendo um pedaço do queijo e caindo nas ratoeiras. Felizmente, há muitas ratoeiras. Pior se não houvesse. O futebol é apenas reflexo de uma sociedade desorganizada, refém de políticos corruptos e ladrões. É inadmissível, num país miserável como o nosso, um jogador de futebol ganhar R$ 800 mil mensais. Isso é um desrespeito ao povo brasileiro, que ganha míseros R$ 937 de salário mínimo. Os clubes, quebrados, fazendo Refiz por impostos não pagos, gastam fortunas como se fossem clubes europeus. Isso tem que acabar. Tem que haver um teto para técnico e jogadores. Não é mais possível viver nesse mundo da ilusão. Os caras voltam da Europa, sem mercado e sem futebol, e são contratados ganhando verdadeiras fortunas. É sabido também que aqui no Brasil boa parte dos atletas sonega impostos, através do direito de imagem. A maioria ganha uma quantia bem menor na carteira e o bolo maior por fora. Será que pagam imposto pelo que recebem fora da carteira de trabalho? Temos coisas mais urgentes a resolver, mas tenho a certeza de que, em breve, o Ministério Público e os procuradores vão investigar os clubes de futebol e suas fanfarrices. Diretores de futebol mancomunados com empresários e técnicos. Um círculo vicioso: acerta com o diretor de futebol o emprego do novo técnico no clube e ele é obrigado a contratar seus atletas. Uma promiscuidade só. Sei que o “futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”, mas é preciso dar um basta nesses espertalhões, antes que os clubes brasileiros decretem falência. A falência técnica e a moral já estão constatadas há tempos.

Copa do Brasil

O Galo estreia hoje na competição contra o Paraná, no Couto Pereira, em busca do bicampeonato. O Atlético é apontado por todos nós como um dos favoritos aos títulos que está disputando nesta temporada, e isso inclui a Copa do Brasil. O time se acertou a partir do momento em que começou a jogar com três volantes. O presidente Daniel Nepomuceno, desses homens corretos e sérios, tem procurado contratar e repor peças à altura de um time competitivo e que almeja as taças. Resta saber se Roger Machado saberá mexer o doce e equilibrar a equipes nas três competições que disputa: Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil. Haverá um momento em que, provavelmente, terá de abrir mão de uma delas. Se isso acontecer, que abra mão da Copa do Brasil, pois Brasileiro e Libertadores são fundamentais. Porém, enquanto tiver fôlego para todas, que vá avançando e fazendo a alegria da Massa.

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