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Em entrevista exclusiva, presidente do Sport traça planos ousados para gestão do clube

João Humberto Martorelli quer finalizar obra do hotel do CT ainda em outubro de 2015

postado em 18/12/2014 07:52 / atualizado em 18/12/2014 09:00

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Julio Jacobina/DP/D.A Press
João Humberto Martorelli dormiu apenas três horas da terça para a quarta-feira. Reconduzido à presidente do Sport no biênio 2015/2016, o advogado de 59 anos viu durante a madrugada um filme passar na sua cabeça. Rememorou seu pai, Eleumar Martorelli, falecido há 18 anos. A ele, o mandatário dedicou a vitória expressiva no pleito (com 85% dos votos). “Era um sonho do meu pai ter um filho presidente do Sport”, revelou. Pela memória do seu pai, sonha dar continuidade em uma gestão sólida, do tamanho que julga ser a grandeza do Leão.

Para tanto, pontuou desafios. Dentre eles, planeja dar início à construção da Arena Sport até 2016. Promete entregar até outubro o hotel no CT. Em visita na quarta-feira pela manhã à sede do Diario, em Santo Amaro, falou à reportagem do Superesportes em profissionalismo no futebol, na manutenção da hegemonia regional e até no retorno à Libertadores. O aluno laureado da turma de Direito da UFPE de 1977, o advogado de sucesso, o jurista, o pai de quatro filhos e dois netos agora dará vez ao Martorelli presidente do Sport. Cheio de planos, metas e sonhos.

Abaixo, a entrevista completa com João Humberto Martorelli, dividida por tópicos.

Sonho
Se era um sonho, era o sonho do meu pai, um grande rubro-negro que faleceu há 18 anos e imaginava um dia ser presidente do Sport. E no fim da vida manifestou que tinha o sonho que tivesse um filho presidente. Mas isso chegou na minha vida por acaso. Eu era vice-jurídico da gestãode Gustavo Dubeux (2011/2012) e ele me solicitou para compor a chapa de Luciano Bivar como vice. Aceitei a proposta com a condição de Luciano não renunciar ou não morrer. Ele se comprometeu. Em função das minhas atividades profissionais, eu jamais poderia ter assumido um compromisso como esse na época. Mas Luciano precisou sair para se dedicar às suas atividades políticas e eu não poderia deixar o clube solto. Assumi o compromisso e acho que tive sorte. Fiz uma gestão com trabalho tendo a filosofia de profissionalização e obtivemos êxito. Tudo isso eu tenho que agradecer a Deus e a sorte que tive.

Relação com Arena Pernambuco
Tivemos uma conversa. Nela, coloquei algumas premissas que gostaria de ter na nova relação a partir de 2015. A primeira é fazer jogos somente nos fins de semana, principalmente aos domingos. Nos jogos à noite, no meio de semana, a dificuldade de acesso, tanto nos jogos das 19h30 quanto das 22h, desabliita o torcedor. Em segundo lugar, conversamos sobre a localização mais favorecida ao sócio e a quem tem cadeiras e camarotes. Foram premissas estabelecidas e eles ficaram de fazer as propostas financeiras.

Quantos jogos o clube deve mandar lá?
Vai depender muito dessa proposta financeira. Temos que estar atentos a comodidade de jogar na Ilha do Retiro. É uma comodidade sobre certos aspectos hoje em dia, pois a arena oferece muito conforto e comodidade também. Quem vai a qualquer arena sabe da diferença que existe para os estádios tradicionais como a Ilha do Retiro, construído nos anos 1950. Estamos aguardando que eles façam a proposta financeira.
Julio Jacobina/DP/D.A Press

Sócios
Temos duas vertentes a serem trabalhadas. A primeiro é que temos que divulgar e fazer uma aculturação do torcedor para que ele entenda que também tem um compromisso com o clube. A direção tem o compromisso em fazer coisas de maneira profissional e correta, mas o torce tem que fazer a sua parte também. Há uma questão de cultura que precisa ser divulgada. As ações de marketing que precisam ser colocadas em prática para incentivar a associação. A outra vertente é melhorar o serviço de atendimento ao sócio. Antigamente, o sócio tinha que se deslocar até o clube. Hoje, temos o sistema que permite a emissão boleto para a casa do torcedor. Nos próximos 45 dias a expectativa é que o torcedor possa pagar através da internet, seja no cartão de crédito ou débito. E isso vai aumentar exponencialmente a possibilidade de se associar.

