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Pernambucano

Preliminar nos bastidores

Na semana que antecede o duelo entre Náutico e Sport, funcionários dos dois clubes revelam que o clima fica "tenso"

postado em 21/03/2012 08:12 / atualizado em 21/03/2012 08:14

 EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
Direta ou indiretamente, o clássico interfere na rotina de qualquer funcionário do clube. Roupeiro, massagista, auxiliar de serviços gerais, segurança, porteiro, motorista, não importa a função. De alguma forma, todos são afetados. O ambiente mais tenso não é privilégio de jogadores, técnicos e dirigentes. Um bom exemplo é Araponga.

Com 43 anos de experiência, o funcionário mais antigo do Náutico não esconde a ansiedade antes dos jogos contra o Sport. “Os nervos ficam à flor da pele. O ambiente muda”, diz o roupeiro, que chegou ao clube em 1968, ano do hexa, e permanece firme e forte na função aos 72 anos. Opinião compartilhada pelo companheiro de profissão Manoel Augusto de Almeida, o Leguelé, há 12 anos no Sport. “Semana de clássico é diferente. A gente sente o mesmo frio na barriga do jogador. Fica na expectativa para que tudo dê certo. Nada pode sair errado”, afirma.

Ivan Araújo da Silva, 49, tem nome de craque. Há 14 anos no Sport, Pelé acumula as funções de porteiro e segurança, além de ser o encarregado de organizar a fila de mascotes em dia de jogo. Quando se trata de clássico, a responsabilidade aumenta. “O resultado do jogo interfere muito no nosso trabalho. Precisamos ter um controle emocional muito grande para lidar com os torcedores”, diz.

Companheiro de Pelé no Sport, o segurança Marcão cita a preparação como algo diferente antes de um clássico. “A nossa cabeça é outra, muda totalmente. É um jogo especial, que exige mais da nossa parte. Clássico costuma ser mais agitado, então é preciso ter atenção redobrada. No portão, por exemplo, qualquer brecha que a gente der, alguém pode passar.”

Apelidado de Paulo Leme devido à semelhança com o ex-meia do Náutico, o outro roupeiro alvirrubro, Gerson Rosa, revela o tratamento diferenciado dado aos atletas em semana de clássico. “Procuro sempre atender aos pedidos o mais rápido possível. Quero todos de cabeça fria, tranquilos”, conta o funcionário, que já está no clube há 17 anos.

É de lei chegar com muita antecedência ao vestiário. Organizar o ambiente, conferir um por um o material de cada jogador. Trabalho que exige ainda mais concentração em dia de clássico. A quantidade de gente bem acima da média dentro do vestiário atrapalha. “O alívio só vem mesmo depois que a bola rola. Apesar de toda experiência, a gente fica tenso”, garante Paulo Leme.

O time que joga fora das quatro linhas é conhecido como “pessoal de apoio”. Além dos roupeiros, é importante que todos estejam entrosados: segurança, motorista, porteiro, massagista, auxiliar de serviços gerais. “Nosso trabalho pode ter influência direta no rendimento da equipe. Por isso, a gente conversa muito um com o outro. Cada coisa tem que estar no lugar. É um grupo fechado e entrosado. Não podemos errar em hipótese alguma. Se há um descuido de um, o outro tem que cobrir”, resume Pelé.