O gigante pode ser maior

Dois argumentos podem questionar a afirmação de Magrão como o maior ídolo da história do Sport. O primeiro é referente à quantidade de jogos. O segundo, ao número de títulos. Os dois recordes, no entanto, podem ser superados pelo goleiro. O primeiro ainda neste ano. Com 563 jogos, Magrão deve superar Bria, que por enquanto soma 569 jogos, no início do Campeonato Brasileiro. Pode quebrar também o segundo. Com oito títulos, o goleiro está atrás de Leonardo, que tem nove. Precisa de mais dois. Quer igualar a marca com a taça do Campeonato Pernambucano, neste ano. Os dois recordes que o goleiro persegue são o tema da última matéria da série especial em comemoração aos 10 anos do goleiro no Sport.

O número de jogos
Há exatamente um mês, o Sport enfrentou o Náutico na Arena Pernambuco. Na contagem do mais respeitado historiador do futebol pernambucano, Carlos Celso Cordeiro, Magrão estava chegando aos 556 jogos com a camisa rubro-negra. Estaria igualando o número de Bria, lendário zagueiro que defendeu o Leão entre 1949 e 1963, que segue ostentando a marca de recordista de partidas pelo clube. Segue no topo até hoje porque, naquele 22 de março, o Superesportes publicou a reportagem Recontando a História. Em pesquisa inédita, provou-se que o número de jogos de Bria estava incompleto. Descobriu-se 13 partidas não contabilizadas. E ele chegou a 569. Recorde que o ídolo da geração atual não tardará a quebrar.

O goleiro tem hoje 563 partidas. Se Magrão não ficar fora de nenhum jogo do time, entrará em campo pela 570ª vez contra o Flamengo, pela Série A. O palco do recorde será histórico: o Maracanã. “Nunca sonhei ou planejei chegar no clube e ficar tanto tempo, bater recordes assim. São coisas que aconteceram naturalmente na minha vida. É algo assim que nunca procurei”, disse Magrão.

Embora tenha chegado a um estágio tão alto na carreira, o goleiro trata o fato com a simplicidade que lhe é peculiar. “É legal pela grandeza do Sport, um clube centenário. Poder atingir essas marcas é legal. Mas é algo que não mexe com a minha cabeça, não tenho vaidade nenhuma dessas coisas. Meu negócio é fazer o que eu gosto, fazer o melhor para o clube. Dar alegria à minha família, ao torcedor. As outras coisas vêm naturalmente”, pontuou.

Recontagem
A revisão dos jogos de Bria pelo Superesportes foi motivada, justamente, pela proximidade da quebra do recorde por Magrão. Em pesquisa junto a Carlos Celso Cordeiro, descobriu-se que, durante as 14 temporadas em que o zagueiro/lateral esteve no Sport, o time realizou 738 partidas, entre torneios, amistosos e excursões pelo Brasil e pelo exterior.

Desse total, Carlos Celso, cujo acervo conta com mais de 20 mil partidas catalogadas a partir de pesquisas nos jornais no arquivo público, não possuía no seu banco de dados as fichas técnicas de 44 jogos. Foi quando iniciou-se a busca para preencher, ao máximo, a lacuna histórica.

No total, 13 dessas partidas tiveram a presença de Bria confirmada junto a historiadores de futebol de outros estados e registros encontrados no Centro de Documentação do Diario. Outras seis partidas tiveram a ausência do defensor confirmada. Um total de 25, seguem em aberto.

Ele pode ser o maior vencedor
A outra marca que Magrão está perto de quebrar para se tornar absoluto na história do Sport é o número de taças levantadas. Atualmente, o goleiro está atrás apenas de Leonardo, que, antes de Magrão, convergia a maioria dos votos quando se tratava de apontar o maior ídolo rubro-negro. O atacante tem nove títulos. Magrão possui um a menos.

Caso o Sport repetisse o desempenho do ano passado, o camisa 1 poderia quebrar o recorde ainda neste ano, com os títulos do Nordestão e do Pernambucano. Eliminado da competição regional, o Leão luta para seguir vivo no Estadual. Só assim Magrão terá a possibilidade de igualar a marca no primeiro semestre, no Estadual. O clube ainda vai disputar, para valer, mais duas competições neste ano: a Sul-Americana e a Série A do Brasileiro. Competições bem mais difíceis de serem conquistadas.

Mas se o recorde não vier neste ano, Magrão terá tempo para alcançá-lo e superá-lo. Isso porque ele não tem planos para pendurar as luvas. “Claro que um dia vou ter que parar, mas enquanto Deus estiver abrindo as portas e podendo renovar, vou seguir jogando”, diz o goleiro, que ainda não pensa no que vai fazer após a aposentadoria dos gramados. “Claro que seria bom continuar na área do futebol, mas ainda não tenho em mente algo para fazer.”

Magrão tem vínculo com o Sport até o fim deste ano. A expectativa é que, ainda no primeiro semestre, negocie com a diretoria rubro-negra a extensão do seu contrato. Ou seja: a história contada aqui nos últimos dias ainda vai continuar.