Sport

Aposta alta

Um hexa de R$ 8 milhões

Investimento de Sport e Náutico visa algo maior que uma vitória, visa a glória de seis títulos consecutivos

postado em 24/04/2011 12:59 / atualizado em 24/04/2011 13:06

Não existe qualquer registro em vídeo. Até mesmo o arquivo fotográfico, em preto e branco, é escasso. Mas a lembrança do dia 21 de julho de 1968, um domingo, no estádio dos Aflitos abarrotado com 30 mil pessoas, ainda na era do “balança mas não cai”, não sai da cabeça de alvirrubros e rubro-negros. O solitário gol de Ramos na prorrogação deu ao Náutico o luxo da maior sequência de títulos em Pernambuco. Seis estrelas, marca quase inalcançável. O “quase” vale para os rivais. Ali foi dado ponto de partida para a obsessão do seu arquirrival. Mesmo sendo o maior campeão do estado, o Sport não desiste de igualar a série timbu. Um desejo potencializado pelo desejo de acabar com o lema “hexa é luxo”, exposto em todo o clube em Rosa e Silva. A primeira chance foi desperdiçada em 2001. Uma década depois, o ciclo da rivalidade coloca as duas equipes mais uma vez frente a frente. Uma semifinal com cara de decisão, começando neste domingo, na Ilha do Retiro, às 16h.

Somadas, as duas folhas resultaram em uma despesa de R$ 8 milhões nos quatro meses de disputa no Campeonato Pernambucano desta temporada. Uma investimento bem acima da realidade local, com os clubes na Segundona nacional. Mas esse dinheiro, captado com muito esforço, visa algo maior que uma vitória, que uma taça como tantas outras. Visa manter o ineditismo da maior glória. O outro prisma aponta justamente para o contrário, arrancando o orgulho do rival. No futebol, seja qual for a opção, realmente não tem preço.

Nomes como Ivan Brondi, Ramos, Gilson Costa e Salomão são eternizados no Náutico justamente por causa do bordão timbu. Nesse tempo todo, eles nunca deixaram de acompanhar o clube, de viver a união de sete letras mágicas. A amizade de uma época tão vitoriosa permaneceu, agora no lado da arquibancada. Vieram os filhos, os netos e o hexa permanece. Mais uma vez à prova, dependendo da nova geração, formada por Eduardo Ramos, Bruno Meneghel e Ricardo Xavier. Nomes que só ficarão na história em caso de sucesso no confronto.

Como exemplo, o próprio Sport. Os atletas daquele time leonino de 1968 caíram no esquecimento. Assim como os de 2001, quando, também pentacampeão, perdeu a primeira chance de se tornar hexa. O time está a quatro jogos do sexto troféu. Marcelinho Paraíba, Bala, Ciro, Daniel Paulista e cia têm a chance do ano de fazer valer a história de raça do clube.

Difícil apontar um favorito . Fácil saber que os 30 mil torcedores aguardados para o jogão vão ver a primeira parte um duelo desde já histórico. Imperdível.