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A decisão do Estadual em quatro atos

Com a definição dos finalistas, Superesportes analisa força dos times em busca da taça

postado em 12/04/2011 09:31 / atualizado em 12/04/2011 09:52

Na teoria, os semifinalistas do Campeonato Pernambucano de 2011 não surpreendem. Lá estão os três grandes clubes do Recife e uma das forças do interior, o Porto. O contexto de toda a competição, no entanto, permite uma leitura bem diferente sobre este emocionante Estadual, com reviravoltas, novos favoritos e uma eletrizante indefinição sobre o desfecho.

A surpresa começa pelo Sport, favorito absoluto ao hexacampeonato. As cifras e o renome dos atletas não bastaram. O Leão penou durante toda a competição. A derrocada do Central e o crescimento de produção no returno garantiram a vaga da equipe.

No caminho inverso, o Santa Cruz. Apontado como coadjuvante, o Tricolor foi o time que mais liderou a competição. Com vitórias nos clássicos, o Santa adquiriu também a confiança para bater de frente com os rivais.

O Náutico é o único clube alcançou o que dele se esperava. Investimento pesado, de R$ 800 mil, para manter o “luxo” do hexa. Ao contrário de 2010, quando demorou a encaixar, neste ano o Alvirrubro foi arrasador desde o início e mostrou um poder ofensivo com 56 gols em 24 jogos na temporada (média de 2,3).

Finalizando a lista, a meninada do Porto, representante do interior, numa vaga que parecia destinada à Patativa. Com uma nova leva de talentos, manteve a regularidade durante todo o Pernambucano.

PE2011 / SEMIFINAL

SANTA CRUZ

Time com mais vitórias no PE2011

Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
O time
O “ex-coadjuvante” Santa Cruz , dirigido pelo concentradíssimo Zé Teodoro, trouxe reforços em busca de espaço e com alguma qualidade comprovada no cenário nacional: o goleiro Tiago Cardoso, o zagueiro Thiago Mathias, o meia Weslley e o atacante Thiago Cunha. Em boa fase, eles formaram a espinha dorsal da equipe, dosada com uma base coral que finalmente ajudou, com Natan, Renatinho e Gilberto. Com um time compacto, o Tricolor aposta nos contra-ataques e na bola parada, através de Weslley “Sneijder”.

Destaque
O goleiro Tiago Cardoso, sem dúvida. Após um longo reinado no Recife, Magrão encontrou um rival à altura na meta. Com muita elasticidade e, sobretudo, reflexo, o camisa 1 coral não perdeu um jogo sequer pelo Pernambucano. Impôs uma segurança rara nestes últimos tempos sob a trave tricolor.

A aposta
O atacante Gilberto, de 21 anos, já é a maior “revelação” da competição. Aspas justificadas pelas atuações apagadas nas últimas temporadas. Aproveitando a lesão do então artilheiro Thiago Cunha, Gilberto mostrou presença de área e potência no chute. Já soma 11 gols, dois deles no clássico na Ilha, que lhe deram confiança para a fase final.

Ponto fraco
Irregularidade. Apesar de ser o time que mais venceu e o que mais liderou o Estadual, a Cobra Coral foi derrotada 5 vezes em 21 rodadas (23,8%), um índice alto. As duas laterais da equipe também não inspiram muita confiança na torcida.

NÁUTICO
Melhor ataque do campeonato

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
O time

Com a união de dirigentes do Náutico para bancar parte da folha de R$ 800 mil, reforços de qualidade chegaram, como Eduardo Ramos, Derley e Ricardo Xavier. Outros, de destaque, permaneceram, como Bruno Meneghel. Rapidamente, o Timbu encaixou o time, que chegou a ficar 11 jogos sem perder. Nos Aflitos, a invencibilidade está mantida. Com a formação principal, o time joga muito rápido, eventualmente com até três atacantes, buscando opções pelos lados dos campos, na mesma intensidade.

