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Hoje dirigente, Gil Baiano fala do título pernambucano de 2004 pelo Náutico

Ex-meia alvirrubro, no entanto, guarda ainda mágoas com a gestão do clube na época em que esteve no Eládio de Barros Carvalho

postado em 14/05/2013 06:00 / atualizado em 20/03/2015 15:57

Yuri de Lira /Diario de Pernambuco

Arquivo Pessoal
O técnico Zé Teodoro montou o time do Náutico campeão pernambucano de 2004 com retoques de minúncia. Para cada posição, um atleta escolhido a dedo. Às vésperas do início da competição, o comandante precisava ainda de um jogador para organizar o setor de meio-campo. O treinador queria alguém experiente. Rodado. Com certa bagagem. Ao mesmo tempo, dentro de um orçamento mediano. A opção imediata para "maestro" foi Gil Baiano, dono de uma canhota habilidosa e potente. Já havia defendido clubes como Bahia, Vitória, Internacional e Goiás. Foi campeão da Copa do Brasil de 1999 pelo Juventude e vice-campeão da mesma competição, em 2002, pelo Brasiliense. O Timbu, portanto, resolveu contratá-lo.

Foi um tiro certeiro de Zé Teodoro e da diretoria. Gil Baiano, à época no alto dos seus 32 anos, acabou sendo uma peça fundamental da equipe alvirrubra na conquista daquele estadual. Ele ficou fora da final, contra o Santa Cruz, no Arruda. Isso, porém, não apagou toda a sua contribuição dada na campanha daquele título.

Atualmente

Gil Baiano pendurou as chuteiras no CSA de Alagoas, duas temporadas após deixar o Náutico. Durante esse intervalo, jogou pelo Treze, sendo bicampeão paraibano em 2005 e 2006. Identificou-se rapidamente com o Galo da Borberema. Depois da aposentadoria, voltou para lá, em 2009, mas na função de gerente de futebol. Como cartola sagrou-se campeão da Copa Paraíba nesse mesmo ano e foi bicampeão estadual nos dois anos seguintes. Permaneceu quatro anos no clube. Há cerca de três semanas, saiu da equipe. "Estou aguardando propostas", relata o ex-meia de 42 anos, que mora em Salvador, na Bahia, estado onde nasceu.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

De fora da final do PE2004
Junto com o lateral-esquerdo Marquinhos e do outro meia Marco Antônio, Gil Baiano dividia a responsabilidade das bolas paradas da equipe do Náutico. Assistia os companheiros de forma eficiente. Imcubido também de organizar o meio-campo, o atleta deu um susto na torcida alvirrubra ao ficar fora da final do Campeonato Pernambucano de 2004. Ele chegou a jogar a primeira partida da decisão, nos Aflitos, onde o Santa Cruz venceu por 1 a 0 - gol de Iranildo, com assistência do já falecido volante Hélder. Entretanto, Gil foi advertido com cartão vermelho pelo árbitro Carlos Costa por conta de uma troca de farpas com o tricolor Djalma, com somente dez minutos de bola rolando, e acabou sendo suspenso por 120 dias pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PE). Golpe duro para o Timbu.
 
"Foi horrível ter que ver tudo de longe por causa de uma besteira. O Djalma era o meu marcador individual e acabamos nos desentendendo. Por causa disso, praticamente não joguei nenhuma das duas decisões. Participei de toda a campanha e, no final das contas, assisti a quase tudo das arquibancadas", lembra. "Como um dos mais experientes e um dos líderes do grupo, eu tentava dar o meu apoio aos outros atletas nos vestiários", complementou.

Almir Sergipe o substituiu e deu conta do recado. Vitória por 3 a 0 sobre os corais do técnico Péricles Chamusca, fora de casa, e comemoração do título no território do rival. "Foi uma emoção muito grande ter sido campeão".

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Gratidão e decepção com o Náutico
Gil Baiano ficou no Eládio de Barros Carvalho até a Série B de 2004. Após o Brasileirão, no entanto, não renovou contrato com o clube. Foi para o Joinville, de Santa Catarina. Queria ter permanecido no Alvirrubro. Segundo o ex-meia, a diretoria da época o elegeu como "bode expiatório" para o fracasso na campanha da Segundona daquele ano, em que o Náutico, após ser vice-líder da primeira fase, foi eliminado em um grupo formado por Bahia, Avaí e Marília. "Me elegeram para colocar a culpa na eliminação. Aquela gestão era altamente incompetente. Atrasava salários e escolhia os jogadores que seriam pagos", dispara. Quanto ao clube em si, contudo, Gil Baiano é só elogios. "Gosto muito do Náutico. Fui muito feliz aí. As minhas críticas são só em relação a quem geria o clube. Torço muito até hoje e fiz amizades como Kuki, Jorge Henrique e Marco Antônio", pontua.

Acusações de agressão à mulher
Longe dos gramados e da vida de cartola, um episódio marcou a vida de Gil Baiano no ano passado. Logo ganhou destaque na imprensa nacional. Em julho do ano passado, ele foi acusado de morder o rosto de uma mulher de 25 anos durante uma suposta briga. Em seguida, chegou a ser preso em flagrante na sua casa em Campina Grande, mas pagou uma fiança de R$ 1.866 para ser liberado. De acordo com a ocorrência registrada, o ex-jogador teria mordido o rosto da jovem. A Delegacia da Mulher instaurou inquérito para investigar o caso. O ex-atleta, porém, não comentou a situação.