Sport

Descaso

Sem a ajuda de ninguém

Em 2007, Veronaldo foi acompanhar o primeiro de jogo de futebol ao vivo. Quando se encaminhava para entrar no Arruda, foi atingido por uma pedra vinda da arquibancada

postado em 05/06/2011 15:22 / atualizado em 05/06/2011 15:24

Veronaldo ajudava nas despesas de casa com o salário que recebia de metalúrgico e um negócio que distribuía água mineral no bairro de Peixinhos, em Olinda. Aos 21 anos, caminhava com as próprias pernas até que uma pedra o atingiu. Ele estava entrando no Arruda para assistir ao primeiro jogo no estádio. Há quatro anos, ele não anda, não fala. Alimenta-se através de uma sonda. História de vida brutalmente interrompida. Tristeza também para a família, que, ainda abalada, não deve ter acesso ao seguro previsto no Estatuto do Torcedor.

O caso de Veronaldo Silvino da Silva é uma exceção. Como visto, a Lei Federal prevê indenização para os acidentes ocorridos apenas dentro do estádio. Só que, nessa situação, o acidente foi provocado por um objeto vindo da praça esportiva e ainda ele se encaminhava para entrar no local. “Mas ele não tem direito ao seguro porque o acidente aconteceu do lado de fora”, sentencia o secretário geral da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) João Caixero.

 

 

 

Da fatalidade ao descaso

O acidente
11 de abril de 2007. Veronaldo foi ao Mundão para acompanhar o seu Sport diante do Santa Cruz. Comprou o ingresso antecipado. Pouco antes da partida, porém, adquiriu outro bilhete, para um amigo. Quando estava caminhando na Avenida Canal para entrar no estádio, uma pedra o atingiu.

A agonia
A notícia caiu como uma bomba para a mãe Hozineide Gomes Xavier, 45 anos. Ela estava trabalhando em uma floricultura na Holanda. Só conseguiu voltar ao Brasil três dias depois.

A ajuda
Depois que a história de Veronaldo foi publicada no Diario, em fevereiro do ano passado, a FPF passou a ajudá-la. Deu uma cadeira de rodas e uma assistência mensal. O dinheiro, contudo, deixou de ser depositado há três meses.

A promessa
Hozineide voltou a procurar a FPF, no começo do mês passado. “Ela retirou o processo que movia contra a Federação. A Federação voltará a pagar o que sempre deu. Ela ficou de voltar aqui para acertar tudo”, garante João Caixero.

A desinformação
Hozineide não possui detalhes do processo. “Quem entrou na Justiça com advogado foi meu outro filho (faleceu há oito meses). Não sei nada porque o advogado se afastou do caso”, afirma. “Depois da reunião que tive lá, liguei para a Federação de novo, mas não consegui falar com ninguém.”