Destaque
Eduardo Ramos, candidato a “bi”. Craque do Estadual de 2010, pelo Sport, o meia, conhecido outrora pelo extracampo, parece ter tomado rumo nos Aflitos. Com qualidade indiscutível no passe e na armação de jogadas – além dos gols -, Eduardo Ramos ganhou a camisa 10 e vem fazendo a diferença.

A aposta
O centroavante Ricardo Xavier aproveitou bem o ritmo mais lento de Bruno Meneghel neste ano e vem marcando muitos gols. Já tem 9, dois deles belíssimos, contra Cabense (por cobertura) e Sport (de voleio). Puxa bastante a marcação e abre espaços para rápido ataque timbu.

Ponto fraco
A defesa. Sofreu 25 gols em 21 jogos (média de 1,19), a segunda pior entre os semifinalistas. Roberto Fernandes testou várias opções, num verdadeiro rodízio, mas nenhuma delas emplacou de vez. Apenas o grandalhão Everton Luiz ganhou plena confiança até o momento.


PORTO
Único a vencer os três grandes

Paulo Paiva/Esp. DP/D. A Press.
O time
Com média de idade de 22 anos, o Gavião voou no Estadual. Literalmente, pois o ataque já marcou 38 gols, média de 1,8 por partida. Caso raro no Pernambucano, o time caruaruense mantém o mesmo técnico desde o início. O então desconhecido Laelson Lima montou um time que não abre mão do volume de jogo ofensivo nem fora de casa. Em casa é ainda mais letal, tanto que venceu os três grandes do Recife no Lacerdão. O gramado ruim do estádio do Central (onde o time joga), porém, prejudica mais do que ajuda.

Destaque
Aos 22 anos, Paulista já vive o auge da carreira. Dono de um chute fortíssimo, ele é o goleador máximo da competição, com 13 gols. Busca igualar o feito dos dois únicos jogadores de times do interior que foram artilheiros: Lêniton (Porto) em 1998 e Kelson (Itacuruba) em 2004, ambos com 14 gols.

A aposta
Naldinho, volante dito no mundo da bola como “versátil”. Com apenas 20 anos, já disputa seu 2º Estadual como titular no Gavião do Agreste. Tem ótimo posicionamento em campo e encosta bastante no ataque. Não surpreende ao balançar as redes…

Ponto fraco

Pode ser chavão, mas a falta de conquistas do clube e do elenco de uma forma geral pode, sim, pesar neste mata-mata, diante de clubes acostumados a empilhar taças. Cabe ao Porto derrubar o tabu de não existir campeões do interior.

SPORT

Helder Tavares/DP/D.A Press
O time
Diante do sofrimento para a classificação, é preciso lembrar do investimento de R$ 1,2 milhão em um futebol opaco, burocrático. Com alguns pilares importantes de 2010, como o goleiro Magrão e o volante Daniel Paulista, o Sport se reforçou com Marcelinho Paraíba, Hamilton, Bala e Bruno Mineiro. No papel é qualificado, mas esse mesmo time, com inúmeras variações, oscilou muito, sem um padrão de jogo definido. Sem vitórias nos clássicos, o Sport deverá partir para o “abafa” nos jogos em sua agora amena Ilha do Retiro.

Destaque
Perto de completar 36 anos, o meia Marcelinho Paraíba ainda decide. Habilidoso e bom finalizador, o jogador voltou a funcionar na bola parada, que já virou uma arma do Leão, uma vez que com a bola rolando o time ainda não deslanchou.

A aposta
A fase ainda não é das melhores. Mesmo com apenas 6 gols, Carlinhos Bala é o artilheiro rubro-negro no PE2011. Porém, o jogador vem dando assistências para muitos gols e costuma “crescer” em jogos decisivos. Afinal, ele é ou não o Rei de Pernambuco?

Ponto fraco
O sistema defensivo. Na frieza dós números, é a melhor defesa da competição, com 19 gols em 21 jogos, média de 0,9. Porém, os dois treinadores que passaram no clube testaram várias opções – inclusive com volantes improvisados -, sem encontrar um xerife. Contra os finalistas, o time sofreu 7 gols em 5 jogos.