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VÔLEI DE PRAIA

Finalistas brasileiras em Atlanta-1996 apostam em "bis" no Rio após 20 anos

Protagonistas da final brasileira do vôlei de praia em Atlanta-1996 relembram jogo

postado em 27/07/2016 10:05 / atualizado em 27/07/2016 11:29

Paulo de Araújo/CB/D.A Press
Há 20 anos, o Brasil fazia história nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996, nos Estados Unidos. Jogando no país que inventou o vôlei de praia, duas duplas brasileiras duelaram na final. Duas décadas depois, as finalistas Adriana Samuel, Mônica Rodrigues, Sandra Pires e Jacqueline Silva acreditam em uma final brasileira nas areias de Copacabana na Rio-2016.

O Brasil é o país com mais medalhas no vôlei de praia na história das Olimpíadas. O esporte começou a integrar o programa de competições em 1996. Desde então, ao menos uma medalha é conquistada pelo voleibol nacional por edição. São 11 no total, sendo duas de ouro, seis de prata e três de bronze. A única medalha dourada conquistada no feminino foi por Jacqueline e Sandra justamente em Atlanta. “Estávamos na terra em que nasceu o vôlei de praia e nenhuma americana jogou a partida decisiva”, orgulha-se Adriana Samuel.

Sobre o resultado final — vitória de Sandra e Jackie por 2 sets a 0 —, as quatro acreditam que a melhor dupla venceu. “Nós sacávamos melhor, atacávamos melhor e tínhamos mais qualidade técnica”, analisa Sandra Pires. Adriana Samuel, medalha de prata, não discorda da adversária daquele dia 27 de julho de 1996. “Para mim, é bem claro que elas eram melhores, eu e Mônica nos superamos e conseguimos nosso melhor resultado, também teve gosto de ouro”, comemora.


A expectativa das medalhistas em Atlanta para o Rio-2016 é de mais pódio para o vôlei de praia nacional, tanto no masculino quanto no feminino. “As duplas têm chance, realmente estão entre as melhores. Basta ver os resultados, eles têm total condições de conquistar medalhas”, opinou a campeã Jacqueline Silva, que trabalhará como comentarista dos Jogos em um canal de televisão.

Na disputa masculina, as finalistas dos Jogos dos Estados Unidos acreditam que Alison e Bruno são as grandes apostas para o Brasil. “É a nossa dupla favorita, eles são muito entrosados e são cotados até para o ouro”, comenta Mônica. Sandra Pires preferiu não apontar favorito. “É complicado apostar, em um torneio olímpico, tudo pode acontecer”, disse. Os outros representantes brasileiros no Rio de Janeiro serão Pedro Solberg e Evandro, que estreiam a parceria em uma Olimpíada.

 

Entre as mulheres, as protagonistas de Atlanta notam mais equilíbrio entre as duplas verde-amarelas. “Talvez, Larissa e Talita tenham mais chances, mas Ágatha e Bárbara jogam muito bem contra elas e já as venceram”, avalia Jacqueline.

O fato de jogar em casa uma Olimpíada não é problema, pelo menos na opinião das medalhistas em 1996. Para Sandra Pires, a comida de casa e não sentir o fuso será um fator importante para os times nacionais. “Eles têm que viver a rotina normal, comer direito, dormir bem e tentar não sentir o glamour que tem uma Olimpíada”, frisa. A campeã acredita que, na época em que jogava, se “desligar” dos Jogos era ainda mais fácil. “Não havia internet, então, não tínhamos noção do que estávamos fazendo, da grandeza daquela medalha”, explica Sandra.

Rivalidade longe das quadras

A rivalidade entre as duplas finalistas nos EUA não ficava só dentro de quadra. A relação, segundo elas, era de respeito, mas não de amizade. “Não éramos amigas, mas tínhamos uma relação cordial e profissional, muito respeitosa”, lembra Adriana Samuel.

Mesmo na véspera do confronto decisivo, a comemoração nas semifinais foi marcante: as quatro brasileiras se abraçaram e celebraram juntas a vaga à decisão histórica. “Foi um momento que vibramos juntas, mas ficou ali, éramos adversárias e todas queríamos vencer”, opina Jaqueline.

Durante os Jogos Olímpicos, inclusive, as duplas ficaram em locais separados. As vice-campeãs, Adriana e Mônica, ficaram na Vila Olímpica, enquanto Sandra e Jaqueline preferiram se hospedar em uma casa. “Não tivemos contato nenhum durante as Olimpíadas, quando nos encontrávamos, só nos cumprimentávamos, totalmente concentradas”, lembra Mônica.

Final brasileira


As quatro ex-jogadoras concordam em um ponto: o Brasil tem chances de repetir a façanha de 1996 e colocar duas duplas na final do torneio feminino de vôlei de praia. “Acho que tudo é possível, tá muito equilibrado, mas temos chances, sim”, comenta Sandra Pires.

Para Adriana Samuel, o país está, mais uma vez, muito bem representado. “Temos quatro duplas muito boas. O caminho é duro, mas se formos analisar, é bem possível”, disse.

Conselhos das medalhistas

“Tem que ter tranquilidade, se divertir e fazer valer a pena. Não tem que inventar nada de diferente”
Adriana Samuel

“Quero sempre o Brasil no pódio. Que eles tenham cabeça no lugar, postura e tranquilidade”
Mônica Rodrigues

“Desfocar da competição e focar jogo a jogo, tem que esquecer a Olimpíada e pensar na partida em si”
Sandra Pires

“Eles têm que se concentrar, se fechar e fazer um grande trabalho, tentar viver os Jogos da melhor forma”
Jaqueline Silva