Sport

Brasileiro de 1987

Política movida a interesses

postado em 22/02/2011 09:24

É preciso abrir bem os olhos para analisar a decisão anunciada pela CBF nesta segunda-deira tarde. Ir além do óbvio. Esquecer a rivalidade desportiva, se despir do olhar inocente e enxergar a jogada política que há por trás de toda polêmica. Desde o ano passado, o Brasileiro de 1987 tem sido utilizado como moeda de troca. Como acontece mais uma vez. E leva o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao ignorar uma decisão judicial irrevogável, a entrar em contradição.

Em abril de 2010, às vésperas da eleição no Clube dos 13, Teixeira entregou ao departamento jurídico da CBF a responsabilidade de averiguar quem seria, de fato, o legítimo campeão. A confirmação em favor do Sport veio respaldada pelo aparato jurídico que fez a própria CBF reconhecer o clube pernambucano no primeiro ano de gestão de Teixeira, em 1989.

Como nesta segunda, porém, a motivação do presidente da CBF naquele momento ia muito além do campo desportivo. Reafirmar o título do Sport serviu como represália à presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, eleitora de Fábio Koff no pleito do Clube dos 13. Ex-presidente do Grêmio, Koff era o adversário do candidato apoiado por Teixeira, Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo e rival de Patrícia Amorim.

Ao ratificar a conquista do Sport, a CBF legitimou o São Paulo como primeiro pentacampeão brasileiro da história, posto pleiteado até hoje pelos flamenguistas. Semana passada, a famosa "taça das bolinhas" foi entregue ao tricolor em cerimônia que contou com a presença de ídolos são-paulinos.

Passada a eleição do Clube dos 13, outra questão política traz à tona o eterno debate sobre o Campeonato de 1987. Desta vez, porém, Ricardo Teixeira quer o Flamengo como aliado. O novo pano de fundo é o próximo contrato dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Algo que ameaça rachar o Clube dos 13. Os times que votaram em Kleber Leite aparecem de um lado, e a intenção de Teixeira é fortalecê-lo com a adesão do Flamengo. O bloco é formado por Corinthians, Botafogo, Coritiba, Goiás, Cruzeiro, Santos, Vasco e Vitória.

Nesta terça-feira haveráuma reunião em São Paulo. A comissão de renovação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro deve definir a data em que será aberto o envelope vencedor da disputa da TV aberta, entre a Rede Globo, parceira da CBF, e a Record. Nessa disputa, o Brasileiro de 1987 parece uma moeda cada vez mais rentável no bolso do poderoso chefão.

Documentos

O Superesportes entrou contato com a assessoria da CBF para entrevistar o diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes. Porém, ele não foi autorizado a falar sobre o assunto. Curiosamente, o mesmo diretor concedeu entrevistas ao Globo.com pela manhã. A CBF informou que não irá revelar quais documentos foram apresentados pelo Flamento e que, segundo a Confederação, motivaram a nova decisão. O Superesportes também contatou Fábio Koff, que não quis se pronunciar.