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Análise

Homero fala sobre a crise no Sport

postado em 13/04/2012 17:04 / atualizado em 13/04/2012 20:45

Celso Ishigami /Diario de Pernambuco

Em entrevista exclusiva ao Superesportes, o ex-presidente do Sport, Homero Lacerda, falou sobre a crise que se instalou na Ilha do Retiro. O ex-dirigente apontou alguns erros da atual gestão mas garante que ainda é possível reverter a situação complicada. Confira a entrevista.

Mazola
Sei que numa situação como essas, temos que ter cuidado para não acabar de bagunçar o coreto. Mas temos que apontar alguns erros. Um técnico de futebol não pode queimar um jogador como ele fez. Ele perde o grupo. Perdeu a confiança do elenco. Ele teria que ter assumido a culpa. Que ambiente é esse que ele criou? Mas a culpa não é só dele. Ele foi colocado numa fogueira. Não sei se faltou experiência ou orientação. É uma temeridade um clube como o Sport, em vias de disputar uma Série A, abrir mão de um técnico experiente. E é claro que Mazola não é o nome para essa situação. Um técnico sozinho não faz nada, mas o papel dele é fundamental. Eu prefiro ter um leão comandando um exército de veados do que um veado comandando um exército de leões.

Casos de indisciplina
O jogador de futebol tem que ser acima de tudo um atleta. E pra ser atleta, tem que ser 24 horas por dia. Não sou eu quem está dizendo. Existem estudos sérios de profissionais competentes provando os danos que os excessos provocam no rendimento de um atleta. Um jogador de futebol não pode nem tomar refrigerante. Imagine cerveja! Marcelinho Paraíba é um craque, um guerreiro. A carreira dele está aí para provar isso. Mas cometeu erros que não teria existido se o Sport tivesse uma cadeia de comando bem estabelecida.

Solução
Vou dizer uma coisa que contraria a torcida. Esse grupo é bom. É claro que precisa de três ou quatro peças, mas é um grupo formado por jogadores de qualidade. O que esse grupo precisa é de treinamento. Esses jogadores precisam ser transformados em atletas. Caso isso aconteça, acredito que o Sport terá condições até de brigar por uma posição lá em cima. Então, pra começar, eu traria um treinador de renome, que coloque o elenco no caminho certo. Isso, pra falar apenas da questão do futebol.

Gustavo Dubeux

Quando um clube entra em crise, o presidente e a diretoria precisam aparecer e assumir a responsabilidade. Se não estão fazendo isso, é um erro muito grave. Mazola e os jogadores não têm culpa de estar lá. Vejo algumas falhas nessa gestão que podem custar muito caro ao clube. Se Gustavo se dispuser a comandar realmente o futebol, eu sei que ele tem capacidade para isso. O problema é que ele não está exercendo esta capacidade. Ele trouxe um gaúcho (Cícero Souza) que nem fala o idioma do clube e foi cuidar de construir espigão.

Volta ao clube
Eu jamais me furtei de dar minha contribuição ao Sport. Mas acho que neste cenário, ele (Dubeux) jamais me convidaria para ser o seu vice de futebol. Eu até toparia, se houvesse clima, mas não vejo isso acontecer. Ele teria que rever todos os seus princípios. No futebol, tem que haver a participação de todos e não foi o que aconteceu durante esta gestão. É lamentável ver que companheiros de muita competência, como Branquinho e Wanderson Lacerda foram chamados para fazer figuração. Eu jamais aceitaria passar pelo que meus amigos passaram.

Eleição
Faço questão de dizer que Luciano Bivar é o presidente que mais serviços prestou ao clube. E sei que recentemente ele declarou que espera que Dubeux tenha mais um mandato a frente do clube. Gostaria apenas de fazer um pedido público a Luciano. Gostaria que ele perguntasse a Gustavo se ele quer comandar o Sport ou construir um espigão.

Torcida
Não podemos perder a mística rubro-negra. Saímos de uma competição de uma maneira vergonhosa. Mais do que nunca, o Sport precisa resgatar a sua auto-estima. E nada melhor do que vencer o Pernambucano para isso. Na hora do jogo, a torcida tem que esquecer os problemas e formar aquela corrente. Temos que atropelar até os nossos defeitos.