Revitalização do clube
Vamos revitalizar a vida social e cultural do Sport. O clube tem 12 modalidades amadoras, com vários troféus este ano. Tem sauna, academia, quadra de tênis, futebol socyete, tudo coisas precisam ser revitalizada e vamos fazer. Isso andou um pouco desprezado? Andou, mas porque tínhamos a expectativa concreta do inicio da construção da arena. Não aconteceu, mas não vamos mais ‘marcar passo’ nesse sentido. Vamos tocar a sede enquanto as outras coisas não acontecem.

Vida social
Trago isso da minha infância. Vivi as matinês do Sport. Meu pai era entusiasta das manhãs de sol do Sport, do Baile Vermelho e Preto. O restaurante Varanda era um ponto de encontro nos fins de semana. Temos o salão monumental para festas, um espaço para atividades infantis que precisam ser revitalizados. Queremos fazer uma integração para que todos possam viver o Sport enquanto tivemos a sede. Vamos reativar a partir de 2015 ( os bailes).

Projeções futebol
A torcida entende projeção como promessa. Vamos falar de metas de planejamento. As metas são, primeiramente, manter o time estruturado. Estamos com 70% do plantel com o contrato renovado. A estrutura do time está mantida. Além dessa estrutura, estamos buscando reforços na parte ofensiva, que é uma solicitação de Eduardo (Baptista, o técnico). Temos conversas adiantadas com diversos jogadores e pretendemos adiantar até o final do ano. Com o time assim, estruturado, temos o planejamento que pensamos ser realistas: a conquista do bicampeonato pernambucano e da Copa do Nordeste, além de uma posição melhor na Série A. Temos ainda a expectativa que possamos chegar em 4º, 5º ou 6º lugar e conseguir uma vaga na Libertadores. Nos nossos planos internacionais, queremos também disputar a Sul-Americana com mais competitividade. Temos um time mais estruturado. Agora, o futebol você sabe: é o esporte do erro fatal e da injustiça final. Mas temos um planejamento e vamos fazer a nossa parte.
Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Sul-Americana/Copa do Brasil
No nosso planejamento, a prioridade é a Copa Sul-Americana.

Obras no CT
Os recursos que nós pretendemos alocar para as obras vêm da Lei de Incentivo ao Esporte. O projeto já esta em Brasília e a promessa que no primeiro trimestre de 2015 tenhamos os projetos aprovados e os recursos liberados. A estimativa da obra varia entre 120 e 180 dias. Então, realisticamente, em setembro ou outubro esperamos estar com esse hotel construído.

Arena do Sport
Temos conversas com investidores de diversas categorias. Conversamos com investidores de fundo imobiliário, ou seja investidor financeiro. Conversamos com investidores da área de imobiliária e tivemos também conversas com uma grande empresa de auditoria que diz ter clientes interessados na execução do projeto. Há conversas também com os investidores de arenas internacionais. Essas propostas não foram materializadas ainda. As coisas estão caminhando. São conversas diferentes. Temos que ter um parceiro para empreender o negócio, pode ser alguém que explore a arena, podendo fazer isso sozinha ou obtendo parcerias, buscando alguém para investir no hotel, desenvolver a parte imobiliária, alguém para os estacionamentos…

Há a possibilidade de o projeto ser alterado?
O ideal é que não haja alteração e tenho falado com todos eles desses grande avanço que é ter projeto aprovado. Se fomos fazer concorrência, uma das cláusulas seria executar o projeto que já está aprovado. Mas o cenário macroeconômico não é favorável hoje. Acho que é um processo para estruturar com investidor. Quero ter o protocolo firmado em pelo menos seis meses, nesse primeiro semestre definir quem está efetivamente interessado. Gostaria muito de terminar a gestão com as obras iniciadas, mas isso depende muito do cenário de investimento, mas me dedicarei de corpo e alma.

