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Superado por Medina, Victor Ribas recomenda estátua

Aos 42 anos, surfista era o brasileiro mais bem-sucedido em uma temporada do WCT até o surgimento do campeão Gabriel Medina

postado em 19/12/2014 22:38

Victor Ribas era o brasileiro mais bem-sucedido em uma temporada do WCT até o surgimento do campeão Gabriel Medina. Aos 42 anos, o terceiro melhor surfista do mundo em 1999 hoje se dedica a dar aulas na Praia do Forte, em Cabo Frio, onde uma estátua construída em sua homenagem chama a atenção de quem passeia pela orla.

“A minha estátua está legal”, sorriu Vitinho, quando lembrado que o monumento erguido em 2003 havia sido alvo de vandalismo no último Carnaval. “A estátua foi uma homenagem bacana que a minha cidade fez para mim. Quando soube, fiquei feliz à beça. Muita gente só recebe esse reconhecimento depois. E acabou virando um ponto turístico de Cabo Frio, né?”, completou.

A conversa de Ribas com a Gazeta Esportiva acabou interrompida quando ele foi questionado se Gabriel Medina, que superou o seu feito no WCT após 15 anos, já deveria também ganhar uma estátua. Não se tratava, nem de longe, de ciúmes. “A ligação caiu, não é? Com certeza, o Medina já merece um reconhecimento!”, empolgou-se o veterano.

Natural de São Sebastião, o prodígio Medina se tornou o mais ilustre frequentador da Praia de Maresias ao conquistar o WCT com somente 20 anos. “No mínimo, poderiam botar lá uma plaquinha com os feitos dele. Não precisavam nem esperar o título chegar”, sorriu Vitinho.

Para Victor Ribas, o terceiro lugar no WCT de 1999 teve o sabor de um título. O brasileiro que já havia conquistado a etapa de Lacanau, na França, na temporada de 1995 fez história ao competir em alto nível ao lado dos grandes nomes de sua época. E não se importa por ter voltado a Cabo Frio sem o status de astro que começa a recair sobre Gabriel Medina.

“Fui bem reconhecido, sim. No ano em que fiquei no terceiro lugar, o Kelly Slater só disputou algumas etapas, mas estava todo o resto do pessoal. Era o ano em que a gente queria ver o retorno do Mark Occhilupo. Parecia que estava escrito para ele ser campeão”, recordou, citando o antigo adversário australiano.

Outro atleta mencionado por Vitinho, o undecacampeão Kelly Slater acha que o sucesso de Medina também já está traçado. A revelação brasileira é jovem o suficiente para ameaçar o reinado do melhor da história do surfe.

“Conheço muito pouco o Medina. Quando ele começou a competir, eu já tinha parado no WCT. Se não me engano, disputamos algumas baterias em 2008, 2009, mas em eventos pequenos. Ainda assim, dá para perceber que ele é um garoto concentrado, que consegue absorver tudo naturalmente, sorrindo, sem ficar chateado com derrotas. O menino é nota dez. Tem um surfe totalmente moderno e é mais consistente do que os outros. Está pronto para levantar vários canecos. Se ficar na tranquilidade, pá... Vai longe”, concordou Ribas.

Vitinho ainda lembrou que Medina “é a principal figurinha” de seus patrocinadores, diferentemente dos surfistas brasileiros de outros tempos, atraindo marcas internacionais. “Isso tudo será excelente para o nosso País, que já tem um reconhecimento muito grande lá fora. Tenho certeza de que novos talentos surgirão”, apostou.

À distância das etapas internacionais do WCT, na tranquilidade da Praia do Forte, Victor Ribas também faz a sua parte para a evolução do surfe nacional. Dá aulas para crianças de sete anos, para o filho de 11 (que prefere jogar futebol) e até para um senhor chileno de 68, promovendo ainda parcerias com projetos esportivos de outros países. E, apesar de ter mais do que o dobro da idade de Gabriel Medina, continua com um surfe sólido como o de uma estátua.