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Lima aliou sorte a competência para se destacar na carreira como zagueiro

Defensor conquistou títulos por Sport, Náutico e Fluminense

postado em 11/12/2012 08:00 / atualizado em 11/12/2012 13:43

Brenno Costa /Diario de Pernambuco

Ayron Santos/DP/D.A Press
Sorte. Essa é uma palavra que nunca deixou de acompanhar a vida de Lima. Quando era reserva, o destino tratava de lhe colocar em campo. Seja por uma inesperada contusão de um companheiro ou apenas uma suspensão. Foi assim na sua estreia como profissional no Sport. Justo em final de campeonato. Foi assim também no Fluminense, quando ficou conhecido como o “zagueiro que parou Romário”. Fora de campo, ela também estava lá. Fiel. Foi assim quando sofreu um acidente que poderia ter tirado a sua vida em Belo Horizonte.  Do carro, sobrou apenas entulhos. Do ex-zagueiro, apenas arranhões. Hoje, evangélico, Lima relembra a carreira vitorisa - que, claro, não dependeu apenas da sorte.

Estreia e título
Lima começou a carreira de jogador no Sport. Passou pelas categorias de base do clube até que teve a oportunidade de estrear como profissional em 1992. Não sem antes contar com a sorte. Givanildo Oliveira tinha outras quatro opções para o setor. Ente elas estavam Ailton, Chico Monte Alegre e Sandro - hoje . “Alguns jogadores se machucaram e outros estavam suspensos. Givanildo me colocou no coletivo e disse que eu iria jogar. A Imprensa questionou, mas ele me bancou”, diz. “Veio a adrenalina na hora. É uma final de campeonato. Joguei bem e me destaquei. Fui abençoado”, acrescenta

Ayron Santos/DP/D.A Press
Lima formou a dupla defensiva ao lado de Chico Monte Alegre. Sem sentir o peso da responsabilidade de uma decisão, destacou-se. Foi um das referências do time. No tempo normal, o Leão da Ilha venceu por 1 a 0. Com o placar igual na prorrogação, conquistou o Estadual. “Antes da final, teve a decisão dos aspirantes. Era para eu estar jogando nela. Eu fui ver o jogo. Perto da arquibancada do placar, a torcida do Náutico acabou jogando um cerveja em mim. Bateu na minha cara, mas só serviu de motivação”, lembra.

Sorte e transferência para o Fluminense
Em 1994, o destino tratou de colocar Lima em um jogo com o Corinthians. Era o Campeonato Brasileiro. “Nunca fui titular direto no Sport. Mas, em 1994, tive mais oportunidade de jogar. Nessa partida com o Corinthians, ganhamos de 3 a 0. Quem jogaria era Adriano e Sandro. Mas Adriano não jogou porque estava com uma pequena frieira”, lembra, aos risos.

Junto à sorte, Lima aliou a competência. Ele diz que fez uma boa partida e chamou a atenção naquela partida de pessoas ligadas ao Fluminense. “Jeferson (goleiro que também jogou no Sport) acabou me indicando. O Fluminense precisava de um zagueiro e, depois, eu me transferi para lá”, declara.

O zagueiro que parou Romário
Em 1995, Lima foi figura frequente nos holofotes da imprensa carioca. O Estadual daquele tinha como principal estrela Romário. O Baixinho havia acabado de levar o país ao tetracampeonato mundial. Era considerado o melhor atacante do mundo. Ainda desconhecido, Lima teve a missão de encarar o atacante em quatro oportunidades.  Parou o número 11 do Flamengo em três partidas. Apenas na última, Romário marcou um gol. No entanto, o Fluminense saiu de campo campeão com o histórico gol de barriga de Renato Gaúcho.

“Isso foi fundamental para a minha carreira profissional. Cheguei no Fluminense como reserva. Teve um coletivo que o zagueiro se machucou e eu acabei entrando. O treinador era Joel Santana. Fui bem no jogo. Pouco depois, teve a primeira partida com o Flamengo. Foi um jogo para 120 mil pessoas. Era muita pressão, mas, quando entrava em campo, procurava me concentrar”, afirma. “Depois, vieram me perguntar se foi sorte. Mas veio o segundo e o terceiro jogo e ele não fez gol”, acrescenta.

Álcool, acidente e mudança de vida
Depois de defender o Fluminense e sair em baixa ao não recuperar o mesmo nível no futebol após uma contusão no púbis, Lima se transferiu para Belo Horizonte. Na capital mineira, vestiu a camisa alvinegra do Atlético, em 1998. Segundo ele mesmo afirma, ainda costumava ter uma vida sem limites fora do gramado. Bebia e farrava com frequência. Até que um acidente de carro mudou o rumo de sua vida.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
“Tinha uma vida desregrada. Era balada e bebida. Pensava em ser jogador para ter muito dinheiro, bebida, mulher e carro do ano. Pensava em satisfazer o desejo da carne, como se diz”, revela. “Em uma dessas saídas, estava embriagado, sobrei em uma curva e bati. Sai do carro sem ter um ferimento sério. O carro teve perda total. Olhei para o céu e pedi para sair dessa vida. Desde então, passei a ter a Bíblia como minha bússola”, acrescenta.

Tricampeão no Náutico
Renovado, Lima voltou a Pernambuco em 2001 para defender o Náutico. De cara, conseguiu o bicampeonato (2001 e 2002) e caiu nas graças da torcida alvirrubra, criando grande vínculo com o clube que atravessara um longo jejum. “Foi muito bom o período que pasei no clube. Não tenho do que reclamar. Foram muitas amizades”, declara. Em 2003, o ex-defensor foi defender o Paysandu por falta de pagamento dos salários.

Em 2004, porém, voltou ao clube da Rosa e Silva para se sagrar campeão novamente. Na final, contra o Santa Cruz, Lima, que era o capitão da equipe, lembra de um episódio curioso - que já foi contado nesta sessão pelo lateral Marquinhos. O ônibus do Náutico quebrou, e os jogadores tiveram que ir de carona para o jogo. “Eu dava a mão, perguntava se tinha vaga e colocava os jogadores no carro. Depois, que todo mundo foi para o estádio, eu acabei sendo o último”, conta.

Por onde Anda?
Depois de ser campeão no Timbu, Lima ainda teve uma passagem pelo Ypiranga. Fez parte do time que, por pouco, não chegou à final da competição. Isso porque Júnior Amorim perdeu o histórico pênalti. “Infelizmente, aquilo aconteceu. Mas o projeto foi cumprido. Ficamos entre os quatro”, afirma.

Em seguida, Lima passou por clubes de menores expressões e sofreu com a falta de estrutura e de pagamento. Assim, resolveu parar em 2006. Hoje, faz trabalhos para a igreja que frequenta e vive no bairro de Prazeres.
Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

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