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Com herança futebolística de ouro, Joãozinho deixou sua marca no Santa Cruz

Atacante ainda sonha em voltar a vestir a camisa coral e faz lobby para retorno

postado em 15/01/2013 10:35 / atualizado em 15/01/2013 22:16

Rafael Brasileiro /Diario de Pernambuco

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Ser filho de um grande jogador não é nada fácil. E quando se decide seguir a carreira do pai mais ainda. E com João Soares de Almeida Neto não foi diferente. Em um primeiro momento, não é possível ligar este nome ao atleta, mas se falamos o apelido fica mais fácil. Com mesmo nome do pai, Joãozinho saiu do Cruzeiro para o mundo. E no Santa Cruz teve uma passagem rápida, mas marcante. Ao menos para ele mesmo.

Com a sombra do pai, que foi campeão da Copa Libertadores com o time celeste de 1976, Joãzinho despontou como promessa da base da Raposa. Porém não foi lá que ele se destacou. Após boas exibições pelo Ipatinga e tendo jogado a extinta Copa dos Campeões pelo time que o revelou, o promissor atacante chamou a atenção de Ricardo Rocha, técnico do Santa Cruz na época.

Estreia adiada por Federação Mineira


Joãozinho tinha um acordo de empréstimo com o Ipatinga na época que o Santa Cruz o procurou e sua estreia com a camisa tricolor teve que ser adiada por conta de um período de recesso obrigatório imposto pela Federação Mineira de Futebol. O atleta só pode estrear diante do CSA-AL no dia 7 de fevereiro de 2001. E a confiança, que sempre foi um dos pontos fortes do atleta, já apareceu antes da estreia. "Estou bastante ansioso para essa partida. Na verdade, eu preferiria estrear jogando aqui em Recife, mas não tem problema e vou dar tudo para marcar meu primeiro gol pelo Santa Cruz já na estreia ", disse Joãozinho. O resultado não foi dos melhores, já que o clube coral perdeu, mas os melhores dias do atacante ainda estavam por vir.

Joãozinho confidenciou que na época todos queriam jogar no Santa Cruz. Era a época de estabilidade coral. “Quando eu vim pro SantaCruz todo mundo queria jogar no Santa Cruz. Não tinha problema de pagamento de salários como hoje. O clube estava bem. Estava na primeira divisão. Também tinha a Copa do Nordeste que era um sucesso na época”, contou o atacante. Duas semanas depois da sua estreia Joãozinho viveria uma das melhores semanas do clube nos últimos anos. Com vitórias sobre o Náutico (2 a 1) pelo Campeonato Pernambucano, no dia 19 de fevereiro, em plena segunda-feira, e outra sobre o Sport (1 a 0) dois dias depois, em partida válida pela Copa do Nordeste, começava a surgir uma dupla de ataque que daria o que falar.

Na partida contra o Timbu, o autor dos dois gols foi Carlinhos Bala. O atacante recém promovido da base entrou na partida, incendiou o jogo e virou xodó. Nesta partida Joãozinho terminou a partida de cabeça enfaixada, após uma pancada sofrida (veja vídeo). Depois de alguns jogos juntos no comando do ataque, a dupla já era adorada pela massa coral. “Quando fiz dupla com o Carlinhos Bala a torcida fez a uma música pra gente. Era uma equipe muito boa.”

O Auge


Em sua passagem pelo Tricolor do Arruda Joãozinho marcou 20 gols. 19 apenas nos cinco primeiros meses que esteve em Recife. “A nossa fase estava muito boa. O grupo era unido e com a tranquilidade que a diretoria nos dava, o trabalho estava fluindo nem”, contou. Porém após algumas derrotas, para times mais fragéis, o técnico que o trouxe para o clube perdeu o emprego.

