Basquete

NOVO BASQUETE BRASIL

Saiba onde foram parar os jogadores que representaram Brasília no último NBB

O Correio fez um balanço da debandada geral no Brasília. Em 2017/18, a capital do país só verá jogos pela televisão

postado em 22/09/2017 09:15 / atualizado em 22/09/2017 10:39

Brito Júnior/UniCeub - Luis Nova/Esp. CB/D.A Press - Jéssica Santana/FramePhoto

Um cenário crítico que se tornou comum no basquete brasileiro. Com Brasília e Macaé fora do Novo Basquete Brasil (NBB), subiu para 18 o número de times a fecharem as portas em menos de uma década de existência da Liga Nacional (LNB). A tabela foi divulgada nesta quinta-feira (21/9). E, nesta realidade de incertezas, quem mais sofre são os jogadores. De mão em mão, os atletas renovam a própria esperança a cada nova promessa de um projeto estruturado e a longo prazo. Nesta semana, o último titular do antigo time do DF desempregado encontrou onde jogar. O ala Henrique Pilar disputará o NBB pelo pentacampeão Flamengo. 

O armador Fúlvio, o ala Guilherme Giovannoni e o pivô Lucas Mariano seguirão juntos no Vasco. Deryk se transferiu para o Paulistano. O sexto jogador do time, Jefferson Campos, foi contratado pelo Minas. Apenas os alas Alex Oliveira e João Phylippe e o pivô Daniel Alemão (lesionado) ainda não receberam outra oportunidade — além dos atletas da base Paulo, Pedro, Kevin e Iago, que entraram em quadra algumas vezes no último NBB.

O primeiro a confirmar a saída de Brasília foi Fúlvio. Aos 35 anos, o armador da Seleção Brasileira passou por oito times na carreira antes de chegar ao Vasco. Hoje, apenas três deles continuam em atividade — Mogi das Cruzes, Franca e Paulistano. “É uma situação muito triste, mas que, infelizmente, se tornou corriqueira em nosso esporte. A gente não imaginava que isso aconteceria em Brasília, mas todo mundo está sujeito a isso. Temos que estar preparados”, lamenta.

Além dele, chegaram ao Vasco os ex-candangos Guilherme Giovannoni, Lucas Mariano e outros seis reforços — com destaque para o ala Gui Deodato, do campeão Bauru e o pivô Renato, do vice-campeão Paulistano. Os cariocas aumentaram consideravelmente o investimento para 2017/2018 mesmo sem patrocinador na modalidade e se apoiam nos recursos do time de futebol. A volta do clube às quadras foi promessa de campanha do presidente Eurico Miranda.

Apesar disso, o cruz-maltino foi um dos últimos a confirmar a presença no NBB 10. Os salários de 2016/2017 só foram quitados no fim de julho. O americano David Jackson, destaque da última temporada, cogitou não renovar o contrato por causa dos atrasos. “A promessa sempre é de pagar em dia, mas como é uma situação que se tornou corriqueira, a gente fica com um pé atrás. Estou confiando que vai dar certo desta vez”, espera Fúlvio.

Cansado de enfrentar a crise

Deryk Ramos estreou no NBB em 2010, com apenas 16 anos. O armador é cria das categorias de base do Limeira, time da cidade onde nasceu e pelo qual disputou cinco temporadas do nacional. Em 2015, quando a antiga equipe encerrou suas atividades, ele se transferiu para Brasília. O contrato tinha duração de três temporadas e a expectativa era finalmente ter estabilidade na carreira. Duas temporadas depois, ele viveu situação semelhante. E o contrato, em vez de tranquilidade, lhe trouxe angústia.

“É muito ruim a gente ter que contar com essa possibilidade, mas é um reflexo de como está o Brasil. O esporte é só parte da crise. Procuro não pensar muito nessa questão e acreditar no projeto que me foi ofertado. Só espero não ter de passar por isso uma terceira vez”, disse.

Assim como Jefferson e Lucas Mariano, Deryk tinha contrato com o IVE para esta temporada, e por isso perdeu a pré-temporada e parte do campeonato estadual por ter de esperar até o fim definitivo do instituto.

Deryk e Mariano disputaram a Copa América com o Brasil mesmo com o futuro incerto. Os dois fechariam com seus novos clubes menos de um dia depois do anúncio da saída do DF do NBB. “A partir do momento que teve a definição do Brasília e tomei a decisão de jogar no Paulistano, procurei acertar tudo o mais rápido possível para vir logo pra São Paulo. Meus pais me ajudaram muito nesse processo”, contou.

União

O Instituto Viver Esporte (IVE), dono da vaga no NBB, ainda deve um mês de salário ao elenco de 2016/2017 e cinco parcelas de direitos de imagem — quase 90% do valor do pagamento mensal — aos que jogaram pelo instituto em 2015/2016. Os atletas ainda não receberam sinalização de quando receberão os dividendos. “Até por conta dos problemas que a gente viveu, tivemos uma convivência bem intensa em Brasília. De tudo o que aconteceu, a parte boa foi que a gente saiu muito junto”, aponta Deryk, que comemorou o anúncio do ex-colega no Flamengo. “Ainda melhor que ele vai continuar perto da gente”, disse Fúlvio.

“Ver que todo mundo daquela equipe está tendo oportunidade de jogar em outro local é muito bom, mostra o valor do time que a gente tinha”, exalta Deryk. Do quinteto eliminado pelo Bauru nas quartas, quatro foram convocados pelo técnico Cesar Guidetti para a disputa da Copa América. A exceção foi Pilar. 

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima