Vôlei

SUPERLIGA FEMININA

Brasília Vôlei encara o Uniara, de Sandra Leão, para garantir sétima posição

Única mulher no comando de um time na Superliga Feminina, a técnica é chamada de "Bernardinho de saias" e deve dar trabalho ao Brasília Vôlei, que tenta garantir a sétima colocação

postado em 13/03/2015 11:33

Maíra Nunes

Já classificado, o Brasília Vôlei entra em quadra, nesta sexta-feira (13/3), às 21h30, contra o Uniara, fora de casa, dependendo apenas das próprias forças para assegurar a sétima posição na fase de classificação da Superliga Feminina. Para isso, porém, o time terá que superar o Uniara, da exigente técnica Sandra Mara Leão, conhecida como "Bernardinho de saias". Aos 48 anos, ela é a única mulher a assumir o posto de treinadora em toda a Superliga Feminina. O jeito de mãezona com as atletas nunca a impediu de cobrar as atletas ao estilo Bernardinho.

Por sinal, o treinador mais popular do campeonato fez parte do processo de formação de Sandra. Ela chegou a acompanhar o trabalho dele com o time do Rio de Janeiro e com a Seleção Brasileira antes de se tornar a segunda mulher a exercer a função no principal torneio nacional da modalidade. “Passei por algumas dificuldades. Não é comum uma mulher no comando de um time. Acho que se você acreditar no seu trabalho e tiver amor pelo que você faz, as coisas começam a acontecer”, comenta.

A paixão de Sandra pelo vôlei surgiu depois de uma perda inestimável quando ainda era criança. Com a morte do pai, ela ficou um tempo sem falar. Ao procurar ajuda, a mãe foi instruída por um médico a colocá-la em um esporte coletivo. A primeira tentativa, na natação, acabou frustrada. A segunda, no entanto, foi uma aposta certeira. Desde então, Sandra nunca mais largou o vôlei. Agora, na Superliga, ela anseia por mais adeptas na profissão. “Espero no futuro ver mais mulheres como técnicas de voleibol.”

Apesar de na modalidade as jogadoras terem uma situação salarial menos desigual quando comparada à dos homens, os cargos de técnicos ainda caminham a passos lentos nesse processo. Uma mulher nunca foi treinadora de uma equipe masculina na história da Superliga, que começou em 1994. Mesmo entre os times femininos, o posto acabou assumido por apenas duas representantes na competição.

A primeira foi Isabel Salgado, ex-jogadora da Seleção Brasileira. À frente do Flamengo, ela ficou com a terceira colocação da Superliga Feminina em 1999/2000 e sagrou-se vice-campeã no comando do Vasco na temporada seguinte. “Era estranho e curioso, porque era um universo muito masculino. Ainda é. Na sua grande maioria, é comandado por técnicos, mas isso não me assustou”, afirma.

Se o caminho até a direção de times se mostra complexo, quem dirá a de seleção. No último Mundial, na Itália, em 2014, apenas a China contava com técnica no comando. “Nossa sociedade entende mais o homem fora de casa do que a mulher, e a atividade de técnica exige muitas viagens”, aponta Isabel.