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RONALDINHO

Do pesadelo à esperança

Ruptura no adutor da coxa esquerda tira Ronaldinho do Brasileiro e pode deixar o craque fora do Mundial no Marrocos. Médicos admitem gravidade, mas veem chance

postado em 28/09/2013 08:28 / atualizado em 28/09/2013 08:32



Preocupação, insegurança, angústia e caras fechadas. Foi um dia atípico e de muita comoção na Cidade do Galo. A preparação do Atlético para o duelo de amanhã contra Santos, no Independência, ficou em segundo plano. Tudo porque o maior ídolo da história recente do Atlético, o craque Ronaldinho Gaúcho, corre o risco de desfalcar a equipe na disputa do Mundial de Clubes, em dezembro, no Marrocos. O médico Rodrigo Lasmar confirmou que o jogador sofreu ruptura total da musculatura do adutor da coxa esquerda e precisará de dois meses e meio a três e meio para voltar aos gramados. Ele já está fora das partidas do Campeonato Brasileiro. Mas o departamento médico e o de fisioterapia prometem uma operação de guerra para reduzir o prazo de recuperação do jogador. O discurso, embora admitindo a gravidade do caso, era também de esperança.

Entre torcedores e nas redes sociais o clima era de espanto e de apoio. O atleta sentiu a lesão na tarde de quinta-feira, num treino de dois toques, ao tentar bater na bola. Imediatamente foi encaminhado a uma clínica de Belo Horizonte para realizar exames médicos. Depois de constatada a contusão, o armador se comprometeu a se submeter ao longo processo de reabilitação, que inclui horas de dedicação diária à fisioterapia e ao refortalecimento muscular. Ele terá de trabalhar em período integral e passará por avaliações semanalmente. A princípio, está descartado procedimento cirúrgico. Acupuntura ou tratamento biológico com reposição de plaquetas no sangue (o PRP), aplicado pelo alvinegro para tratar o atacante Marinho, em 2007, são opções.

Ontem, Ronaldinho foi ao CT com Roberto Assis, seu empresário e irmão, e a mãe, dona Miguelina. No Twitter, postou “Eu acredito”, lema da torcida na campanha vitoriosa da Libertadores. O semblante do técnico Cuca era de seriedade, mas também de esperança: “Foi uma fatalidade, infelizmente ocorre. Foi naquele joguinho que serve de aquecimento. Um desconforto. Agora tem de mostrar superação, força de vontade e companheirismo. Muitos já passaram por lesões mais graves e superaram. Esperamos que o Ronaldo possa passar por isso, porque ele nos faz muita falta”. Tardelli, Dátolo e Guilherme são candidatos à vaga. Os principais diários esportivos do mundo repercutiram o caso.

O jogador participou de reunião ontem à tarde com o presidente Alexandre Kalil, Cuca, o preparador físico Carlinhos Neves, Assis e Rodrigo Lasmar. Kalil garantiu prioridade total, até mesmo investindo em tratamentos mais sofisticados no exterior. “Eu acredito na possibilidade. Vai ser feito um esforço para que ele esteja à disposição do Cuca. Ele está motivado e nós também. Neste momento, é importante manter a tranquilidade e estar disposto a se entregar ao tratamento. Ele está animado e confiante ao máximo em começar”, afirmou Lasmar.

O ambiente tenso de ontem foi amenizado pela presença de crianças da Escola Municipal Eleonora Pierucetti e da instituição Crepúsculo, que cuida de pacientes com síndrome de Down. Elas fizeram a festa, ganharam autógrafos e se entristeceram ao saber do episódio. Mas também deram apoio com o coro “Ronaldinho, estamos com você”.

HISTÓRICO Ronaldinho, de 33 anos, tem histórico de poucas contusões musculares. Em 2008, no Barcelona, sofreu lesão no músculo adutor da coxa direita e parou por seis semanas. Mas Cuca entende que o astral do craque fará a diferença. “Ele está muito animado, está sem dor. Só pensa em jogar. Esse fator é o melhor que podemos ter. Mesmo não jogando, ele é um líder e nos ajudará sempre. Não teve como a gente prever, mais do que o procedimento que fazemos”, afirma Cuca. O lateral-esquerdo Leandro sofreu lesão semelhante quando defendia o Atlético em 2010 e voltou em três meses e meio.

Rodrigo Lasmar evitou culpar o calendário extenso: “O número de jogos é muito grande, mas ele não participou de sequência longa. Foi um lance comum de treino. A resposta dele em relação às lesões é sempre positiva e esperamos que tudo possa dar certo”.

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