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PE 2012

É bom demais!

Começar o carnaval com uma vitória no Clássico das Multidões é tudo o que tricolores e rubro-negros querem na noite de hoje

postado em 16/02/2012 09:46 / atualizado em 16/02/2012 09:52

Lucas Fitipaldi /Diario de Pernambuco

Teresa Maia/DP/D.A Press
Duas das maiores paixões do pernambucano, o futebol e o carnaval unem e separam o engenheiro Aldo Bezerra Neto e o técnico em informática Antônio Carlos Freire. Para os íntimos, Netinho, 33 anos, e Cajá, 51. Rubro-negro e tricolor – eis o ponto de interseção entre eles – conhecidos por serem foliões fervorosos. E torcedores apaixonados. Hoje à noite, no Arruda, cada um estará de um lado. A rivalidade vai impedir qualquer proximidade enquanto a bola rolar. Quem sabe, eles voltam a se encontrar na terça-feira de carnaval. Pelas ladeiras de Olinda.

Aos cinco anos, o rubro-negro Netinho já acompanhava o bloco Tá maluco, fundado há 29 anos por integrantes e amigos da família Bezerra. A ligação com o Sport e o carnaval vem antes do berço. É umbilical. Fundador do bloco Donzelinhos dos Milagres, em 1932, o avô homônimo é o mesmo que ajudou a transportar materiais de construção durante a obra de edificação da Ilha do Retiro.

O pai é o médico do Sport Antônio Bezerra, cujos primeiros serviços foram prestados na década de 1970. “Não gosto nem de futebol, só do Sport. Sempre separo um dos dias do carnaval para sair com a camisa do Leão. Se perder o clássico, vai ser um pouco mais difícil, mas não deixo de usá-la. Se ganhar, a folia será dobrada”, diz Netinho, membro de uma família de 60 pessoas, com 20 primos e maioria absoluta de rubro-negros. São apenas dois alvirrubros. Tricolor não há. Nascido e criado no Varadouro, Netinho orgulha-se de morar a cinco minutos da Ilha do Retiro. “Passei a vida perto do coração da folia e hoje estou ao lado do meu clube do coração”, afirma.

Teresa Maia/DP/D.A Press
Folião coral

O tricolor Cajá só veio descobrir os dois amores na adolescência. Quando criança morava em Sertânia, a mais de 300 quilômetros da capital. Na época, o Santa Cruz e o carnaval já tinham a simpatia do garoto, influenciado pelo gosto do pai, um tricolor “pé de rádio”, de acordo com a definição do próprio. Só ao vir estudar no Recife a simpatia virou paixão. Sócio em dia com suas obrigações, Cajá dificilmente perde um jogo do Santa. Seja no Arruda, em João Pessoa, Maceió… No carnaval, há sete anos veste-se de urso para puxar o bloco Urso Pédecana, fundado por ele mesmo. “Ao contrário da Ala Ursa, a gente não quer dinheiro. De caneca na mão, pedimos bebida aos foliões”, conta. Há 20 anos, emociona-se com o desfile do Homem da Meia-Noite.

“É toda uma magia, superemociante. Você vai pela primeira vez e não deixa mais de ir. As pessoas gritam, choram, querem correr pra abraçá-lo. Se eu não for ver, é como se o carnaval ficasse pela metade”, diz. “A torcida do Santa Cruz tem uma mística meio inexplicável, algo parecido com o Homem da Meia-Noite”, sentencia. E continua: “Um clássico já é diferente por si só. Quando chega o carnaval, tem um ingrediente a mais. Porque a greia é maior nos dias de folia”, disse. Tudo.