Futebol Nacional

OLINDÃO

Estádio Grito da República, em Olinda, sofre com sucessivos adiamentos e lixo nos entornos

Obra segue a passos lentos; Prefeitura sequer deu previsão de inauguração do estádio

postado em 23/11/2015 11:44 / atualizado em 23/11/2015 12:57

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Nando Chiapetta/DP/DA Press
Em abril de 2014, o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), havia prometido, que em dezembro daquele ano, desceria de helicóptero com o papai noel no estádio Grito da República, no bairro de Rio Doce. Seria uma dupla comemoração: a celebração do Natal das crianças das escolas municipais em um estádio novinho em folha. As obras, contudo, não ficaram prontas a tempo de que o alcaide cumprisse sua promessa. Um ano depois, o bom velhinho ainda não poder pousar para a alegria dos pequenos olindenses. Isso porque o brado do equipamento esportivo segue engasgado. Que é o mesmo que dizer que o estádio - cuja última previsão de conclusão era dezembro de 2015 - ainda não ficou pronto e sua inauguração, agora, não tem data definida.

A saga do Grito da República é longa. E marcada pelo adiamento. Adiamentos, para ser mais preciso. Anunciado em 2008, ainda na gestão de Luciana Santos, o estádio tinha previsão de inauguração em dezembro de 2012, a tempo de servir como centro de treinamento para as Copas das Confederações e do Mundo. Com o prazo estourado, o compromisso era entregar o estádio em abril, a tempo do Mundial. Entretanto, após 22 meses de obras paradas, a Copa do Mundo passou e com o segundo adiamento, veio, também, a segunda promessa. De dezembro de 2014 não passaria. E com a inauguração, o tal comprometimento público de Renildo Calheiros, registrado em vídeo oficial da prefeitura: papai noel de helicóptero.

Nem papai noel, nem helicóptero, muito menos estádio. O grito continua entalado e vai acumulando atrasos. Em agosto deste ano, quando questionado em entrevista ao Superesportes, o secretário executivo de obras do município, João Batista, havia assegurado: “nós estamos aqui ratificando que vamos concluir o estádio até o fim do ano. A meta da gente é até o fim do ano estar com o estádio concluído.” Para isso, todavia, seriam necessários os cumprimentos de algumas etapas, como a colocação do gramado, instalação da cobertura da arquibancada central e a instalação dos postes de iluminação e refletores.
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Na última segunda-feira, 16, a reportagem do Superesportes visitou as obras. E o que viu foi que todos os prazos estipulados, para cada uma das etapas essenciais à conclusão da construção, foram descumpridos. Nada estava pronto. O gramado, que deveria ter sido colocado em outubro, ou seja, em novembro já era suposto estar verde, não passava de um grande campo de areia (uma evolução, se comparados aos montes de areia em agosto). De resto, nem sinal da cobertura da arquibancada central ou dos alicerces para a instalação dos postes de iluminação.

Desde o dia 5 de novembro a reportagem tentou, sistematicamente, contato com a secretaria de obras. Primeiro para poder fazer uma visita ao estádio acompanhado por algum responsável pela obra. Esgotada tal expectativa, mantive-se a busca por uma entrevista com alguém responsável pela Secretaria de Obras, que pudesse esclarecer não à reportagem, mas aos cidadãos olindenses acerca de mais um adiamento da inauguração do Grito República. Esforço em vão. Até o fechamento desta matéria, no dia 20 de novembro, não foi possível falar diretamente com alguém ligado à prefeitura de Olinda. A Secretaria de Comunicação, entretanto, enviou uma nota, por email. Seu conteúdo, pode ser conferido mais abaixo.

As queixas de sempre
“Boa tarde senhor, tudo? Somos do Diario e queríamos fazer algumas fotos do estádio. Poderíamos entrar no seu apartamento, por favor?”. Assim se iniciou a conversa de nossa reportagem com seu Eurico, morador do conjunto residencial vizinho ao que vai ser o Grito da República. Pedido necessário, uma vez que - a princípio - para entrar na obra é preciso estar acompanhado por alguém da secretaria de obras (o que não foi possível, não por falta de tentativas).

