COLUNA DO JAECI

A inveja mata

"Uma coisa é rivalidade dentro de campo, outra, bem diferente, é inveja"

postado em 24/09/2017 12:00

Divulgação
“O brasileiro é invejoso por natureza”, me disse numa entrevista exclusiva, em 2005, o rei Pelé. E a cada dia a gente constata isso. O Atlético aprovou a construção de seu estádio, a Arena MRV. Obra de uma grandeza que colocará o clube alvinegro em nível de Real Madrid, Barcelona, Juventus e Bayern de Munique – pelo menos no fato de ter sua casa própria. Porém, o que vi durante toda a semana foi gente com inveja, desdenhando, fazendo chacota. Perdoem-me os não atleticanos, mas essa é uma obra para ser aplaudida de pé, que tornará o Atlético um dos clubes mais respeitados do mundo, que gerará recursos e empregos para o município, que poderá fazer com que o alvinegro forme verdadeiros esquadrões pelo tamanho da receita que terá. Tudo o que girar em torno do espetáculo será do Galo, ao contrário do que vemos por aí, com arenas da Copa condenadas e usadas com o dinheiro público. No Rio, o Flamengo está anunciando que fará também sua casa, nos moldes da do Galo. Não vi vascaínos, tricolores ou botafoguenses desdenharem. Uma coisa é rivalidade dentro de campo, outra, bem diferente, é inveja.

Jair Ventura

Um nome a ser olhado com muito carinho no mercado da nova geração de treinadores. Consegue tirar água de pedra com o modesto time do Botafogo. Fez brilhante campanha na Libertadores, faz ótimo Brasileiro e mostra que uma equipe não precisa de medalhões ganhando R$ 1 milhão mensais. Basta ter um técnico que entenda de futebol, que saiba armar uma equipe e que tenha o grupo nas mãos. Os jogadores se doam por ele. Dos novos técnicos que surgiram nos últimos tempos, é o mais competente, coerente e correto. Ganha cerca de R$ 70 mil mensais, mas, com certeza, na próxima temporadas deverá receber propostas dos quatro cantos do Brasil. Se com esse time, limitado, já faz belíssimo trabalho, imaginem com mais estrutura e dinheiro?

Para francês ver

A expressão, na verdade, é “para inglês ver”, e foi criada por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse uma lei que impedisse o tráfico de escravos. Como sabiam que essa lei não seria cumprida, surgiu a expressão acima. Vou usá-la para exemplificar o atrito Neymar-Cavani. A ‘trégua’, o acordo de paz entre eles, não passa de um jogo de cena, em que num futuro bem próximo o mais fraco, no caso o uruguaio, será descartado. Neymar tem se imposto pelo valor de sua negociação, não por seu futebol. O jantar que seu colega Daniel Alves fez para unir o grupo foi bem-intencionado, mas na prática não funciona assim. A não ser que Neymar peça desculpas, publicamente a Cavani, aí sim a intriga estará encerrada. Caso contrário, ambos vão se aturar até que Cavani se canse e seja negociado. Não adianta atacar, em público, e se desculpar nos bastidores. Isso não funciona. Ainda mais que quase chegaram às vias de fato, no vestiário, segundo declarações de alguns jogadores do PSG.

Micale

Os torcedores alvinegros insistem em me perguntar se Rogério Micale continuará no Galo para a próxima temporada. Claro que Sérgio Sette Câmara, que será eleito em dezembro, não fala do assunto, mesmo porque sua chapa nem sequer foi registrada e, como vice-presidente, ele está preocupado com o momento atual, pois o Atlético precisa chegar logo aos 45 pontos e evitar qualquer possibilidade de queda. Porém, tudo dependerá do trabalho do técnico. Se conseguir classificar o time para a Libertadores de 2018, terá boa chance de ficar. Caso contrário, não terá a menor possibilidade de se manter no cargo. Pelo que eu conheço de Sette Câmara, vai querer buscar no mercado um técnico de ponta, que lhe dê tranquilidade e títulos no mandato. E, é claro, sempre se aconselhando com o maior presidente da história do clube, Alexandre Kalil. Não custa nada consultar o mestre!

Decisão

À medida em se aproxima a decisão da Copa do Brasil, BH vai ficando azul e o Mineirão estará lotado na quarta-feira. É o Cruzeiro em busca do pentacampeonato da competição, com chances muito boas de conseguir o objetivo. Por isso mesmo, minha coluna de amanhã e quarta serão dedicadas exclusivamente ao time azul e ao grande jogo contra o meu Flamengo. E já respondendo às perguntas sobre para quem vou torcer, digo sem o menor problema: vou torcer para o Cruzeiro, pois trabalho aqui há 30 anos e cuido do futebol mineiro com muito carinho. Quanto mais Minas Gerais estiver no cenário nacional e internacional, melhor para todos nós. Como diriam os poetas Fernando Brant, Lô Borges e Márcio Borges, em música eternizada na voz de Milton Nascimento: “Sou do mundo, sou Minas Gerais”.

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