A bem da verdade, Guga Lima é curitibano, mas vive em Brasília desde o primeiro mês de vida. A estreia no automobilismo veio aos 12 anos, no kart, em 2009. “Comecei a ganhar algumas corridas, me destacar. Numa delas, um cara que estava assistindo foi conversar com o meu pai e disse que eu levava jeito”, relembra Guga. Foi aí que se deu a consultoria de Piquet.
O pai do rapaz, Erickson Blun, conhecia o ex-piloto por causa do trabalho, em um hospital da capital, e contou a ele a respeito do filho. “O Nelson disse: ‘então vamos testar esse menino com um cara de confiança, a gente vê se ele leva jeito ou não’. Fiz o teste e passei. Foi com o Dibo, que é o meu preparador até hoje”, conta Guga. “Comprei macacão e capacete. O Nelson indicou tudo, não conhecíamos nada”, completa.
Dibo Moisés Neto é o grande revelador de talentos da capital. Pelas mãos dele, passou, por exemplo, Felipe Nasr, representante de Brasília na Fórmula 1 entre 2015 e 2016. O homem de confiança de Piquet também foi responsável pelo começo de Foresti. Ele ficou no kart até 2009, quando passou a correr na Fórmula 3 Sul-Americana. No ano seguinte, pilotou na Toyota Series, na F3 Inglesa e na GP3, além da F3 Sul-Americana.
A volta de Foresti para casa acabou antecipada por causa dos altos custos dos campeonatos europeus. Em 2013 e 2014, ele correu duas provas da Stock Car pela equipe Bassani. Os problemas financeiros, tão comuns no automobilismo, também atrapalharam Guga Lima. “O apoio de empresas brasileiras para pilotos lá fora é muito pouco. Chega-se a um ponto limite em que, se você não tem patrocínio, não consegue continuar”, relata Guga.
Lima passou pela Fórmula Renault, em 2012, e correu por quatro anos na Fórmula 4 antes de voltar ao país para competir no Brasileiro de Turismo, em 2015. No mesmo ano, estreou na Stock Car pela equipe C2. No ano seguinte foi para a TMG Racing e, neste ano, corre pela Bardahl.
O que esperar deles
“Mudei de equipe e espero que seja um time melhor do que a do ano passado. Eu fui 19º colocado na temporada passada, entre 34 pilotos. Espero melhorar essa posição”, prevê Guga Lima. Já Lucas Foresti, na quarta temporada, pretende chegar a algum pódio. “Será a minha segunda temporada no mesmo time. É conquistar uma vitória ao menos”, avalia.Na primeira etapa da temporada, em Goiânia, na semana passada, os brasilienses ainda não ficaram satisfeitos. Foresti chegou em 15º na primeira corrida da etapa e em 19º na segunda; ele ocupa a 20ª posição na classificação. Lima, que sofreu com problemas na direção, completou a primeira prova em 20º. Na segunda, Guga não conseguiu completar 75% das voltas, novamente por problemas no carro. Ele está em 25º na tabela geral. A próxima etapa da Stock Car está marcada para o fim de semana que vem, em Porto Alegre.
Autódromo interditado
As obras do Autódromo Internacional Nelson Piquet começaram em dezembro de 2014 e deveriam ficar prontas a tempo de receber uma etapa da Fórmula Indy, no ano seguinte. Porém, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou a interrupção das intervenções após técnicos do órgão constatarem sobrepreço de R$ 35 milhões. Pelo contrato, a reforma para a Fórmula Indy custaria R$ 251 milhões.Os trabalhos não foram retomados desde então. Além do cancelamento da etapa da Indy, a capital perdeu todas as etapas da Stock Car, da Fórmula Truck e do Campeonato Brasileiro de Marcas desde 2015, além de outras competições menores. Em janeiro, o GDF retomou a concorrência pública para terminar a reforma da pista do autódromo, que está 40% concluída. Os trabalho incluem asfalto, sistema de drenagem, sinalização e elementos de segurança. O orçamento é de R$ 15 milhões, segundo a Terracap.
A obra será executada pela Novacap, que ainda aguarda a finalização do processo licitatório. Assim, é impossível que o autódromo fique pronto a tempo para receber alguma prova importante nos próximos meses. “É torcer para ficar pronto. A pista é muito boa, bem localizado, no centro da cidade. Temos estrutura, só precisamos ter um autódromo bom e alguém que acredite nisso”, pede Guga Lima.
Por causa do cenário de abandono, Lucas Foresti teve de se mudar para conseguir treinar. “Goiânia virou minha casa para treinos e tudo, mas estou sempre com aquela esperança de voltar. Sempre quando começa o ano começa, sempre vem aquela pergunta: ‘Será que neste ano teremos o autódromo?’”, questiona Foresti. Só resta torcer — e cobrar.
*Estagiário sob supervisão de Braitner Moreira