COLUNA DO JAECI

Os times mineiros precisam de atitude e futebol de verdade

Um técnico de verdade é o que faz os treinos durante a semana, prepara o time, põe em campo e, no intervalo dos jogos, muda a cara da equipe que está mal

postado em 14/06/2017 12:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O líder do Brasileirão recebe o Cruzeiro, esta noite, em São Paulo. Com o moral elevado, confiança da torcida e da imprensa, já que é uma surpresa. Vejam que técnico não vale tanto assim como apregoamos. O técnico do Timão era auxiliar de Tite e acabou assumindo, interinamente, e mostrando serviço. Gente! O papel de um técnico em uma equipe é de no máximo 15%, se ele souber esquema tático, ser líder e trabalhar com jogadores consagrados e novos. Se não atrapalhar, já estará fazendo sua parte. É sabido que as gesticulações, gritarias e xingamentos à beira do campo, nada mais são que encenação para a torcida. Ali, o jogador não ouve nada e o técnico não consegue passar absolutamente nada. Um técnico de verdade é o que faz os treinos durante a semana – que saudades de Carlos Alberto Silva e Telê Santana –, prepara o time, põe em campo e, no intervalo dos jogos, muda a cara da equipe que está mal. Técnicos como os dois que citei não existem mais. O que vemos é uma maioria enganadora, que pula de galho em galho, fica rica e não ganha títulos. Estamos cheios desses caras aqui no Brasil.

Bastou o técnico corintiano, Fábio Carille, conversar com os atletas, passar sua filosofia de trabalho e tudo tem dado certo. Me apontem um craque no Corinthians? Não existe, assim como em nenhum time brasileiro. Porém, o técnico fez de Rodriguinho, que era do América e não servia para Cruzeiro e Atlético, um grande jogador. Recuperou o atacante Jô, que tinha grande identidade com o Galo, mas que também foi preterido pelo alvinegro mineiro. E olhem que o Corinthians é apenas um time bem montado, com esquema de jogo definido e organizado. Se um técnico não consegue fazer isso numa equipe brasileira, é porque, realmente, nada sabe. Tenho visto muita contratação de nomes no futebol mineiro, mas de pouca produtividade, muita grana e falta de gols e títulos.

O Cruzeiro, que vai em busca da regularidade e da afirmação, pegará um Corinthians forte, respeitado. Mano Menezes disse que o time azul encontrará sua forma de jogar e a manutenção de um esquema vitorioso em breve. É preciso encontrar logo, para não se distanciar do líder. Uma vitória hoje, com certeza, porá o Cruzeiro no rumo certo, na trilha correta, e mostrará que Mano tem razão. Não adianta vencer uma partida e perder duas. É visível a queda do Cruzeiro e a dificuldade para ganhar seus jogos, até contra adversários de segunda e terceira linhas.

Preocupa-me a nova ausência de Dedé, com mais problemas de joelho. Ele é um baita zagueiro e fará muita falta. Olho as equipes brasileiras e vejo grupos bem comuns. O Grêmio, por exemplo, segundo seu técnico, Renato Gaúcho, é o time que pratica o melhor futebol. Concordo com ele. E olha que Renato ficou uns dois anos sem treinar ninguém. E não venham os treinadores reclamar que não tem tempo de dar treinos, que os jogos são um em cima do outro e que vários jogadores estão contundidos. Esse é um problema recorrente de todas as equipes. Cruzeiro e Atlético, por exemplo, são apontados por nós como clubes que têm time e banco. Portanto, que seus técnicos, Mano Menezes e Roger Machado, se virem para suprir a ausência dos chamados titulares. Chega de desculpas esfarrapadas. Se não conseguem trabalhar assim, que peçam demissão e atuem em outra área. Vamos ver o comportamento do Cruzeiro, esta noite, na Arena da Vargonha, aquela que o Corinthians ganhou por meio de falcatruas de políticos e ladrões.

O Galo recebe o Atlético-PR, no Horto. É outro time que precisa se explicar. O presidente, Daniel Nepomuceno, gastou uma fortuna e trouxe quem o técnico pediu. Até Marlone, que eu avisei que não daria certo. Roger tem que se virar para fazer esse time jogar e pagar a conta no fim do mês. A campanha até aqui é pífia, comparada, em bela matéria do Superesportes, ao ano do rebaixamento do Galo para a Segundona, em 2005. Não é possível gastar tanto, trazer tantas estrelas, para ver o time perto ou na zona de rebaixamento. Time que quer ser campeão não pode, e não deve, perder para o Vitória, aqui, na Lua ou em Marte. Assim como esta noite, a obrigação de vencer é do Galo, que joga contra uma equipe intermediária que é o time paranaense. Que Roger ajeite essa defesa horrorosa, que encontre um volante de verdade, que marque e saia para o jogo, e que arrume um camisa 10 para criar jogadas. Já estamos no meio do ano e, até agora, Cazares e Otero mantêm a irregularidade. Jogam uma partida boa, contra equipes fracas, e outras péssimas, contra times do tamanho do Galo. Desse jeito, não vão contribuir com nada. Luan se colocou à disposição do técnico depois de praticamente seis meses no estaleiro, pois, quando voltou esse ano, machucou-se novamente. A garra e a vontade dele são visíveis, mas o que o Atlético está precisando é de futebol de qualidade, de verdade.

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