Dívidas
Não é possível zerar as dívidas na minha gestão. Temos o passivo fiscal no Refis (Programa de Recuperação Fiscal) financiado em 15 anos e outro passivo financeiro com a Prefeitura do Recife financiado em 96 meses, além de um passivo trabalhista de R$ 6 milhões, tudo equacionado em programas de parcelamento. O Sport tem caixa para efetuar esses parcelamentos. Esperamos quitar com a prefeitura em troca de programas sociais, acho que vamos obter isso minha gestão. O pedido está desde meados do ano passado e, enquanto não sair, vamos seguir pagando.

A falha da gestão atual que não pode ser repetida
Diria o seguinte: nós não conseguimos realizar o programa sócio-torcedor como queríamos e estamos trabalhando e vamos ter que atuar muito no marketing. Temos que melhorar muito para capitalizar essa paixão do torcedor, desenvolver novas ações em benefícios do sócio. Acho que é basicamente isso. Imaginava que isso vinha por osmose através de títulos, mas isso não acontece.
Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Lideranças convocadas
Todas as grandes lideranças estão presentes. O símbolo maior disso é o retorno de Jarbas Guimarães. Gustavo Dubeux, Luciano Bivar , Branquinho, Fernando Pessoa, Luciano Monte, Wanderson Lacerda, todos estão presentes. Agora, isso não significa uma estruturação diferente no departamento de futebol. Arnaldo (Barros) está terminando o planejamento 2015 e, por enquanto, segue à frente. Não temos nenhum nome para substituí-lo e ele vai avaliar se vai agregar alguém para o departamento para eventualmente passar o comando mais à frente.

Alteração de vices presidentes
Estou pensando. Muitos pediram para ficar somente até dezembro em virtude das suas atividades profissionais e vamos fazer uma reformulação a ser anunciada em janeiro.

Esportes amadores
Profissionalizamos a gestão de amadores. Temos o apoio gerencial do professor Paulo Cabral, que nos vem dando outra estrutura. Estamos recomeçando o nosso basquete feminino, é um projeto o qual pretendemos nos dedicar e restaurar com o vigor. Temos o atletismo, a natação, hóquei sobre patins, tênis… Todas as modalidades estão sendo desenvolvidas. O que acontece é que cada um desses esportes tinha um patrocinador diferente. O clube não estava dando a estrutura necessária e agora estamos nos organizando. Somos esportes amadores, mas a gestão é profissional.

Os prazos de Martorelli

Até fevereiro
Facilitar a forma de pagamento dos sócios, alterando as vias tradicionais (boleto ou presencial) pela opção de pagamentos no cartão ou via internet.

Reativar o Baile Vermelho e Preto e iniciar a retomada do estimulo à vida social do clube.

Até março
Espera ter os projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte e os recursos liberados para iniciar as obras que incluem o hotel no CT rubro-negro.

Até junho
Almeja ter as obras no CT iniciadas e encaminhadas.

Definir o investidor que levará à frente o projeto da Arena Sport.

Até outubro
Finalizar as obras no CT do Sport.

Até o fim do ano (2015)
Retomar a campanha de sócios com mais força. Uma empresa de gabarito internacional será contratada para ajudar nas ações de marketing.

Até o fim da gestão (2016)
Ter iniciado as obras da Arena Sport.

As 5 principais metas de planejamento de Martorelli
1 – Parceria com novo investidor e início das obras para a Arena Sport (até 2016)
2 – Início e conclusão das obras no CT do Leão (construção do hotel)
3 – Títulos da Copa do Nordeste e do Campeonato Pernambucano
4 – Colocação melhor na Série A, com a Libertadores como meta possível
5 – Disputar a Copa Sul-Americana com maior “competitividade”