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Suposto suborno

Delegado indicia pai de Eduardo Ramos por denunciação caluniosa

De acordo com Joel Venâncio, Carlos Ramos faltou com a verdade em depoimentos e vai ter que se defender na justiça para não terminar atrás das grades

postado em 20/06/2011 16:06 / atualizado em 20/06/2011 21:30

A novela do suposto suborno do meia Eduardo Ramos pode estar chegando ao fim. O delegado que ficou responsável pelo caso concluiu o inquérito e revelou o resultado de sua investigação à imprensa, no início da tarde desta segunda-feira, na sede da Polícia Civil de Pernambuco. De acordo com Joel Venâncio, o grande causador de toda essa polêmica história é Carlos Ramos, pai e empresário do meia do Náutico. Agora, o pai do atleta será indiciado ao Ministério Públido de Pernambuco (MPPE) e pode pegar pena de dois a oito anos atrás das grades.

A conclusão do inquérito será avaliada pelo MPPE em até 15 dias. O Ministério pode arquivar, acatar, ou seja, oferecer a denúncia ao judiciário ou até solicitar novas diligências policiais. Esta última opção só aconteceria se o inquérito não estiver convicente. Provavelmente, a denúncia vai ser acatada. Caso o caso seja encaminhado para um juiz, ele poderá ouvir todas as testemunhas novamente. Se Carlos Ramos for condenado neste julgamento, ele estaria enquadrado no artigo de número 339 do Código Penal Brasileiro. Como dito acima, com pena que varia de dois a oito anos de cadeia. Mas dependendo do juiz, Carlos Ramos pode terminar em liberdade e poderá ser punido de uma forma alternativa.

No total, 19 pessoas foram ouvidas durante os dias de invetsigação. O delagado Joel Venâncio explicou com detalhes como se deu a conclusão do inquéito e ainda mostrou dois vídeos. No primeiro, a entrevista coletiva cedida pelo pai do jogador no dia em que o suposto suborno por parte do Sport teria sido oferecido. "Vejam que ele (Carlos Ramos) afirma ter recebido várias propostas para que o seu filho não jogue por R$300 mil as finais do Pernambucano, só que ele não deixa nada claro. Pelo contrário, o que ele diz nesta entrevista, depois ele me fala de outra forma. As controvérsias começam daí. Ele não tem uma versão para nada. Todo depoimento as coisas mudam, ficam distorcidas".

Na outra filmagem, aparece uma discussão acalorada no estacionamento do restaurante Família Giuliano, localizado no bairro de Boa Viagem. Neste segundo vídeo, fica claro que o diretor alvirrubro Toninho Monteiro está mais revoltado com Carlos Ramos do que com Daniel Souza (genro do diretor rubro-negro Severino Otávio) ou com qualquer outra pessoa. "Neste vídeo, mesmo sem áudio por se tratar de uma câmera de segurança do estabelecimento, a gente percebe a indignação do diretor do Náutico ao ver Carlos Ramos. Ele chega mostrar os punhos fechados bem próximo do rosto do pai do jogador. Parece até que vai bater no pai de Eduardo", disse.

Em resumo, o delegado contou o que diz seu inquérito: "O pai do jogador estava fazendo um leilão entre Náutico e Sport. Aliás, ele passava grande parte do seu tempo viajando pelo Brasil e oferendo o jogador para vários clubes. Soube que isso é uma prática comum no futebol. Pois bem, há algum tempo ele oferecia 30% dos direitos federativos do jogador para o Sport. Existe aquele vídeo que o Náutico apresentou que comprova isso, onde aparece o diretor do Sport Francisco Guerra e Carlos Ramos no restaurante Bar da Praia. Neste vídeo só fica comprovado o inverso do que ele acusa, ou seja, que Carlos Ramos estava oferendo o jogador para o rival. Não teve subrono. As imagens foram feitas por um detetive que o Náutico contratou. O pai do Eduardo Ramos criou toda essa história para valorizar o jogador. Ele dizia para o Náutico que o Sport estava oferecendo mais dinheiro, e inventou que o Sport estava querendo subornar Eduardo Ramos".

"Os dirigentes do Náutico ficaram intrigados com isso, revoltados. Eles acreditaram na história e contrataram até esse detetive, a ideia do Náutico era pegar o Sport em flagrante. Então, Toninho Monteiro mandou o pai de Eduardo Ramos dar prosseguimento nas conversas, mas sempre avisar dos encontros. A ideia era usar o pai de Eduardo Ramos como isca. Então, havia o detetive e o pai do jogador tentado comprovar o suborno, mas nada foi comprovado por eles dois. Até que teve o almoço no Familia Giuliano. Desta vez Carlos Ramos sequer avisou da reunião aos dirigentes do Náutico, mas os cartolas foram avisados por algumas pessoas que estavam no restaurante e reconheceram o pai do jogador".

"Aquele encontro foi como uma traição para o Náutico. Por que ele estava escondendo o encontro, principalmente se haviam combinado de pegar o flagra? Para o Náutico, o pai do jogador estava aceitando suborno ou algo do tipo. Então, eles levaram Carlos Ramos para o clube e ele manteve aquela história toda. Ele vai ter que se explicar para o juiz, quanto ao Náutico, eu não vejo culpa no caso. O clube não estava acusando diretamente o Sport, todas as vezes os dirigentes apontavam o Carlos Ramos como a grande testemunha. Foi tudo uma armação do pai do jogador pensando em valorizar a carreira do seu filho. O pai dele é, sem dúvida, contraditório, muda datas e deixa muitas questões sem respostas conscientes. Por isso, a denunciação calunioso", finalizou o delegado Joel Venâncio.

 

Confira os vídeos com as respectivas entrevistas do Caso Eduardo Ramos