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VIDA ESPORTIVA

Homem de 59 anos cruza o Brasil do Oiapoque ao Chuí de bicicleta

O militar aposentado Benhur Maieron completou a viagem em 177 dias e voltou para casa com muita história para contar

postado em 29/07/2014 16:10

Jéssica Raphaela /Correio Braziliense

O saldo é impressionante: 11.640km. Essa foi a distância percorrida de bicicleta por Benhur Luiz Maieron no primeiro semestre deste ano. Militar aposentado, o candango de 59 anos literalmente cruzou o país do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), com saída de Brasília e retorno à capital federal. Na casa onde mora, no Cruzeiro Velho, ele mostra o mapa amassado da viagem e relembra os perrengues vividos durante a maior aventura de sua vida.

Arquivo Pessoal


Natural de Sobradinho (RS), Benhur optou por passar as festas de fim de ano na estrada. Em 11 de dezembro do ano passado, despediu-se da mulher e dos filhos e passou a pedalar pelas estradas cheias de carros e caminhões. A aventura só terminou em 5 de junho, depois de 177 dias de pedal sob chuva e sol. No percurso solitário, o militar presenciou muitos contrastes do interior do Brasil.

Benhur preferiu começar a viagem subindo no mapa, de Brasília até Oiapoque. No caminho, atravessou cidades de Tocantins, Maranhão e Pará até finalmente chegar ao Amapá. “Passei por lugares lindos, conheci pessoas fantásticas, mas, quando cheguei a Oiapoque, me decepcionei por conta da feiura e da sujeira. É uma grande periferia”, conta o atleta. Ele lembra o monumento de pedra onde estava escrito: “Aqui começa o Brasil”. “Fiquei feliz por ter chegado a um extremo do país. Uma parte do meu objetivo já estava cumprida.”

Era hora, portanto, de seguir em frente, pois o militar estava apenas no começo da cicloviagem. Passados Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, Benhur alcançou o extremo sul do Brasil. A pequena Chuí agrega 5,9 mil habitantes e faz fronteira com a cidade paraguaia de Chuy. Embora tenha cumprido uma importante etapa da aventura, o candango se deparou com uma triste realidade. “Casas feias, lixo espalhado para todos os lados, ruas esburacadas e malcuidadas, muitas delas sem pavimentação”, lamenta. “Um outdoor fajuto e desbotado indicava o extremo sul do Brasil. Tão diferente da beleza natural pela qual passei para chegar até ali.”

Apesar da decepção, a experiência deu a Benhur uma nova visão do país. “Vale a pena conhecer o Brasil. Em termos técnicos, foi difícil vencer estradas com asfalto ruim, sem acostamento. Mas viver a cultura brasileira de norte a sul é incrível”, diz. Ele destacou diferenças no comportamento da população de cada região. “O Norte é muito acolhedor. Você passa uma hora conversando com as pessoas e já se sente da família. Em todo lugar que pedalei, todo mundo me dava uma força, me apoiava. O fator humano foi muito importante nessa viagem.”