Perto de deixar o Cruzeiro, Roth diz: "torcida sabe quem não deve continuar"

Direto, descontraído, irônico e sem papas na língua. A entrevista coletiva de Celso Roth nesta quarta-feira demonstrou que as últimas semanas do treinador na Toca da Raposa serão transparentes. Em 35 minutos diante dos jornalistas, o gaúcho comentou sobre vários assuntos de forma direta e garantiu que a maior parte da torcida celeste não gostaria de sua saída do clube.

“O que eu tenho encontrado na rua é o contrário. Boa parte da torcida me diz o contrário. Sabe quem não deve continuar no Cruzeiro... (sem citar nomes) e diz que eu devia permanecer. Sabendo do momento difícil do Cruzeiro, eu escolhi vir para cá. A todo o momento a gente está aprendendo. A gente sempre acaba aprendendo. Não tenha dúvida que aprendi muito dentro e fora do campo".


Sem revelar quem deveria sair da Raposa, Celso avaliou a sua situação na passagem pelos times mineiros. Em duas ocasiões no Atlético e agora no Cruzeiro, o comandante não teve o vínculo renovado e deixou as equipes ouvindo as respectivas diretorias prometerem mais investimentos nas temporadas em que ele não continuaria no comando.

"Em 2009 e em 2003, eu trabalhei no Atlético e tive boas campanhas. O clube caiu em 2005, depois que sai de lá. Em 2009, eu tinha contrato assinado, mas o presidente não teve a oportunidade(pausa) de conversar comigo. Mas agora estou tendo a oportunidade no Cruzeiro. Aqui, nós já conversamos antes (risos). O presidente do Cruzeiro é fantástico (ironia). Espero que não seja característica do mineiro, que tem tudo na mão, está tudo claro e não sabe aproveitar. Veio o dinheiro em 2010 (Atlético), com o treinador (Luxemburgo) que trouxe a sua equipe,e deu no que deu. Agora, o Cruzeiro fez um campeonato regular e até foi líder com um time que perdeu para duas equipes da Série B (Mineiro e Copa do Brasil). Agora tem esse discurso que ano que vem terá mais investimento, mas não estarei aqui”, afirma o treinador.


Numa tarde inspirada, Roth não poupou o discurso da imprensa sobre o mercado brasileiro e sobrou até para os técnicos europeus. “Estou com 30 anos de carreira e desde que eu comecei dizem que o futebol nacional está nivelado por baixo. Eu não compactuo com essa opinião. Temos um problema financeiro sério. Somos formadores de jogadores. O formador não pode se equiparar ao que seleciona jogadores. Países que buscam os melhores da América do Sul, África, Ásia e outros. Aí é tranquilo ser treinador. Aí a gente vira Sir. Sir fulano de tal. É o Sir ciclano de tal. Agora é o Sir Roth (risos). O treinador daqui trabalha com os que ficaram na base e na foram para a Europa, os profissionais sem mercado lá e os que bateram e voltaram. E a gente é cobrado por Sir”, finalizou.