Brasil orfão de um campeão

Suzuka, 20 de outubro de 1991. No Grande Prêmio do Japão, o mundo conhecia o campeão da temporada na Fórmula 1, com uma prova de antecedência. Um antigo vencedor. Ayrton Senna era o melhor do planeta pela terceira vez na carreira. Três títulos conquistados em quatro anos (ele havia levantado a taça em 1988 e 1990), todos correndo pela McLaren. Um vencedor novo. Aos 31 anos, o brasileiro se tornou o mais jovem tricampeão da história. Feito que até hoje não foi superado. Há exatos 20 anos. O último triunfo brasileiro na categoria. Lembranças que deixam saudade e que o Superesportes relembra, hoje e amanhã.

Se em um passado recente o Brasil era protagonista na Fórmula 1, agora se contenta em ser coadjuvante. Único representante do país em uma equipe de ponta, Felipe Massa é o retrato do drama que o país vive na principal categoria do automobilismo. Preterido pela Ferrari, Massa foi relegado à condição de segundo piloto. E o que é pior: com justiça. Seu companheiro de time, Fernando Alonso, tem um desempenho bem superior, pelo segundo ano consecutivo. Em 2011, são 212 pontos, contra apenas 98.

Em duas décadas, diversos pilotos brasileiros surgiram na categoria. Poucos conseguiram se fixar na Fórmula 1. Rubens Barrichello e Felipe Massa foram os principais expoentes. Conquistaram pole positions, ganharam corridas, mas acabaram ofuscados por talentos indiscutíveis como Michael Schumacher, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. Assim, a esperança do título foi sempre adiada. Há 20 anos.

A conquista

Ayrton Senna chegou ao GP do Japão, penúltima prova da temporada, com 16 pontos de vantagem para Nigel Mansell, da Williams. Como o sistema de pontuação previa dez pontos para o 1º colocado, 6 para o segundo e quatro para o terceiro, o brasileiro precisava apenas de uma segunda colocação para ser campeão com antecedência, sem depender do resultado do adversário. Mas o inglês “deu” o título a Senna ao perder o controle do carro na 10ª volta e não conseguir voltar para a pista.

Com o título assegurado, o brasileiro, que estava em 2º, passou a tirar diferença para seu companheiro de equipe, Gerhard Berger, superou-o na 18ª volta e abriu caminho para a vitória. Mas na última volta a diferença de Senna para Berger passou a cair. A poucos metros da bandeirada, o brasileiro fez um sinal para o companheiro. Era a senha para deixá-lo passar. Foi a primeira vitória de Berger na Fórmula 1.

Curiosidades

Ayrton Senna também ganhou o GP da Austrália, a última prova do ano, e fechou a temporada com 96 pontos, 24 a mais que Nigel Mansell.

Com o título de Ayrton Senna em 1991, o Brasil passou a ser o único país a ter dois tricampeões na Fórmula 1: o próprio Senna e Nelson Piquet.

O GP da Austrália, no dia 3 de novembro, foi a última corrida de Nelson Piquet.

1991

Classificação final

Piloto    Equipe    Pontos

1. Ayrton Senna    McLaren    96
2. Nigel Mansell    Williams    72
3. Ricardo Patrese    Williams    53
4. Gerhard Berger    McLaren    43
5. Alain Prost    Ferrari    34
6. Nelson Piquet    Benetton    26,5

Os vencedores        

GP    Vencedor    Equipe

1. EUA    Ayrton Senna    McLaren
2. Brasil    Ayrton Senna    McLaren
3. San Marino    Ayrton Senna    McLaren
4. Mônaco    Ayrton Senna    McLaren
5. Canadá    Nelson Piquet    Benetton
6. México    Ricardo Patrese    Williams
7. França    Nigel Mansell    Williams
8. Inglaterra    Nigel Mansell    Williams
9. Alemanha    Nigel Mansell    Williams
10. Hungria    Ayrton Senna    McLaren
11. Bélgica    Ayrton senna    McLaren
12. Itália    Nigel Mansell    Williams
13. Portugal    Ricardo Patrese    Williams
14. Espanha    Nigel Mansell    Williams
15. Japão    Gerhard Berger    McLaren
16. Austrália    Ayrton Senna    McLaren