Enquanto as fotos eram feitas, o morador ia falando. Desde os problemas iniciais da construção, passando pelos transtornos do período em que a obra esteve abandonada, até os inconvenientes que persistem. Por exemplo, o mau cheiro do lixo que ocupa o cenário por trás do estádio, tomando o canal na avenida México. E a falta de um muro fechando o interior das arquibancadas, o que permite que usuários e traficantes de drogas sigam utilizando o local, bem como ainda exista a prática de atos libidinosos.


Tal prática só é possível graças à combinação da falta de um muro com a escassez de vigilantes cuidando da obra. Ao sair do conjunto residencial, a reportagem resolveu dar a volta por trás do estádio. E conseguiu, sem qualquer oposição, entrar em sua área interna. Percorrendo boa parte da obra sem ser importunado por cerca de 15 minutos. Até que latidos denunciaram a presença estranha. Os cães alertaram um dos vigias - são apenas dois por turno -, que foi verificar o que se passava.

Questionado se sabia o porquê do atraso na obra, o funcionário argumentou que havia a greve dos trabalhadores da construção civil. Lembrado de que a paralisação havia iniciado apenas naquele dia (16 de novembro) e, portanto, não justificava o não cumprimento da promessa estabelecida em agosto, ele se limitou a dizer que não estava autorizado a falar com a imprensa. Aparentemente, em Olinda, o Grito da República é assunto que deve ser silenciado.

As desculpas de sempre
Após 15 dias de tentativas de entrevista com a secretária de obras de Olinda, Hilda Gomes, o município se limitou a enviar uma nota por email. Em seu esclarecimento, a Secretaria de Comunicação repetiu algumas das desculpas que têm se repetido ao longo dos últimos anos como o “período de chuvas” e “a readequação no projeto de iluminação do Estádio”. Desta vez, contudo, houve uma inovação. A Prefeitura aludiu ao argumento da “crise financeira” para justificar o descumprimento das metas estabelecidas em agosto, bem como se referiu à greve na Caixa Econômica Federal. Por fim, garantiu que a obra vai ser retomada assim que a greve dos trabalhadores da construção civil seja encerrada. Confira, abaixo, a nota na íntegra.

Posicionamento da Prefeitura Municipal de Olinda
"A Prefeitura de Olinda informa que a construção do Estádio Grito da República, em Rio Doce, segue com o início da instalação da rede elétrica e serviços no campo principal e na área externa que ficará disponível à população. Devido à crise financeira que tem atingidos estados e municípios de todo o país, inclusive em regiões de maior poderio econômico que a de Olinda, a obra sofreu uma desaceleração em seu ritmo de trabalho. Outros atrasos se deram por conta do período de chuvas, a readequação no projeto de iluminação do Estádio e uma greve na Caixa Econômica Federal, responsável pelo repasse de recursos para a obra. Mesmo assim, até a semana passada, mantínhamos uma equipe de profissionais no canteiro de obras dando continuidade ao que era possível realizar dentro das limitações financeiras do atual cenário econômico nacional. Contudo, no final da semana passada, o setor da construção civil deflagrou uma greve sem perspectivas de data para retorno. Assim que os trabalhadores da construção civil encerrarem a greve, retomaremos as intervenções no Estádio.
Qualquer dúvida estamos a disposição!
Atenciosamente,
Secretaria de Comunicação de Olinda”

Os prazos
EM MARÇO

maio
colocação do gramado

junho/julho
instalação da cobertura da arquibancada central

julho/agosto
instalação dos postes de iluminação e refletores

agosto/setembro
inauguração do estádio

EM MAIO


junho
colocação do gramado

junho/julho
instalação da cobertura da arquibancada central

julho/agosto
instalação dos postes de iluminação e refletores

fim de setembro
inauguração do estádio

EM AGOSTO

fim de outubro
colocação do gramado

a partir de setembro
vai ser iniciada a instalação da cobertura da arquibancada central

fim de novembro
instalação dos postes de iluminação e refletores

20/25 de dezembro
inauguração do estádio

NOVEMBRO

Por email, a Secretaria de Comunicação de Olinda não informou o novo prazo para a conclusão da obra.

CUSTOS

R$ 7,1 milhões
custo estimado em 2008

R$ 10.545.712,63
custo total estimado até maio de 2015

R$ 10.415.468,95
custo total atualizado em agosto de 2015

R$ 7,3 milhões
a cargo do governo federal, através do Ministério do Esporte

R$ 3.115.468,95
contrapartida do município de Olinda