COLUNA DO JAECI

Não há mais espaço para os velhos coronéis

"Só para refrescar a memória dos leitores, Eurico Miranda é aquele que levou a renda de um jogo para casa e disse que foi assaltado no caminho"

postado em 15/09/2017 13:39

Minha querida colega Kelen Cristina está curtindo merecidas férias e, para mim, é uma grande responsabilidade escrever em seu espaço nesta sexta-feira. Porém, vou fazer o possível para estar à altura desta excelente profissional. Vou começar falando dos problemas entre Eurico Miranda (foto), presidente do Vasco, e o Ministério Público, que entrou com ação para que ele deixe a presidência imediatamente, por suspeita de estar mancomunado com as torcidas organizadas do clube, inclusive as banidas dos estádios pela Justiça, que andam provocando mortes e brigas generalizadas. Um juiz manteve Eurico, mas lhe deu 10 dias de prazo para se defender. Não é de hoje que sabemos que há dirigentes que patrocinam tais torcidas, que pagam aluguel de salas, telefone celular e tudo o mais. Que dão ingressos, pagam ônibus de viagem e por aí afora. Eurico Miranda é manjado no meio há tempos. É uma espécie de “coronel” do futebol. Não posso afirmar se ele é culpado ou inocente, mas uma coisa é certa: não deveria ter voltado a comandar o Vasco, pois não tem mais a competência dos anos 1990, quando levou seu time ao título da Libertadores. Eurico sempre mandou e desmandou. Proibiu a imprensa de trabalhar em São Januário e cometeu outras barbáries. Acho que seu prazo está mais do que vencido e ele deve perder as eleições no clube, se não for afastado antes. Só para refrescar a memória dos leitores, Eurico Miranda é aquele que levou a renda de um jogo para casa e disse que foi assaltado no caminho. Não precisamos dizer mais nada.

Quer ficar


Lendo a notícia de que Robinho gostaria de ficar no Galo, renovando por mais um ano, fico a me perguntar como o mundo do futebol é mesmo de “Alice no país das maravilhas”. Robinho foi contratado para ser a cereja do bolo alvinegro. Entre salários, aluguel do passe e outras coisas mais, ganha cerca de R$ 1,2 milhão. Até aqui, não justificou um centavo sequer, pois o futebol pobre apresentado o levou para a reserva. O Robinho que conheci na Seleção e que vi jogar no Santos, no começo da carreira, não é esse que estamos vendo. Ele é um cara espetacular como pessoa, mas está devendo, e muito, como jogador. Acho que se ele se sente grato ao Galo, e sabe que não jogou o que deveria, poderia repensar uma forma de compensar as atuações ruins com a redução substancial do salário, fazendo um contrato bem abaixo do que recebe hoje. Ficar, ganhando essa fortuna sem justificar o alto investimento, será uma via de mão única, onde o único beneficiado será ele. É um caso para ele pensar e decidir. Se quer realmente ficar, que devolva o amor que a torcida e o clube têm lhe dado.

Aliás, já sugeri aqui que o presidente Daniel Nepomuceno, tão logo aprove a construção do estádio, na segunda-feira, e confirme que será candidato à reeleição, faça uma lista e analise com lupa todos os contratos, vendo o custo/benefício de cada atleta. Custo/benefício é o seguinte: fulano custa tanto por mês. Jogou X partidas, fez X gols, foi fundamental para as vitórias ou para a conquista de títulos. Esse merece ser mantido. Outro caso é do atleta que fica vários meses do ano no departamento médico, joga pouco, produz quase nada e ganha uma bela grana. Esse não pode e não deve ficar, sob o risco de o clube gastar uma fortuna e não conseguir extrair dele o mínimo que um jogador deve dar. O Atlético está cheio desse tipo de jogador, e uma grande barca deverá partir no fim da temporada. Talvez um acordo de rescisão seja melhor do que manter o atleta por mais um ano, com contrato e salário exorbitantes.

Muitos atleticanos me questionam sobre a manutenção do técnico Rogério Micale. Eu apoiei sua chegada e acho que ele tem feito um trabalho razoável, diante da situação em que pegou o time. O objetivo agora é única e exclusivamente manter o Galo na Primeira Divisão, chegando o mais rápido possível aos 45 pontos e, aí sim, o presidente deverá pensar no que fazer. Não há técnico de ponta no mercado. Rogério Micale pode não ser o treinador dos sonhos do alvinegro, mas, pelo menos, não está lá apenas para ganhar dinheiro. Tem identidade com o clube, gosta dele de verdade e está fazendo o seu melhor. Só o tempo dirá se ele tem condições de se manter técnico do Galo ou se terá de dar a vez a outro. Não acho prudente mandá-lo embora, como sugerem alguns leitores.

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