Futebol Nacional

PE2013

O peso do apito

Com o número de cartões recebidos como critério de desempate na semifinal, aumenta a responsabilidade dos árbitros

postado em 06/01/2013 12:37

Bernardo Dantas/DP/D.A Press
Semifinal do Campeonato Pernambucano. O placar ainda aponta 0 a 0, quando sai o primeiro cartão amarelo. Jogador do time A punido. Eufórica, a torcida do time B comemora como se fosse gol. Atitude compreensível. Naquele instante, o time B acaba de sair na frente. O próximo cartão também será motivo de festa se o primeiro gol demorar a sair. Não por acaso. O número de cartões – primeiros os vermelhos e, se necessário, os amarelos -, será o primeiro critério de desempate em caso de dois resultados idênticos nas semifinais.

A polêmica decisão de não valorizar a melhor campanha e abdicar da disputa de pênaltis tem uma justificativa oficial: coibir a violência dentro de campo. Uma sugestão do departamento técnico da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) acatada pelos clubes. Com ela, aumentou e muito o peso da responsabilidade sobre os árbitros. Se em 2012, a pressão em cima dos homens do apito ficou quase insuportável – com três árbitros punidos nas quatro primeiras rodadas – imagine agora, quando um simples cartão amarelo pode eliminar ou classificar uma equipe.

A reportagem do Superesportes abriu o debate sobre esse ponto específico do novo regulamento do Pernambucano. Ouviu especialistas. A começar pelo novo presidente da Comissão Estadual de Arbitragem (Ceaf-PE), o ex-assistente Fifa Erich Bandeira. Que garantiu não ter sido consultado antes da elaboração do regulamento, mas evitou tecer críticas.

“Não é papel da arbitragem interferir ou participar da formatação de qualquer regulamento. Nosso dever é orientar os árbitros da melhor maneira para que eles possam aplicar a regra e nada mais. Independentemente do regulamento”, afirmou. “Todos aprovaram. A federação e também os clubes. Então, não cabe a nós questionar”, completou o sucessor do ex-presidente da Ceaf Chico Domingos, que permanece na comissão como membro consultor.

Na teoria, o discurso de combate à violência nos gramados é um escudo eficiente para aparar as críticas. Na prática, porém, é impossível fechar os olhos diante do risco iminente de uma exposição excessiva dos árbitros na reta final do campeonato. Principalmente depois de um ano tão complicado para a arbitragem pernambucana como foi 2012.

O novo regulamento

Primeiro turno

Participam apenas nove dos 12 clubes: Náutico, Central, Porto, Ypiranga, Belo Jardim, Pesqueira, Petrolina, Serra Talhada e Chã Grande. Os três representantes do estado na Copa do Nordeste estão fora: Salgueiro, Santa Cruz e Sport. Serão oito rodadas com os nove clubes jogando todos entre si apenas uma vez. O campeão garante vaga na Copa do Brasil.

Segundo turno

A pontuação será zerada e os 12 clubes jogarão todos entre si apenas uma vez. Os quatro melhores avançam às semifinais.

Octogonal

Reunirá os oito eliminados no segundo turno e definirá tanto os dois rebaixados quanto a posição final de cada um. A pontuação será zerada e todos jogarão entre si apenas uma vez.

Semifinais

Levando-se em conta apenas os resultados do segundo turno, o cruzamento será o mesmo dos últimos anos: 1º x 4º e 2º x 3º. O saldo de gols e os gols marcados na casa do adversário seguem como primeiros critérios de desempate, em caso de uma mesma pontuação. Se houver dois resultados idênticos, o menor número de cartões vermelhos e, se necessário, amarelos, definirá o finalista. Se o empate persistir, a decisão do finalista será na “moedinha”.

Finais

Na decisão, não serão levados em conta o saldo de gols ou os gols marcados na casa do adversário. Apenas a pontuação. Em caso de dois empates ou de uma vitória para cada lado, será realizado um jogo extra em campo neutro - muito provavelmente na Arena Pernambuco. Desta vez os cartões nada decidem. Se persistir o empate no tempo regulamentar, o título sai nos pênaltis.