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Clima é de otimismo na região da Arena MRV: moradores esperam mais segurança e ampliação de serviços

Moradoras do Bairro Califórnia acreditam no desenvolvimento da região

postado em 19/09/2017 10:00 / atualizado em 19/09/2017 08:49

 Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Euforia, expectativa, sonho, esperança de melhoria. E, em menor escala, uma ligeira apreensão. Essas são algumas das reações entre torcedores, moradores e comerciantes da região do Bairro Califórnia diante do aval do conselho deliberativo para a construção do Estádio do Atlético, a Arena MRV. Em sua maioria, as pessoas ouvidas pelo Estado de Minas/Superesportes esperam é que a definição pelo novo local de jogos do Galo traga desenvolvimento e mais segurança para uma área considerada carente de tudo, localizada no limite de Belo Horizonte com Contagem, em meio a dois grandes corredores de tráfego, o Anel Rodoviário e a Via Expressa.

Eram 14h30, quando a assembleia dos conselheiros alvinegros aprovou a proposta para erguer a nova casa do Galo. Pouco tempo depois, o vendedor Rafael Cruz, de 28 anos, estacionava seu carro numa das entradas do terreno. Desceu com celular em punho para uma selfie. “Só vim para ver o nosso local, para conhecer o terreno, e fazer uma foto, é claro. Sou o primeiro. Tenho o Galo na Veia (programa de sócio-torcedor). Moro no Padre Eustáquio e trabalho no Cinco, em Contagem. A Via Expressa é sempre o meu caminho para sair e voltar para casa. Eu estava no meu serviço, acompanhando a votação pelo computador. Aprovaram, e como tinha um tempo de folga, vim direto para cá.”

Parte do lugar é ocupada por um lixão. O ponto é bastante conhecido tanto pela Polícia Militar quanto pela Civil por ser utilizado por criminosos para desova de cadáveres. Há cerca de um mês, ali um homem foi encontrado enforcado numa árvore. Entre pessoas da comunidade, o estádio poderia ajudar a amenizar ou acabar com o problema.

Há quem esteja prevendo aquecimento de negócios. Ian Guiamarino, de 28 anos, e seu pai, Gerdau Guiamarino, de 64, donos da mercearia que leva o nome da família, vivem a expectativa de crescimento. “Estamos há 10 anos aqui. O movimento é fraco, mas com o início das obras e, depois, com os jogos e ainda um shopping, o movimento vai aumentar bastante. Já estou até pensando em colocar um churrasquinho e um tropeiro aos domingos e às quartas ou quintas, quando tiver jogo”, diz Ian.

 Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Mateus Souza Lopes, de 24 anos, motorista, é vizinho da mercearia. Como atleticano, comemorou bastante a decisão. “Será ótimo, principalmente para mim, que moro perto. O campo será do lado de casa. Estou na porta. Além disso, acho que será bom para a região, desenvolvendo serviços e comércio, pois, além do estádio, teremos um shopping.”

Deivisson Arcebispo Fiúza, de 30, que trabalha como vigia diurno do terreno, sonha com estabilidade profissional. “Tenho a esperança de continuar trabalhando aqui e, depois, ser contratado como funcionário do Atlético.”

Moradoras do Bairro Califórnia, na Rua Crepúsculo, que começa em frente à área onde será feita a obra, a promotora de vendas Fernanda Moreira, de 34 anos, a costureira Isaura Pereira, de 50, e a estudante Sandra Luísa Felipe Jardim, de 17, têm visões críticas sobre os reflexos do projeto.

Fernanda teme pela sujeira. “Corremos risco de ter os mesmos problemas do entorno do Independência. Poderemos ter um grande banheiro a céu aberto. Lá, muita gente reclama de pessoas que urinam nas paredes, muros e portões de casa.” Isaura também é pessimista. “Temo que a segurança piore. Precisamos de um quartel da Polícia Militar.” Sandra vê a novidade sob o prisma da paixão clubística. “Sou cruzeirense e vou ter de aguentar o atleticano aqui na minha porta”, ironiza. Porém, ela enxerga também vantagens. “Espero que pelo menos melhore o serviço de ônibus. Domingo, o coletivo só passa até as 14h.” Para as três, uma boa característica do bairro vai se perder: o silêncio.

Para conferir Instantes depois de ser anunciado pelo rádio que o conselho havia aprovado a construção da Arena MRV, várias pessoas passaram por lá, como Johnny Max Rodrigues, de 40, trabalhador autônomo do ramo de transporte de carga. Ao lado dele estava o ajudante, o primo Moacir Rodrigues Santos Júnior, de 25 anos, filho do ex-volante Moacir, que jogou pelo Atlético entre 1987 e 1996. “Tinha de parar para ver”, diz Johnny, que relembrou momentos do tio atuando pelo clube. “Realmente, é importante para o Atlético. Sei o que é isso, pois meu pai vestiu essa camisa preta e branca”, afirma Moacir Júnior.

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