"Sempre sonhei com isso"

Há quem diga que ele tem faro de gol. E a cada partida como profissional do Atlético, o atacante Carlos tem confirmado a máxima. O triunfo atleticano por 3 a 2, ontem, sobre o maior rival Cruzeiro, no Mineirão, teve a marca do garoto. O jogador não sentiu a pressão e marcou dois gols, somando seu terceiro como profissional do alvinegro.

Formado nas divisões de base do Galo, o garoto de 19 anos, natural de Santa Luz, na Bahia, chegou ao clube aos 14 anos. Desde então, sempre se destacou em todas as categorias pelas quais passou. Na temporada de 2010, ainda com 15 anos, foi o principal jogador no infantil, ao marcar 28 gols no ano. Ano passado, foi artilheiro da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com três gols, e vice-artilheiro da mesma competição, este ano, depois de ter balançado as redes rivais oito vezes. Também foi o segundo melhor artilheiro da Taça BH de Juniores de 2104, com seis gols.

Contra o Cruzeiro, ontem, Carlos demonstrou a frieza de um jogador experiente. No primeiro gol, de oportunismo, ele dominou uma bola que sobrou com tranquilidade na área e chutou. No segundo, completou de cabeça lançamento do volante Leandro Donizete e definiu a vitória alvinegra aos 45 minutos do segundo tempo. Carlos não se conteve de alegria. Tirou a camisa para comemorar e foi amarelado. Mas não se importou com o cartão. Vencer o Cruzeiro como profissional era um sonho para o jogador. “Deu tudo certo. Não dá para descrever essa alegria. Isso é muito emocionante, essa torcida merece. Sempre sonhei com isso.”

O atacante Diego Tardelli, autor do segundo gol do Galo, não poupou elogios a Carlos. “Nossa revelação estava inspirada. Ele merece, porque está trabalhando bem. E é gostoso ganhar aqui, o time foi guerreiro hoje. É sempre bom ganhar do Cruzeiro, nosso maior rival e um time que está brigando pelo título.”

O técnico Levir Culpi projeta um futuro brilhante. “Ele soube aproveitar as situações que foram criadas com as contusões. O Carlos tem os números muito altos em termos de ofensividade e objetividade em toda a categoria de base, e isso se confirma no profissional. Será um grande atacante.”

Para Levir, o triunfo não poderia ocorrer em melhor hora. “Momento importantíssimo, melhor não poderia ser. Mineirão lotado, o Atlético jogou com muita garra, como é característica dos atleticanos, e os cruzeirenses, com muita técnica, mas desta vez prevaleceu o jogo do Atlético. Um resultado que nos coloca no campeonato.”

EQUIPE O treinador lembra que não conseguiu repetir a escalação do time desde sua chegada ao clube, em maio, em razão do excesso de jogadores contundidos somada à frequência de jogos. O pouco tempo entre uma partida e outra está sendo usado para regenerar jogadores. Apenas quem não tem atuado durante os confrontos ou jogado pouco tem feito treinamentos com bola. “Estamos trabalhando com vídeo. Estamos utilizando as armas que temos e eles estão dando conta do recado”, elogiou Levir.

A nota triste, segundo o treinador, foram os incidentes envolvendo os torcedores. “Sinceramente, fiquei muito decepcionado com o que vi aqui. Chegamos e o ônibus foi apedrejado, os policiais dando tiros e soltando bombas. Não sei quem foi o inventor disso, de pôr 3.500 torcedores do Atlético no estádio contra 55 mil do Cruzeiro. O que a polícia espera que eles façam, que se cumprimentem amigavelmente? Nossa chegada foi ridícula. E a situação parece estar só piorando.”