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ARTES MARCIAIS

Volta às origens

Auge do MMA trouxe também interesse nas lutas tradicionais, como o muay thai

postado em 24/11/2014 22:18 / atualizado em 24/11/2014 23:31

Redação Superesportes /Diario de Pernambuco

Felipe Bueno/DP/D.A Press
Em tempos de evidências das artes marciais mistas, há quem ainda se identifique com as modalidades tradicionais. No último sábado, o Recife recebeu, pela primeira vez, um seminário ministrado por um treinador de muay thai vindo da Tailândia, seu país de origem. Na academia MXA Fight Club, em Boa Viagem, o mestre Ajarn Gae Sor.Keawsuek transmitiu suas técnicas e sua experiência de mais de 500 lutas no currículo. Segundo ele, mesmo sem se relacionar com o MMA, a oportunidade dos alunos vivenciarem os ensinamentos da tradicional luta asiática em solo brasileiro tem tudo a ver com o crescimento da modalidade moderna.

De acordo com o tailandês, o MMA só trouxe vantagens para os demais estilos de luta. A fase atual do esporte apresenta uma busca maior por técnicas do que pela simples força bruta, fazendo com que o público também se interesse pelos ensinamentos. “Antes disso, o muay thai estava um pouco esquecido, e hoje temos mais clientes, mais pessoas interessadas. Trouxe muito investimento para Bangkok e a nossa tradição é famosa no mundo”, disse Sor.Keawsuek, em meio a uma maratona de 11 aulas em dez cidades brasileiras diferentes - sem falar uma palavra além do tailandês nativo. Recife foi a primeira do Nordeste a recebê-lo.

Felipe Bueno/DP/D.A Press
Como assistente e tradutor, um ajudante que também tem a ensinar: o lutador Léo “Amendoim” Monteiro vive e compete na Tailândia, e não mostra incômodo no fato do MMA “roubar” os grandes campeões das demais lutas. “Também é difícil pro lutador. A gente ganha um mundial e a federação nos dá uma medalha e mais nada. A gente também tem família para sustentar, não temos que ficar achando ruim os campeões saírem. De toda forma, é investimento no nosso esporte”, opina. Além disso, ele comemora o fato de seu esporte fazer sucesso em seu país de origem. “Quando eu saí daqui, ainda tinha esse preconceito de ter sangue, cotovelada, essas. Mas, hoje, melhorou”, conta.

Com as artes marciais no auge, o número de adeptos cresceu, mas para ser campeão, o caminho segue tão difícil quanto antes. “Não tem segredo, é treino e preparo. Muita gente acha que precisa de um ano para chegar no topo, mas não é. Quando se vê um grande lutador, é preciso saber que aquelas não são suas primeiras luvas, não é seu primeiro kimono. Leva tempo”, lembra “Amendoim”. E em contato maior com brasileiros, Sor. Keawsuek vê uma vantagem (e um motivo para tantos campeões vindos do país): aprendem rápido. Mas isso também traz problemas. “São mais preguiçosos para treinar o que não sabem, como os chutes. É preciso persistência.”