A saída de Ricardo Rocha prejudicou o clima na Repúblicas Independentes do Arruda, mas o elenco soube reagir. Logo na estreia, o novo técnico, Ferdinando Teixeira, teria um grande desafio. Encarar o Sport na Ilha do Retiro. E quis o destino que Joãozinho desse uma força ao novo treinador. O gol da vitória de 1 a 0 sobre o rival foi com um gol de cabeça do atacante, que dizia não saber cabecear. “O futevôlei do Acaiaca que me ajudou a fazer aquele gol”, contou aos risos. “O Nilson recebeu um cruzamento e escorou de cabeça. Só tive que empurrar. O Zetti entrou com bola e tudo e vencemos o jogo.”

Joãozinho ainda teve outros jogos marcantes no Arruda. A vitória sobre o poderoso Grêmio, na segunda fase da Copa do Brasil foi um deles. Com o gol do atacante, o Santa Cruz venceu os gaúchos por 1 a 0, mas perdeu na partida de volta por 3 a 1.


A crise tricolor

Além da saída de Ricardo Rocha, os salários começaram a atrasar no Arruda e o desânimo tomou conta do grupo. A perda do Pernambucano para o Náutico e a desclassificação da Copa do Nordeste ainda na primeira fase complicaram ainda mais a situação tricolor. Entrando no Brasileiro como candidato ao rebaixamento, o time era bastante diferente do que começou o ano.

Joãozinho contou que um dos motivos para o rebaixamento foi o entra e sai de jogadores. “Depois que o Ricardo saiu as coisas desandaram. O Ferdinando era um cara bacana, mas tivemos problemas de pagamento e entrou e saiu muita gente. Foram poucos que deram certo. Um deles foi o Grafite”, explicou.

A crise tricolor levou junto a boa fase de Joãozinho. Os gols que forma marcantes no primeiro semestre desapareceram e ele só marcou mais um no Brasileiro. A partida contra o Flamengo no Arruda foi a última em que o atacante balançou as redes. Neste jogo Luizinho Vieira marcou o gol mais bonito do Brasiileirão, mas quem deu a vitória ao Santa Cruz foi o atacante que veio do Cruzeiro. Com uma arrancada do meio de campo, em um gramado totalmente encharcado, Joãozinho levou a bola até a meta adversária, driblando adversários e as poças d’água.

Depois do rebaixamento, o atacante retornou ao Cruzeiro após o empréstimo e nunca mais retornou ao clube.

Brunara Ascêncio / Noroeste / Divulgação
Hoje em dia


Com 15 clubes no currículo, o atacante está no Noroeste de São Paulo onde irá jogar a Série A2 do Campeonato Paulista. Com 33 anos, e ainda em forma Joãozinho não esquece da cidade e da torcida que o recebeu tão bem. “Eu falo pro pessoal que não conhece o Santa Cruz que não é só time que está na Série A que tem torcida grande. Eles nao tem noção do que é a torcida do Santa Cruz. É um time grande com uma torcida fantástica. O Santa é o que é pela torcida”, elogiou o atacante.

Joãozinho ainda confidenciou que tem o sonho de voltar ao Tricolor do Arruda. “Ainda sonho em vestir camisa do Santa Cruz novamente. Quem sabe se eu me destacar aqui eu não ajudo a tirar o clube da Série C?”, questionou o atleta. Além de contar o seu desejo ele ainda fez lobby para um futuro retorno. “ Tenho 33 anos, mas estou em forma. Estou no nível de todo mundo. Mesmo sendo o mais velho do grupo estou no nível de todos os meninos daqui.

Além de ainda estar na ativa Joãozinho também tem investido nos negócios. Proprietário de um restaurante em Salvador, o Join Steak Bar, ele contou que ainda mantém contato com os antigos companheiros do clube. O zagueiro Alex Pinho e o atacante Nílson são alguns dos que ele tem sempre conversa. Retornando futuramente ou não, Joãozinho ainda guarda um carinho enorme pelo clube. “Estou torcendo pelo Santa Cruz voltar a ser esse time forte. Fiquei triste pelo momento, pois ele não merece. A torcida não merece isso. Queria dar os parabéns ao torcedor que nunca abandonou o time. Que a torcida continue assim”, exaltou.

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