Sport

Descaso

Uma trilogia de vergonha no futebol pernambucano

Três acontecimentos recentes arranharam o trabalho de base desenvolvido por Náutico e Sport

Três casos expostos na mídia nos últimos dois meses arranharam a imagem do trabalho de base desenvolvido por Náutico e Sport. A reportagem assinada pelo repórter Rodolfo Bourbon, deste Superesportes, publicada em 11 de junho, denunciou o descaso num dos alojamentos alvirrubros. Retrato sofrível, digno de revolta. Semelhante a de quem teve acesso ao relato do jovem goleiro gaúcho Marcelo, de 18 anos, vítima de um trote com direito a socos, pontapés e uma suposta arma apontada contra a nuca. A agressão covarde do goleiro do Sport Gustavo ao volante vascaíno Elivélton fecha a trilogia da vergonha.

“Quero pedir desculpas ao Vasco da Gama pela atitude irresponsável do goleiro. Esse tipo de coisa não representa o Sport”, lamentou o presidente rubro-negro Gustavo Dubeux na ocasião. “Uma atitude infantil e impensada como essa (o trote) certamente mancha o trabalho da base. Vimos comentários na internet de muitas pessoas que não conhecem o que é feito aqui denegrindo o trabalho como um todo”, diretor da base alvirrubra Ricardo Acyolli.

Os episódios trouxeram consequências. Logo após a denúncia do Superesportes, dirigentes alvirrubros foram a público dar explicações sobre o quadro lastimável do alojamento. Ficou a promessa, ainda não cumprida, de transferir os garotos para as novas unidades em construção no Centro de Treinamento Wilson Campos. Em relação ao trote, punições distintas foram aplicadas a todos os envolvidos. Uma decisão conjunta tomada pelo presidente Berillo Júnior com os gestores da base.

Os dirigentes do Sport agiram de duas maneiras após o episódio envolvendo Gustavo. Primeiro veio o desligamento do atleta, atitude tomada em meio à repercussão negativa do caso. Em seguida, o anúncio: Gustavo receberia assistência psicológica e jurídica por parte do clube. Àquela altura, o Sport já recebia críticas por ter dispensado o agressor sem esboçar qualquer ação compatível com o papel de clube formador.

Apesar de terem sido casos de ordem distintas, os dirigentes procurados pela reportagem admitiram os prejuízos causados à imagem dos clubes. Alguns visivelmente consternados. Incomodados. Sufocados por serem obrigados a tocar em assuntos negativos ao invés de destacar as ações positivas obtidas no mesmo período. Fica a torcida para que no futuro o lado bom da base apareça na mídia com a mesma intensidade. Antes, é preciso dar motivos.